terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Menor que assumiu autoria de disparo é liberado após depoimento

H.A.M., integrante da Gaviões da Fiel que afirma ter sido o responsável
por morte do torcedor boliviano de 14 anos, depôs em vara de Guarulhos

Por Leandro Canônico Guarulhos, SP
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O adolescente H. A. M., de 17 anos, deixou a Vara da Infância e da Juventude de Guarulhos depois de duas horas e meia de depoimento ao promotor Gabriel Rodrigues Alves. Segundo o advogado Ricardo Cabral, que representa a Gaviões da Fiel e acompanhou o jovem, ele iria assumir a autoria do disparo do sinalizador naval que atingiu e matou Kevin Beltrán Espada, de 14 anos, durante a partida do Corinthians contra o San José, em Oruro. Pelo homicídio, 12 torcedores estão presos na cidade boliviana, onde o depoimento do menor já repercutiu, mas a princípio, não deve interferir na situação.
O menor saiu do local exatamente da mesma maneira que chegou. No banco da frente do carro do advogado, de boné, cabeça baixa e escondendo o rosto com as mãos. A mãe estava no banco de trás. Ela não pôde acompanhar o depoimento.
Alguns veículos seguiram o automóvel até a esquina da rua. Seus ocupantes pediram para que Cabral abrisse o vidro para uma entrevista, mas ele não atendeu. O assessor do Tribunal de Justiça, Alexandre Marcusso, disse que o caso corre em segredo de Justiça e que não poderia, portanto, dar informações sobre o depoimento. Falou apenas que o promotor vai avaliar o caso e decidir se o leva adiante.
Torcedor corintiano deixa Vara da Infância em Guarulhos (Foto: Leandro Canônico)Torcedor corintiano deixa Vara da Infância em Guarulhos (Foto: Leandro Canônico)
O menor chegou acompanhado pela mãe, mas, na hora do depoimento, que começou por volta das 15h30m, na sala da promotoria localizada no terceiro andar, tinha apenas o advogado ao seu lado. Depois de ouvir H.A.M., o promotor Gabriel Rodrigues Alves irá confrontar as informações para decidir qual encaminhamento dará ao caso.
Repórteres, fotógrafos, cinegrafistas e curiosos se acumularam no local para esperar a chegada do jovem, que voltou ao Brasil de ônibus no último sábado. Em entrevista ao "Fantástico", no domingo, ele afirmou ser o responsável pela morte de Kevin.
O jovem é associado da torcida organizada há dois anos e estava na arquibancada destinada aos visitantes no estádio Jesús Bermúdez. Segundo Cabral, ele gostaria de ter se entregado na Bolívia depois que 12 corintianos foram presos, mas por estar sob responsabilidade da torcida, foi decidido que ele seria entregue à sua mãe. Havia temor por sua integridade física em caso de confissão na Bolívia.
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Torcedor corintiano deixa Vara da Infância em Guarulhos (Foto: Leandro Canônico)Torcedor corintiano deixa Vara da Infância em Guarulhos (Foto: Leandro Canônico)
A versão do advogado é que o garoto ficou em choque e muito preocupado após o disparo acidental do sinalizador naval. Cabral diz que o artefato foi comprado num camelô, no centro da cidade de São Paulo, e levado para a Bolívia. Ainda de acordo com o advogado, todos os objetos apreendidos eram de H. A. M.
- Aqueles sinalizadores apreendidos pertenciam ao menor brasileiro. Ele abandonou a mochila porque estava sendo hostilizado por membros da Gaviões, se afastou e depois retornou em outro lugar na arquibancada. Foi quando os policiais vieram e apreenderam mochilas e bandeiras - disse o advogado.
Assessor do TJ fala sobre depoimento de corintiano (Foto: Leandro Canônico)Assessor do TJ explica que o caso corre agora em
segredo de Justiça (Foto: Leandro Canônico)
Em Oruro, dois torcedores foram indiciados como autores do crime por portarem sinalizadores: Cleuter Barreto Barros e Leandro Silva de Oliveira. Os outros dez estão acusados como cúmplices. A expectativa da Gaviões é que a confissão amenize a situação dos brasileiros detidos - um deles, Tadeu Macedo Andrade, é diretor da torcida -, mas o embaixador do Brasil na Bolívia afirmou que o cenário, ao menos inicialmente, não deve ser alterado.
H. A. M. não pode ser extraditado, mas é provável que as autoridades bolivianas queiram participar da investigação que será feita no Brasil. Ricardo Cabral afirma ter como provar que o menor foi mesmo o autor do disparo, e que a confissão não se trata de uma estratégia para tentar que os torcedores sejam soltos em Oruro.
O advogado garante que ao comparar a identidade e a foto do jovem em sua ficha cadastral com a imagem ampliada do vídeo feito por uma emissora de televisão boliviana, que mostra de onde teria saído o sinalizador, não restará dúvidas que se trata de seu cliente.

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