segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Para Joe Silva, Weidman está pronto para o Spider: 'Não existe medo nele'

'Anderson já teve problemas no passado com lutadores que o levaram para baixo, e Weidman tem um ótimo wrestling', afirma o 'matchmaker' do UFC

Por Ivan Raupp e Raphael Marinho Rio de Janeiro
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Poucos fãs de MMA que não trabalham nos bastidores do esporte podem dizer que ao menos já ouviram a voz de Joe Silva. Muito menos leu uma entrevista dele, o que é proibido pelo UFC por contrato. Mas o SPORTV.COM conseguiu uma brecha na "regra" e passou a saber mais sobre o que se passa na cabeça do "matchmaker" (casador de lutas) mais famoso do mundo. Ele elogiou, por exemplo, o americano Chris Weidman e afirmou que já o considera "no ponto" para enfrentar Anderson Silva na disputa de cinturão dos médios (até 83,9kg).
- Não sei quantas pessoas no planeta estão prontas para lutar contra Anderson Silva, mas ele (Weidman) quer. Eu te digo que não existe medo naquele garoto. Ele realmente quer essa luta. Anderson já teve problemas no passado com lutadores que o levaram para baixo, e Weidman tem um ótimo wrestling. Ele sabe bater e ainda é muito jovem. Ele tem uma boa luta vindo por aí, e vamos ver como ele se sai - disse, referindo-se no fim ao duelo marcado contra Tim Boetsch para o UFC 155, no dia 29 de dezembro, em Las Vegas.
Chris Weidman nocauteia Muñoz, UFC (Foto: Agência AP)Chris Weidman vem de um nocaute sensacional sobre Mark Muñoz (Foto: Agência AP)
O papo com Joe Silva ocorreu durante a seletiva para a segunda temporada do "The Ultimate Fighter Brasil - Em busca de campeões" e, a princípio, deveria abordar somente este assunto. No entanto, a reportagem conseguiu ouvir dele declarações sobre outros temas. A possibilidade de promover o combate entre dois campeões do TUF no peso-pena, Rony Jason (TUF Brasil) e Diego Brandão (TUF 14, nos EUA) agrada ao dirigente:
- Temos que ver o que vamos fazer, mas, sim, seria interessante para a América Latina. Os dois lutaram muito bem aqui. Seria uma boa luta - afirmou, lembrando o nocaute de Jason sobre Sam Sicilia, e a boa vitória de Diego sobre Joey Gambino, ambos no UFC Rio III.
Joe Silva se disse muito feliz pelo sucesso do UFC Rio III, realizado na noite do último sábado. Ele não quis fazer uma previsão para a possível luta entre Anderson Silva e Chris Weidman nem sobre o anúncio dos técnicos do TUF Brasil 2. A seguir, confira a entrevista completa por tópicos:
Critérios da seleção de lutadores para o TUF:
"Estamos procurando os melhores lutadores. Eu me importo muito com os cartéis. Gosto de ver o que você realmente já fez profissionalmente. É ótimo ver o que você pode fazer no treino, mas nada diz mais do que o que você já fez no ringue. Nós vemos alguns caras que às vezes não têm tanta experiência mas mostram algo especial, como: "Esse cara é um atleta, olha como ele finaliza, olha como ele bate forte". Toda vez a gente pega alguém que não tenha um cartel impressionante ainda, mas que pode surpreender".
Apenas uma categoria de peso no TUF Brasil 2:
"Na verdade, isso não é incomum. Primeiro vamos fazer a seletiva em duas categorias (meio-médio e peso-leve), depois vamos analisar tudo e ver qual delas nos impressionou mais. Essa será a escolhida para o programa - disse Joe, explicando ainda que, se um lutador agradar mas a categoria dele não for escolhida, caberá a ele próprio decidir se aceitaria competir em um peso inferior ou superior".
Joe silva, UFC RIO III (Foto: Ivan Raupp / Globoesporte.com)Joe Silva (Foto: Ivan Raupp / Globoesporte.com)
Talento dos brasileiros no MMA:
"Estou muito feliz pelos lutadores brasileiros agora, pois existem brasileiros no UFC desde o início da organização, mas eles são mais famosos nos Estados Unidos do que eram aqui. Então, vê-los tendo a chance de serem heróis na terra natal deles, agora que estão ficando bem mais populares aqui, é uma coisa realmente muito boa. E existem muitos ótimos talentos aqui. Uma coisa de que gostei no The Ultimate Fighter Brasil: o programa sempre significou uma mudança de vida para os lutadores, mas no Brasil é diferente, dá para ver. Muitos caras nos EUA dizem: "Vou ser um astro da TV". Isso é legal, mas os garotos brasileiros que querem entrar na casa choram, dá para dizer realmente que é uma mudança de vida para eles. É muito legal ver os sonhos deles virando realidade".
