domingo, 6 de novembro de 2011

Slater bate brasileiros e, após 'mico' da ASP, confirma o 11º título mundial

Americano de 39 anos garante a taça ao vencer os calouros Medina e Pupo

Por GLOBOESPORTE.COM San Francisco, EUA
Foram dois dias de comemoração e outros dois de piadas. Kelly Slater, agora sim, é hendecacampeão mundial de surfe. O 11º título, cancelado depois de um erro de matemática, veio neste sábado com uma vitória sobre dois brasileiros. O americano careca e quase quarentão derrotou Gabriel Medina, de 17 anos, e Miguel Pupo, de 19, e passou às quartas de final da etapa de San Francisco, penúltima da temporada. Os paulistas caíram para a repescagem.
- Talvez agora possamos parar com as piadas. Foi engraçado. Não tenho nenhum sentimento ruim pela ASP ou ninguém. Erros acontecem - disse ele, pouco antes de pegar uma câmera fotográfica e registrar a festa, no palanque.
Kelly Slater conquista o 11º título mundial em São Francisco (Foto: Reuters)Kelly Slater enfim conquista o 11º título mundial (Foto: Reuters)
Era para ter sido o título mais fácil da carreira (1992, 1994 a 1998, 2005, 2006, 2008, 2010 e 2011). Campeão com uma etapa de antecipação e tendo faltado uma delas – em Jeffreys Bay. Em San Francisco, bastaria vencer duas baterias. Fez o dever de casa, em casa, e ergueu o troféu justamente no dia 2 de novembro, no aniversário da morte de Andy Irons, seu maior adversário de todos os tempos.

Mas San Francisco, estreante no calendário, reservaria a ele uma pegadinha. Dois dias depois, o americano foi avisado de que, na verdade, ainda precisaria vencer mais uma bateria. A Associação dos Surfistas Profissonais (ASP) havia errado as contas. E não faltaram piadas. A começar por ele mesmo.

- Peguem aquelas camisetas e bonés de volta – escreveu Slater, referindo-se ao material comemorativo com o número 11.
Andy, ali estivesse, teria entrado na brincadeira também. Talvez um pouco mais ácido.
- Talvez tivesse sido Andy brincando comigo naquele dia - disse o americano.
Na manhã fria deste domingo, Slater chegou a Ocean Beach com duas pranchas sob os braços, ao lado da namorada, Kalani, e de um par de seguranças. No palanque, brincava com o australiano Owen Wright, único surfista que poderia impedir seu título.
De lá, viu o amigo californiano Patrick Gudauskas machucar o pé direito durante a bateria da terceira fase. O cronômetro ainda apontava dez minutos para o fim, mas nem assim o sul-africano Jordy Smith conseguiu virar o duelo.
Slater então pegou sua prancha com três quilhas e correu em direção ao mar. Driblava a multidão, que tentava ao menos tocar no ainda decacampeão. Ainda. Enfrentaria dois brasileiros. No ano passado, em Porto Rico, o deca foi conquistado contra Adriano de Souza, o Mineirinho.

Medina saiu na frente, jogou bastante água nas manobras e assustou com uma nota 6,83. Slater tentou um aéreo de backside, mas errou o pouso. E o mar então entrou em calmaria.
O careca achou uma direita, deu duas rasgadas fortes e então entrou na briga: 6,60. Miguel tentou um aéreo alto, porém não voltou.
San Francisco parecia querer dificultar o caminho dos surfistas. Acabou facilitando o de Slater. Uma esquerda nota 8,07, suficiente para render a ele a liderança. Viu Miguel receber aplausos com duas esquerdas: notas 7,33 e 7,50. E partiu para outra, para o mesmo lado. Deu um floater enorme, teve dificuldade de completá-lo e, logo depois, não segurou a prancha. Os juízes consideraram a manobra completa e soltaram 9,10.
Não me emocionei naquele dia"
Slater
Slater não conseguiu escutar a nota. Não sabia se vencia ou não. Os brasileiros lutaram até o fim. Miguel precisava de 9,67. Gabriel estava em combinação - precisando de mais de um 10,00 -, mas saiu dela com um 7,23. Foi então que o mar voltou a ajudar o careca.

Deu de presente um tubo. Saiu dele, mas a onda não valia. O cronômetro já tinha zerado. Slater saiu da água ainda sem saber as notas. O público, na beira d'água, confirmou: depois do mico, enfim, o 11º título mundial era dele.
- Mandei uma mensagem para a minha mãe dizendo que foi engraçado porque não me emocionei naquele dia - disse.

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