quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Preocupado em vencer, Rafa Benítez traça Mundial como meta no Chelsea

Espanhol encara com naturalidade pressão da torcida por conta de passado no Liverpool e diz que torneio no Japão é ‘maior desafio por ser o primeiro’

Por Cahê Mota Direto de Londres
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Pressionando antes mesmo de começar a trabalhar, Rafa Benítez começou nesta quinta-feira sua passagem pelo Chelsea. Solução imediata diante a escassez do mercado europeu para substituir Roberto Di Matteo, o espanhol chegou a Stamford Bridge com o respaldo de Roman Abramovich, o status de queridinho de Fernando Torres, um currículo de respeito, mas sem a aprovação do torcedor. Em seu primeiro contato com a imprensa, porém, o novo comandante se mostrou confiante e ciente de que resultados serão fundamentais para conquistar o torcedor e garantir sua permanência após o fim da temporada – o contrato é de apenas sete meses.
- Estou preocupado em vencer. O mais importante para mim é que estou aqui porque quis. É um grande clube e que me permite competir por troféus todos os anos. Sempre me perguntaram o por que de não pegar outros clubes e sempre disse que estava esperando a certa oportunidade. Agora ela chegou. Não vou falar sobre tempo curto de contrato. O que tenho em mente é vencer os jogos. Vamos ver o que acontece depois - disse.
Rafa Benítez apresentado no Chelsea (Foto: EFE)Rafa Benítez é apresentado no Chelsea (Foto: EFE)
Durante toda a entrevista, o espanhol reforçou bastante que a possibilidade de vencer cinco troféus ainda nesta temporada foi o que o levou a Stamford Bridge: Campeonato Inglês, Champions League, Mundial de Clubes, Copa da Inglaterra e Copa da Liga. A competição do mês que vem, no Japão, porém, já foi tratada como prioridade. Não por ser mais importante que as outras, o motivo é simples: trata-se da conquista mais próxima e palpável.
Na primeira vez, perdi para o São Paulo, mas depois venci em Abu Dhabi com Inter de Milão"
Benítez, sobre o seu histórico nos Mundiais
- Já estive no Japão e aprendi algumas palavras (treinador arrisca algumas palavras em japonês). Agora, tenho mais uma grande chance. Na primeira vez, perdi para o São Paulo, mas depois venci essa competição em Abu Dhabi com o Inter de Milão. Sei o quanto essa competição é importante, especialmente para os clubes da América do Sul. Espero realmente vencer. É meu maior desafio por ser o primeiro, mas a Premier League também é um grande troféu, assim como a Champions.
Antes de colocar o foco no Mundial, Benítez tem uma pedreira pela frente já em sua estreia: domingo, às 14h (de Brasília), diante do líder Manchester City, pela 13ª rodada do Campeonato Inglês, no Stamford Bridge. Terceiro colocado, com quatro pontos a menos que os citizens (28 a 24), os Blues sabem que uma vitória no confronto direto é emergencial para não complicar consideravelmente a corrida pelo título. Complicada como já está a situação na Liga dos Campeões da Europa, onde detentores do troféu precisam vencer o Nordsjaelland, dia 5, em casa, e torcer desesperadamente para o Shakhtar despachar o Juventus, em Donetsk.
Compreensão e confiança para conquistar torcida
Os questionamentos de torcedores, que reprovaram em imensa maioria sua contratação, inclusive com protesto em redes sociais, foi encarado com naturalidade por Benítez. Experiente, o espanhol sabe que só as vitórias colocarão um ponto final nas dúvidas e disse estar tranquilo por chegar ao clube com os mesmos objetivos dos ainda “desafetos”.
Rafael Benitez Inter de Milão (Foto: AFP)Rafael Benitez foi demitido do Inter de Milão após a conquista do Mundial de Clubes (Foto: AFP)
- Tenho uma coisa em comum com os torcedores: quero vencer. Espero que eles fiquem felizes com minha mentalidade vencedora e saibam que vou fazer de tudo para vencer. Entendo que não seja fácil no início, que haja dúvidas, mas vamos ver qual será a postura no fim - afirmou.
Por que falaria não? É um grande clube, com chances de conquistar grandes coisas. Não precisei pensar muito"
Rafa Benítez
Supostos comentários de Benítez na época em que comandou o Liverpool, dizendo que os Reds eram mais apaixonados e não precisavam de “distribuição de bandeiras ridículas” para demonstrar sua paixão, entraram em pauta. Sem querer fomentar a polêmica, o treinador nem confirmou nem desmentiu as palavras, mas fez sua defesa:
