quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Bicampeão, Juca Bala relembra as piores 'vacas' no Rally dos Sertões

Presente em 18 das 19 edições do rali, o experiente piloto fala dos riscos de acidentes e conta boas histórias sobre a maior competição off-road do Brasil

Por Breno Dines Teresina, PI
A 19ª edição do Rally dos Sertões se aproxima do fim e até a oitava das dez etapas já tiveram 22 baixas entre os 148 veículos que largaram em Goiânia. Na maioria delas, as vítimas foram da categoria motos: 12 no total. Juca Bala não faz parte desta estatística neste ano, mas o piloto que mais participou do principal rali do Brasil já fez e tem boas histórias para contar sobre as 18 edições nas quais esteve presente.
Juca Bala, no Rally dos Sertões 2011 (Foto: Divulgação)Pelo 18º ano, Juca Bala acelera com sua moto no Rally dos Sertões (Foto: Divulgação)
Da primeira, em 1993, até a edição atual, o bicampeão do Sertões (93 e 96) já atroplelou gado e viu sua moto pegar fogo, mas conta que um acidente no ano passado foi o mais perigoso. Ele caiu em um buraco que pegou de surpresa não só ele, como outros pilotos na competição.
- Eu estava passando por um trecho de três curecas (caveirinhas que indicam perigo) da planilha, quando vi uma cratera à minha frente e não deu tempo de desviar. Acho que era um formigueiro que secou. Fui para dentro, quando vi que já tinham outros dois pilotos lá. Eu quase matei o polonês que estava desmaiado. Eu apaguei na hora também por causa da dor e, quando acordei, estava com os dois braços quebrados - contou Juca, de 46 anos.
Juca Bala, no Rally dos Sertões 2011 (Foto: David Santos Jr. )Bicampeão, Bala torce pela vitória de Zanol
(Foto: David Santos Jr. )
No primeiro acidente da atual temporada, Juca foi o primeiro a prestar socorro ao piloto Tiago Fantozzi. Uma prática comum no dia a dia do rali, já que a ajuda às vezes pode demorar a chegar por conta do terreno e das distâncias percorridas.
- O Tiago caiu pouco depois de me ultrapassar. Existe não só um código de ética como uma regra em que você é obrigado a prestar socorro ao seu adversário. Se ele falar que está tudo bem, você segue em frente - explicou Juca.
O resgate é feito pelo ar, com dois helicópteros. Existe um avião que monitora a competição e, assim que o acidente acontece, ele avisa para as equipes de resgate a localização, quando isso não é feito pelos próprios pilotos e equipes de apoio em terra.
- Quando fiquei preso no buraco em 1999, o Marcão (organizador do evento) me passou um rádio avisando que um carro tinha batido feio e que o piloto precisaria ser levado para o hospital imediatamente de helicóptero. Eu disse que estava bem e para me buscarem depois - lembrou.
Desde o primeiro rali, em 1993, Juca elege como o pior acidente da carreira um no Dakar de 199:
- Eu atropelei uma vaca a mais de 140 km/h. A moto entrou na vaca e eu fui arremessado, rolando morro a baixo. Depois de algum tempo, sem conseguir me mexer, ouço o barulho de galho quebrando e umas pessoas falando. Era a alemã Juta Kleinschmidt e o seu navegador, que pararam o carro e vieram me socorrer.
Longe das primeiras posições na atual temporada, Juca torce por uma vitória brasileira na chegada em Caucaia (CE), na próxima sexta-feira.
- O nível do Sertões está muito alto esse ano. Está difícil acompanhar os líderes. Torço para que o Zanol vença a disputa, mas o Despres é um tricampeão do Dakar e tem muita experiência - encerrou o piloto, 16º colocado no geral entre as motos.

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