quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Palmeiras vence, mas gol de Jumar classifica o Vasco na Sul-Americana
Verdão abre dois gols de vantagem, mas petardo de ex-jogador palmeirense decreta 3 a 1 e vaga aos cariocas. Torcida sai aplaudindo time de casa

A CRÔNICA
por Diego Ribeiro e Julyana Travaglia
O palmeirense não fala com muito entusiasmo no nome de Jumar, volante que passou pelo clube entre 2008 e 2009 e saiu sem deixar saudades. Pois foi o ex-renegado que, vestindo a camisa do Vasco, tratou de calar o Pacaembu. Talvez amargurado com a canção “Eu tenho medo do Jumar”, criada de forma jocosa, talvez querendo mostrar serviço para Ricardo Gomes, o volante resolveu jogar bem.
Foi dele o gol - num petardo de muito longe, cheio de efeito, deixando Marcos estático - que classificou o time carioca para as oitavas de final da Copa Sul-Americana, na derrota por 3 a 1, na noite desta quinta-feira. A vaga foi obtida no critério de gols fora de casa, já que em São Januário, na partida de ida, o Vasco havia vencido por 2 a 0.
O Palmeiras jogou bem, criou muitas chances e viu o atacante Kleber quebrar um incômodo jejum de dez partidas sem gol. Luan abriu o placar, e Marcos Assunção tentou um suspiro final, mas já no último lance da partida. Fica o consolo de ter agradado a torcida no dia da estreia da nova terceira camisa, listrada em verde em branco em homenagem aos tempos de conquistas dos anos 90. O clube faz aniversário de 97 anos nesta sexta-feira, mas terá poucos motivos para comemorar. Resta a preparação para encarar o Corinthians no domingo, pelo Brasileirão.
A equipe de Ricardo Gomes atuou com seis reservas, sem nomes do quilate de Juninho, poupado para o clássico de domingo contra o Flamengo, pelo nacional. Mesmo assim, endureceu o jogo e segurou a pressão final, diante de um público de 9.993 pagantes (com renda de R$ 291.048).
O Vasco, que já está na Libertadores de 2012 por ser o campeão da Copa do Brasil, enfrentará nas oitavas o vencedor do confronto entre Aurora-BOL e Nacional-PAR, que só será conhecido em 20 de setembro.
Ataque sem medo
Luiz Felipe Scolari armou sua equipe para atacar sem vergonha, sem medo. Ricardo Gomes montou um Vasco para jogar com o regulamento, segurando um pouco mais as ações. Palmeirenses e cruz-maltinos obedeceram rigorosamente aquilo que foi proposto, e por isso os donos da casa começaram bem adiantados, avançando com seis ou sete jogadores e mostrando enorme volume de jogo.
Fora do banco de reservas por opção (está suspenso por dois jogos, mas só no Brasileiro), Felipão viu lá de cima o auxiliar Flávio Murtosa utilizar a todo momento sua área técnica para gritar com os atacantes, pedindo ousadia, objetividade, tudo que pudesse levar perigo ao adversário. Assim foi com Kleber, que perdeu a primeira grande chance, com Valdivia, melhor na raça do que na técnica, e também com Luan.
Logo aos 21 minutos, o volume deu resultado com uma bola que sobrou limpa para Luan fazer 1 a 0 para o Palmeiras, aproveitando rebote de chute de Valdivia. Não fossem os insistentes pedidos de Murtosa, talvez ninguém estivesse ali, sozinho, pronto para arrematar a bola espalmada por Fernando Prass. A ousadia levantou a torcida palmeirense, que pressionou demais o rival e o árbitro Heber Roberto Lopes, alvo de críticas.
Antes recuado, o Vasco resolveu colocar a bola no chão. Tem bons jogadores para isso, mas não os utilizava. Quando Diego Souza passou a participar, a equipe carioca melhorou e ficou mais tempo no ataque. Leandro exigiu uma defesaça de Marcos em chute de curva, consciente, que iria parar no ângulo esquerdo. Não bastasse o perigo lá na frente, o time de Ricardo Gomes soube parar o jogo e usar o tempo a seu favor. A total falta de pressa tirou a paciência dos palmeirenses. Irritado com o “pé no freio” dos minutos finais, Felipão desceu correndo das tribunas para o vestiário. O início promissor não iludiu o técnico, que prometia uma bronca homérica em seus comandados.
maikon leite jumar palmeiras x vasco (Foto: Agência Estado)Maikon Leite enfrenta Jumar: volante acertou chute que deixou Marcos parado (Foto: Agência Estado)
Medo de Jumar?
Mais ligado após a bronca de Felipão, o Palmeiras tentou resolver logo as coisas. Até o volante Chico se lançou, e foi com ele que começou a jogada do segundo gol. O avanço do defensor atraiu a marcação, que deixou Kleber livre na marca do pênalti para completar cruzamento de Luan, logo aos oito minutos. Com o grito engasgado, o Gladiador foi em direção à torcida organizada e comemorou muito, num indício de paz após tantas polêmicas que nortearam seus dez jogos sem balançar a rede.
A torcida explodiu e fez do Pacaembu um caldeirão mesmo sem o estádio lotado. O Verdão continuou em cima, já querendo o terceiro gol e a consagração. Mas aí Jumar apareceu. O volante não se abalou com os 2 a 0 que levavam a decisão para os pênaltis. Aos 12, deixou a vergonha de lado e resolveu arriscar do meio da rua. A bomba fez uma curva tão inesperada que nem Marcos teve reação. O “Santo” ficou só olhando a bola acertar a rede: 2 a 1 no placar, e ducha de água fria após menos de quatro minutos de empolgação.
Depois disso, só desespero. Bola alçada, reclamações sem parar com a arbitragem e nervosismo, muito nervosismo. Começou na arquibancada e chegou ao campo, com o time parando de fazer jogadas pensadas e apostando nas bolas alçadas de Marcos Assunção. E o Vasco na dele, só esperando o tempo passar... No último lance do jogo, foi Assunção quem fez o terceiro, ainda insuficiente para a classificação.
Em meio ao furacão alviverde, os 11 homens de preto eram poços de tranquilidade. E foram eles que comemoraram a vaga na próxima fase. Ao Palmeiras restou o consolo de sair aplaudido pela torcida, em reconhecimento à garra demonstrada. Mas é muito pouco para um grande clube que quer retomar seu caminho de glórias.

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