Diferenças do TUF Brasil para os demais:
"Definitivamente parece mais sério no Brasil. Até mesmo do que quando fizemos o "TUF: The Smashes", que foi incrível. Tivemos vários caras que eram personagens, eles entederam o que precisavam para isso. No Brasil eles são mais lutadores em sua essência, e não tão showmen (homens-show). E muitos deles tiveram uma vida difícil, são tímidos, mas ótimos lutadores".
Importância dos cartéis disponíveis na internet:
"Nós não podemos considerar apenas as palavras deles. Por isso, dizemos a eles que precisamos estar aptos a verificar os cartéis no "Sherdog", no "mixedmartialarts.com". Então, é tarefa do empresário deles agendar lutas e construir esse cartel. Precisamos ver dar esses dados, essas informações. Nós ouvimos muitas história de que o cara tem um cartel tal, só não está em nenhum lugar".
Rony Jason x Diego Brandão:
"Temos que ver o que vamos fazer, mas, sim, agora seria interessante para a América Latina. Os dois lutaram muito bem aqui. Seria uma boa luta".
Reação ao UFC Rio III:
"Fiquei muito feliz com o evento. As pessoas vieram e torceram muito. Tivemos um bom card. Tivemos de mudar bastante por causa das lesões, e mesmo assim conseguimos promover um grande show".
Lutadores mais experientes largam na frente na seletiva do TUF Brasil?
"Sou um cara que acredita muita na experiência, acho que é uma coisa boa. Mas você vai ter aqueles garotos que te surpreendem. Temos visto isso no UFC. Em sempre falo para os empresários: não estou procurando vítimas, estou procurando caras que chegam e fazem muito bem. Um bom exemplo é Chris Weidman. É um cara muito talentoso, posso ver isso nas lutas dele. Mas o empresário dele dizia: "Dê a ele mais experiência. Ele não tem tantas lutas assim". E eu: "Estou te dizendo que ele está pronto". Então eu dei a oportunidade, e agora está todo mundo falando sobre ele, que está indo muito bem. Se você olhar para o boxe, vai ver algo como Oscar de la Hoya. Ele tem umas 100 lutas amadoras e ganhou medalha de ouro olímpica, mas eles o moveram devagar quando virou profissional. No MMA às vezes existe uma pressa exagerada. Querem colocar o cara no UFC sem que o cara esteja pronto ainda. Acredito muito na experiência, mas você vai ver esses garotos fenomenais que vão te surpreender".
mesa de juizes seletiva TUF Brasil II (Foto: Ivan Raupp / Globoesporte.com)Joe Silva (ao centro) observa os lutadores na seletiva do TUF (Foto: Ivan Raupp / Globoesporte.com)
Weidman pronto para Anderson?
"Não sei quantas pessoas no planeta estão prontas para lutar contra Anderson Silva, mas ele quer. Eu te digo que não existe medo naquele garoto. Ele realmente quer essa luta. Anderson já teve problemas no passado com lutadores que o levaram para baixo, e Weidman tem um ótimo wrestling. Ele sabe bater e ainda é muito jovem. Ele tem uma boa luta vindo por aí, e vamos como ele se sai".
Anderson x Weidman em 2013?
Há muitas coisas que podem acontecer. Uma superluta entre Anderson Georges St-Pierre. Mas temos que ver como o GSP se sai na próxima luta. No UFC nós nunca apostamos em quem vai vencer. Nunca marcamos uma luta assim: "Oh, e quando esse cara vencer...". Tudo pode acontecer no esporte. Então, vamos ver o que acontece".
Técnicos do TUF Brasil II:
"Não temos os técnicos ainda. Estamos trabalhando nisso".
Técnico estrangeiro no TUF Brasil:
"Eu acho que é importante ter dois técnicos brasileiros, porque seria difícil de se comunicar".
Lyoto Machida e Maurício Shogun como técnicos?
"Shogun tem uma luta vindo por aí (contra o sueco Alexander Gustafsson, no dia 8 de dezembro, em Seattle, nos Estados Unidos). Temos que ver como esse sai nessa luta".

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