quinta-feira, 15 de março de 2012

Sem lista oficial, interventor convoca sócios do Bahia. Dirigente faz críticas

Diretoria do Tricolor baiano foi deposta na terça-feira, após decisão judicial que anulou as eleições no clube. Presidente em exercício vai convocar pleito

Por Eric Luis Carvalho e Raphael Carneiro Salvador
A saga do interventor do Bahia, Carlos Rátis, em busca da lista de sócios do clube continua. Nesta quinta-feira, o advogado esteve na sede de praia do Bahia, na companhia de duas oficiais de Justiça, em busca de informações. Como não conseguiu, já planeja um próximo passo. O interventor nomeado pela Justiça convocou uma audiência pública para as 16h desta sexta-feira. O encontro será no auditório do Associação Baiana de Imprensa (ABI), no Centro Histórico.
- Como nos informaram que os computadores estão quebrados, vamos ter que chamar os sócios para se apresentarem - disse Rátis.
Com apenas um funcionário do Bahia na sede de praia, as oficiais de Justiça tiveram acesso à sala da administração. Lá encontraram apenas um monitor, sem CPU.
Carlos Rátis, interventor do Bahia (Foto: Reprodução/TV Bahia)Carlos Rátis quer eleições para o conselho até a próxima sexta-feira (Foto: Reprodução/TV Bahia)
Eleições em uma semana
Com a convocação da audiência pública, Rátis pretende realizar logo as eleições para o conselho do clube. A ideia é que os sócios votem no dia 23.
- Queremos resolver essa situação logo. Como o estatuto nos dá prazo para a publicação do edital, acredito que podemos resolver isso até a próxima semana - disse Rátis.
Entenda o caso
Na noite desta terça-feira, o juiz Paulo Albiani Alves suspendeu a eleição presidencial do Bahia realizada em dezembro do ano passado, destituindo toda a diretoria do clube. Com isso, o advogado Carlos Rátis foi declarado interventor no Tricolor.
Esta é a segunda vez que a situação ocorre. No ano passado, por decisão do mesmo juiz, a eleição foi cancelada, e Rátis, declarado interventor através de uma liminar. No entanto, a diretoria do clube conseguiu derrubar a ação, e o presidente Marcelo Guimarães Filho foi reeleito para um mandato de três anos.
Na sentença expedida nesta terça-feira, o juiz determina que Carlos Rátis convoque “eleições para a constituição do Conselho Deliberativo do clube, do Conselho Fiscal e, após isso, para presidente da diretoria para o próximo triênio”.
Enquanto estiver à frente do Bahia, Carlos Rátis terá a remuneração de R$ 60 mil mensais ou valor proporcional ao período em que estiver como interventor. A decisão foi tomada em primeira instância e cabe recurso.
Enquanto busca os meios legais para realizar a eleição no Bahia, Rátis garante que tudo continuará funcionando normalmente no clube, inclusive a realização de pagamentos. O advogado lembrou que a semana é de clássico e disse não querer atrapalhar o dia a dia do Bahia.
marcelo guimarães filho presidente do bahia (Foto: Raphael Carneiro/Globoesporte.com)Afastado, Guimarães Filho diz que decisão prejudica o clube (Foto: Raphael Carneiro/Globoesporte.com)
Diretoria deposta promete recorrer e diz que decisão prejudica o clube
Afastado do cargo de presidente do clube, Marcelo Guimarães Filho não poupou críticas à sentença do juiz Paulo Albiani Alves. Segundo ele, as possíveis irregularidades alegadas pelo magistrado nas eleições do clube não existiram.
- O Bahia sempre agiu de acordo com o estatuto e com base na lei. Isso já ficou provado na primeira decisão da Justiça. Acho que o juiz está com uma impressão equivocada, por isso vamos recorrer – disse o dirigente, demonstrando preocupação com o funcionamento do clube. - A oposição tenta fazer marola e, no fundo, sequer tem fundamentação jurídica para um processo. A decisão da Justiça é esdrúxula. O interventor só está lá para fazer a eleição. Quem assume o resto das funções de presidente?
