sexta-feira, 5 de outubro de 2012


Dinamite prepara vices para se inserir em novo panorama político do clube

De olho no fortalecimento das alianças, presidente anuncia nova estrutura na semana que vem. Ercolino melhora e terá alta para assumir o futebol

Por André Casado e Raphael MarinhoRio de Janeiro
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Roberto dinamite vasco (Foto: Marcelo Sadio / Site Oficial do Vasco)Dinamite reestrutura diretoria com novas alianças
(Foto: Marcelo Sadio / Site Oficial do Vasco)
Passado o furacão que arrastou três vice-presidentes e alguns funcionários de São Januário no mês passado, Roberto Dinamite se organiza, sem atropelos, para finalmente contra-atacar. Apesar de ouvir algumas negativas aos convites para assumir os cargos, a aproximação com pessoas influentes e que tinham origem em outra corrente no Vasco deixa cada vez mais claro o rumo da gestão: estender as alianças para se adequar ao novo panorama político que se desenha no clube. Com dois dos três nomes definidos, o anúncio da nova estrutura da cúpula não passa, espera-se, do fim da semana que vem, em evento para reafirmar a força da situação.
O estado de saúde de Ercolino Jorge de Luca, que aceitou ser nomeado vice de futebol, melhorou nos últimos dois dias e o empresário do ramo alimentício deve ter alta logo. Ele, que é dono de franquia da loja Gigante da Colina, através da empresa Dinamitex, e participou de fundo financeiro em 2010, foi internado por causa de uma crise de diverticulite (inflamação das paredes do intestino grosso) e chegou a ser cogitada a possibilidade de operação, a princípio descartada. É provável que seu retorno ao dia a dia do Vasco ocorra ainda na segunda quinzena de outubro. Seu nome, porém, encontra resistência na oposição também pelo fato de a construtora Leduca, patrocinadora da camisa, ter seus familiares como sócios.
Para o patrimônio, Manuel Barbosa, que já comanda a área como diretor, estaria ao lado de Manuel Santos, que atua no departamento de marketing - mesmo não sendo sua formação profissional -, e foi indicado pelo vice-presidente do setor, Eduardo Machado, há pouco tempo. Está em discussão a criação de uma função batizada como engenharia.
Para as finanças, Jorge Salgado, José Pinto e José Antonio Mourão compõem a relação dos que não quiseram se envolver nos problemas de salários atrasados, dívidas diversas, balanço de 2011 reprovado pelo Conselho Fiscal e contratos supostamente lesivos ao clube, que não estariam sendo fiscalizados e não podem ser revistos imediatamente. Assim, foi levantada a possibilidade de alguém que não é conselheiro - exigência do estatuto - colaborar na pasta e um dirigente responder extra-oficialmente pelo cargo. O vice geral, Antônio Peralta, é uma opção. Os prazos sobrepostos se devem a este impasse interno. 
Além da centralização de poder, que trouxe falta de autonomia, esse é um dos motivos da saída dos dirigentes, que não concordam com a postura adotada por Dinamite. Antes, o mandatário se limitava a delegar as funções, mas resolveu impor vontades em um caminho sem volta e se fazer valer de seu status, se envolvendo em questões de trato diário das pastas que ficaram em aberto, como demissões e contratações de pessoal, gastos e projetos outrora tocados sem sua supervisão direta.
- Estamos preocuparados com o caminho que está sendo trilhado. A rota precisa ser retomada. Assim, chegamos a resultados de sucesso. Ele (Dinamite) afastou as pessoas que queria o bem dele. O modelo de gestão começou a se perder. Pessoas foram desautorizadas e outras, sem expertise, entraram no meio - destacou ex-vice de finanças, Nelson Rocha.
A troca de farpas é evitada pelo presidente, que se limita a comentar sobre os esforços para decidir os rumos da gestão, que vive talvez seu momento mais turbulento. Somente entre 2008 e 2009, com a queda para a Série B, é que algo parecido aconteceu, quando houve a primeira debandada. Entre eles o vice jurídico, Luiz Américo, e o de marketing, José Henrique Coelho, que distribuíram acusações - diferentes das de hoje - posteriormente.
Desmembramento político é inédito
Em cenário inédito, é provável que seis chapas se formem para a eleição de 2014. Até lá, a união de grupos pode acontecer, mas, desde já, os vices dissidentes - Mandarino, Nelson Rocha e Fred Lopes - se articulam para chegar ao consenso sobre quem liderará a futura campanha. Em frentes distintas, Fernando Horta, apoiado por Eurico Miranda, a Cruzada Vascaína, capitaneada por Leonardo Gonçalves, e o MUV observam de perto os problemas enfrentados pela gestão atual, que pode ter o vereador Roberto Monteiro, ligado a Dinamite, ou outro nome que surgiria da corrente que vem ganhando espaço na Colina.
Figuram como consultores da corrente Olavo Monteiro de Carvalho, presidente da Assembleia Geral, e beneméritos como Jorge Salgado e José Carlos Osorio, que também auxiliam diretamente no projeto de reforma de São Januário par receber o rúgbi nas Olimpíadas de 2016. Além deles, o vice jurídico, Aníbal Rouxinol, um dos alvos de protestos em meio ao racha que se instalou, e o diretor geral, Luiz Gomes, ganharam ainda voz mais ativa e participam diretamente das decisões mais importantes do Vasco.

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