Torcedor do Vasco, Eduardo da Silva ainda não se vê voltando ao Brasil

Nascido no Rio de Janeiro, atacante mudou-se ainda na adolescência para a Croácia e sequer atuou profissionalmente em seu país de origem

Por Victor Canedo Direto de Gdansk, Polônia

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O vascaíno Eduardo da Silva, por enquanto, vai
continuar atuando longe do Brasil (Agência AFP)

O sobrenome não engana a ninguém: Eduardo da Silva é brasileiro de sangue e origem. Mas o Brasil pouco viu do atacante na Eurocopa 2012. Tendo entrado apenas nos fins das três partidas da Croácia, o jogador encerrou a sua participação com a seleção pela qual é naturalizado na última segunda-feira, na derrota por 1 a 0 para a Espanha, em Gdansk, pelo Grupo C. A eliminação já faz parte do passado para o ex-menino da Vila Kennedy, no Rio de Janeiro. Mas provavelmente não será agora que ele, torcedor do Vasco, voltará a seu país.
O maior temor de Eduardo é a adaptação, por mais irônico que possa parecer. O atacante deixou o Brasil cedo, em 1999. Tinha apenas 17 anos quando se mudou para Zagreb, na Croácia. De lá passou ainda pelo Arsenal, onde ficou marcado pela fratura exposta na perna esquerda, em 2008, após entrada de Martin Taylor, do Birmingham. Ele defende desde 2010 o Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, e tem a companhia de outros tantos brasucas.
– Seria totalmente diferente jogar no Brasil. Primeiro porque nunca passei por clube brasileiro, não conheço a mentalidade. Sei por televisão. Até mesmo o trabalho da mídia é diferente, antes de começar o jogo os repórteres já estão dentro do gramado, querendo a palavra do jogador. Não é um futebol muito físico, é mais técnico. Aqui é diferente, você dribla um jogador e tem sempre três marcando. Não sei como eu me adaptaria – disse.
Perguntado se o Vasco poderia ser um de seus destinos, Eduardo se esquivou.

Eduardo da Silva se mostra animado com a Croácia na Copa do Mundo de 2014 (Foto: AP)

– Tenho 29 anos, nunca se sabe. Quando eu era pequeno... Ainda hoje sou torcedor do Vasco. Mas não fanático como antes. Virei profissional e estou muito longe do Brasil e não tem mais aquele sentimento. Primeiro teria que receber uma proposta para depois pensar.
Eduardo também falou sobre a campanha croata na Euro, o fato de ter amargado o banco de reservas mesmo depois da lesão de Olic e as eliminatórias para a Copa do Mundo no Brasil, dentre outros assuntos. Confira abaixo:

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Eliminação na Eurocopa
Quero dar os parabéns para as seleções espanhola e italiana pela classificação. Antes de começar o torneio, nosso pensamento era conquistar quatro pontos e, dependendo dos outros resultados, tentar a classificação. Mas infelizmente os outros resultados não deram certo. Sabíamos antes que Espanha e Itália eram favoritas do grupo e ao título da Euro. Mas acho que fizemos uma grande campanha, demos o nosso máximo. Está todo mundo de cabeça erguida, viu que foi no mínimo detalhe, nosso treinador deu apoio, estão todos orgulhosos da campanha, foi só falta de sorte. E aquele detalhe pequeno.
Derrota para a Espanha
Esperávamos nossa oportunidade, seguramos o 0 a 0 e tivemos uma grande chance de marcar no segundo tempo, com Rakitic, de cabeça. Se aquela bola entrasse, mudaria totalmente o jogo.
Eliminatórias da Copa de 2014
A Croácia já está há anos no top 10 do ranking da Fifa. Todos na Europa respeitam. Nós somos cabeças de chave nas eliminatórias para a Copa (está no Grupo A, com Sérvia, Bélgica, Escócia, Macedônia e País de Gales). Somos favoritos, mas não vai ser fácil. De qualquer forma, temos grandes possibilidades de classificação.

Eduardo da Silva comemora gol pelo Shakhtar. Ele
se diz bem na Ucrânia (Divulgação / Site Oficial)

Reserva na seleção
Me preparei mentalmente e fisicamente para ser titular. Mas foi uma opção do nosso treinador, bola para frente. Até fui elogiado na fase de preparação, nos amistosos que tivemos antes. Claro que esperava jogar mais, só que faz parte do futebol. O Mandzukic foi o grande destaque, teve a sua oportunidade, mereceu, deu o máximo. A única coisa que me deixa triste é que a equipe não se classificou. Não vale nada se não estamos classificados. Acho que no final das contas, quando é campeão, vice, ou cai antes, agora é que vem a análise.
Futuro na seleção da Croácia
Tem muito tempo ainda para 2014. Meu clube começou a pré-temporada, não sei nem quantos dias terei de férias. Podem ser cinco, dez no máximo... Primeiro temos que classificar para a Copa, teremos um novo técnico, com nova filosofia e até lá tudo é possível. Mas é claro que tenho vontade de estar no Brasil durante o Mundial.
Saída do Shakhtar Donetsk
Faltam ainda mais duas temporadas no Shakhtar Donetsk de contrato. Por enquanto não tem nada (transferências), eles estão satisfeitos comigo, percebi isso. Mas nunca se sabe, a janela fecha em agosto, tem muito tempo ainda.
Jogar fora da Europa
A mentalidade croata é diferente. Não temos muitos jogadores como o Brasil, que tem grandes jogadores na Europa que nem são convocados. Riqueza mesmo. O problema é que se nosso jogador, mesmo que top, for jogar na China, no Qatar, no Japão... A mídia croata olha diferente, até "tira", exclui você da seleção.