O dirigente ainda rebateu as críticas de que a lista de sócios do Bahia não é divulgada.
- Nenhum clube do Brasil divulga a lista de sócios. O Bahia é um dos poucos que tem a disposição do torcedor a relação de conselheiros – afirmou.
Guimarães Filho chegou a colocar em dúvida a realização do Ba-Vi do próximo domingo, alegando que os contratos podem não ter validade, mas a Federação Baiana nega a informação e confirma o clássico. Os ingressos para a partida, válida pela 15ª rodada do Campeonato Baiano, já estão à venda.
Desabafo via Twitter
Nesta quinta-feira, Marcelo Guimarães Filho se manifestou via Twitter e mostrou indignação com o problema. Segundo ele, sem diretoria instituida, o clube está parado.
- Quero deixar uma pergunta para reflexão: o interventor fala que quer organizar a parte política do clube e fazer eleições para o conselho e presidência. Alguém tem que perguntar a ele sobre todo o resto. O clube não tem diretoria e presidente. Quem faz os pagamentos dos fornecedores? O clube está parado. Literalmente parado. É um absurdo. Os bancos estão nos procurando pra saber quem responde pelo clube. Tem que procurar o interventor, que se nega (a responder) - disse.
Segundo o dirigente, o presidente em exercício, Carlos Rátis, deve resolver situações como o pagamento do hotel para a concentração dos jogadores.
- Tem que pagar o hotel para concentrar amanhã. Não posso fazer isso, e o interventor diz que nao é com ele. Com quem é, então? Que irresponsabilidade. Não vai concentrar, não? Alguém tem que pagar por isso. Não é possível um prejuízo desse ao maior clube do Nordeste. E se essa situação perdurar por 15, 20, 30 dias? Qualquer pessoa que administre uma empresa, por menor que seja, tem noção do prejuízo ao Bahia. Eu realmente estou indignado. Isso está chegando ao limite do absurdo tamanha irresponsabilidade com o Bahia e sua torcida - desabafou Guimarães Filho.
Oposição diz que luta é por democracia e transparência
Dois grupos de oposição à gestão de Marcelo Guimarães Filho no Bahia, o Movimento Unidade Tricolor e a Associação Bahia Livre, divulgaram nota onde manifestam apoio ao interventor Carlos Rátis. Segundo os oposicionistas, a luta não é pelo poder do clube, mas sim por democracia e transparência.
- A intervenção decretada no Esporte Clube Bahia é resultado da nossa luta, há mais de uma década, por democracia, transparência e honestidade na condução do clube. Não queremos o poder. Declaramos nosso total apoio ao interventor Carlos Rátis para que promova a reabilitação da legalidade e faça a recomposição dos órgãos políticos do Esporte Clube Bahia. Queremos apenas regras claras para quem assume o poder. Não é sério nem respeitável um Conselho eleito em Janeiro de 2012, mas cujos membros são apenas divulgados, parcialmente, sem a relação de suplentes, em março. Que é isso?
Os opositores ainda se mostraram a favor da continuidade de Paulo Angionni como diretor de futebol de clube, e de Paulo Roberto Falcão como treinador.
- Não nos interessa nenhuma solução de continuidade da vida esportiva do clube. Defendemos, pois, a permanência do diretor de futebol, Paulo Angioni, e de toda a comissão técnica, comandada por Paulo Roberto Falcão. Queremos apenas a mudança dos estatutos e o estabelecimento de regras democráticas para a escolha do presidente e do conselho do Bahia.
Jogadores dizem que estão focados no clássico
Questionados sobre a situação politica do clube, os jogadores do Bahia demostraram foco na partida de domingo, mas mostraram descontentamento com o problema.
- É uma situação chata, que esperamos que seja resolvida o mais rápido possível, para trabalharmos com tranquilidade. Mas estamos motivados para o Ba-Vi e seremos 11 guerreiros em campo – disse o capitão Titi.
- Esperamos que se resolva logo e o Marcelinho possa se juntar a nós mais uma vez – disse o lateral Ávine.

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