- Honestamente, não lembro de alguns comentários, mas é preciso analisar o contexto. Enfrentamos o Chelsea em partidas decisivas, e, como treinador, tenho que fazer tudo para defender o meu clube. Não é desrespeito. Tenho certeza que os torcedores do Chelsea gostariam que eu fizesse o mesmo aqui.
O espanhol não acredita ainda que sua relação com a torcida do Liverpool fique abalada por conta de assumir o rival. Desempregado há quase dois anos – desde o Mundial de 2010 -, Benítez confessou mais de uma vez que sempre esperou por um convite de um grande europeu e tratou a oportunidade como irrecusável.
- Por que falaria não? É um grande clube, com possibilidades de conquistar grandes coisas. É a oportunidade que tanto esperei. Não precisei pensar muito. Após quase dois anos, apenas analisei os jogadores, o equilíbrio do elenco, e vamos lá.
Afinidade com Torres entra em pauta
Fernando Torres Chelsea (Foto: Getty Images)Fernando Torres ficou no banco na partida contra o
Juventus: ele é uma das apostas de Benítez (Getty)
Sem tempo a perder, Rafa Benitez já comandou o primeiro treinamento na tarde desta quinta, no centro de treinamento de Cobham, na Grande Londres. Uma das primeiras medidas do novo comandante azul é o retorno de Fernando Torres ao time diante do ManCity. Barrado por Di Matteo na derrota porá 3 a 0 para o Juventus, o centroavante é homem de confiança do compatriota espanhol, com quem viveu seus melhores momentos no Liverpool.
- Todos estão falando de Fernando Torres, mas posso dizer que o encontrei como encontrei todos no treinamento hoje e senti todos bem. Ele treinou muito bem, gostei de sua atitude, assim como de Oscar, Ramires, Azpilicueta. Todos estão dando o seu melhor e acho que podemos vencer coisas juntos. Conheço o Fernando, mas também conheço Ramires, David Luiz... Vamos tentar tirar o melhor de todos - contou.
De acordo com a imprensa inglesa, a saída de “El Niño” do time, diante do Juventus, foi um dos fatores preponderantes para que Abramovich optasse pela demissão de Di Matteo. Segundo publicações, o russo teria “orientado” o italiano a manter o espanhol no time. A postura do russo, por sinal, também foi comentada por Benítez, que garantiu não receber nenhum tipo de ordem ou recomendação sobre a formação da equipe.
- Ouvi: "Confiamos em você, o time está nas suas mãos e você pode fazer isso bem". Não me foi dito nada do tipo: "Faça isso ou aquilo". Tenho que saber o que fazer para vencer. Tenho experiência. Posso cometer erros, mas farei de tudo pelo melhor.
lampard john terry chelsea treino (Foto: Agência Reuters)Experientes Lampard e Terry também foram elogiados pelo treinador (Foto: Agência Reuters)
Por fim, o novo comandante se mostrou tranquilo também ao comentar o poder dos jogadores mais antigos do elenco no clube. Após um primeiro encontro, Benítez foi só elogios a nomes como John Terry e Frank Lampard, apesar de admitir que, em determinados momentos, os mais experientes realmente tomam partido em situações. Recentemente, tanto Felipão quanto André Villas-Boas foram demitidos dos Blues por conta de problemas de relacionamento com jogadores.
Dizem que há influência de  jogadores mais importantes, mas isso acontece em todo lugar"
Rafa Benítez
- É um grupo de jogadores muito profissional e apaixonado pelo que faz. Dizem que há influência de alguns jogadores mais importantes, mas isso acontece em todo lugar. Foi assim quando estive no Tenerife, por exemplo, na Segunda Divisão. Estive com eles, conversei com Cech, Terry, Lampard, Fernando, Romeu... Não vi diferença. Todos falaram apenas de futebol.
Sob o comando de Benitez, o Chelsea tem mais cinco compromissos antes da viagem para o Japão, dia 9 de dezembro, para a disputa do Mundial de Clubes. A estreia está marcada para o dia 13, em Yokohama, diante de Ulsan, da Coreia do Sul, ou Monterrey, do México. O novo treinador já participou duas vezes da competição: com o Liverpool, em 2005, caiu diante do São Paulo, na decisão, por 1 a 0. Cinco anos depois, porém, levantou o troféu com o Inter de Milão, mas, curiosamente, foi demitido em seguida.

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