sexta-feira, 22 de março de 2013

Jade improvisa treinos e ganha apoio da CBG para voltar logo à seleção

Ginasta conversou com Georgette antes de desistir de seletiva: 'Ela disse que as portas estavam abertas e que não me exporia, porque não tinha treinado'

Por Danielle Rocha e Gabriele Lomba Rio de Janeiro
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Jade barbosa (Foto: Reprodução / Instagram)Sem clube, Jade improvisa treinos em academias
(Foto: Reprodução / Instagram)
O desejo do momento é expresso em uma frase: "Queria que tudo voltasse a ser como antes...". Desde o dia 5 de março, quando a nova diretoria do Flamengo resolveu pôr fim ao investimento na equipe profissional de ginástica artística, Jade Barbosa tem sonhado com o dia em que voltará a dividir o ginásio, as dores e alegrias com seus ex-companheiros de clube e seleção brasileira. Enquanto aguardam por oportunidades em nova casa - a ideia dela, de Daniele e Diego Hypolito, Sergio Sasaki, Petrix Barbosa e Caio Campos é seguirem juntos - os amigos treinam espalhados. Uns em Minas, outros em São Caetano. Jade e Dani ficaram no Rio, e a opção passou a ser uma academia, que conta com aparelhos.
- Estou fazendo trabalho de prevenção, fisioterapia, correndo e malhando. Tenho profissionais do Time Brasil que estão comigo ainda. Mas ginástica mesmo está difícil, porque um dia treino numa academia e no outro, em outro lugar. Estou sem técnico e sem responsável por mim. Não posso arriscar. O Ricardo (o técnico Ricardo Pereira) está em Três Rios com as outras meninas. Eu tenho faculdade e não posso largar e ficar uma semana aqui e outra em outro lugar. Meu irmão, por exemplo, está treinando na Uerj. A minha vontade de fazer ginástica não muda, apesar desse problema que estamos enfrentando. Só fortalece. Não que esteja gostando, mas isso só vai nos deixar mais fortes. Quando tudo isso passar, vai valer a pena. Tenho certeza de que o Rio, sendo a cidade olímpica, alguma coisa vai ter pra gente - disse.
Na semana passada, Jade não compareceu à primeira seletiva nacional para formação da seleção brasileira. A ausência gerou dúvidas. Houve quem perguntasse se ela havia decidido parar.
-  Muita gente perguntou se eu tinha parado. E eu falei: "Calma gente, só não fiz a seletiva agora". A Dani fez, mas se arriscou. Mas ela tinha treinado mais que eu e conseguiu. Eu conversei com a Georgette Vidor (coordenadora da seleção), e ela perguntou se eu queria continuar na ginástica. Respondi que sim. E ela falou que era o que precisava saber. Disse que as portas estavam abertas e que não ia me expor porque eu não tinha treinado (tinha retomado o treinamento há pouco, depois das férias nos Estados Unidos). Eu podia cair, me machucar. Me disse que iriam ter outras, que eu ficasse tranquila e não parasse de treinar. Ficou combinado assim. Na próxima, se eu estiver bem preparada, eu vou disputar. Ainda bem que ainda falta muito para as Olimpíadas (risos). Ainda tenho mais quatro anos de ginástica. Se tiver essa oportunidade, vou lutar. Imagina pensar, quando tiver 40 anos, como teria sido? Vou lutar para cumprir este ciclo.
Jade Barbosa, Diego Hypolito, Daniele Hypolito, coletiva Ginástica Flamengo (Foto: Wagner Meier/Agência Estado)Jade, Diego e Daniele querem seguir treinando
juntos (Foto: Wagner Meier/Agência Estado)
A última vez que Jade competiu pela seleção foi no evento-teste para as Olimpíadas de Londres, em janeiro de 2012. Nesta temporada, o objetivo é disputar o Mundial de Especialistas, na Bélgica, em setembro. Considera a competição importante para começa a fazer o nome para os Jogos Olímpicos. Sobre a possibilidade de ter que deixar o Rio, caso surja uma proposta para ela e seus companheiros em outro estado, Jade diz que se mudaria. Por enquanto, sem contar mais com salário do clube e sem patrocínio individual, ela tem sustentado o sonho parte com o dinheiro do Bolsa-Atleta e outra, das economias que fez.
- Meu pai, que administrou meu dinheiro, fez uma reserva e eu posso me manter. Não que vá durar a vida toda. Então, hoje vivo do Bolsa-Atleta e do que ganhei. Mas, se Deus quiser, vamos ter uma resposta. Somos seis, quatro meninos e duas meninas. Ainda estamos procurando ajuda, até nessa parte de montar um projeto. Esperamos que uma empresa ou clube se interesse por nós. A gente não queria se separar. É uma equipe. Sozinha, sem eles, não vou ter parâmetro, não vou ter como melhorar em termos de ginástica. Quanto mais conhecimento, melhor. O grupo cresce junto. Queria todo mundo junto de novo porque dá uma estabilidade saber que você vai chegar no ginásio vai ter técnico, aparelho, seu magnésio esperando. A preocupação que a gente tinha antes era estar com dor ou não.
A expectativa do grupo é que o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) consiga um novo local, no Rio, para instalar o centro de treinamento da modalidade até julho. O CT do Velódromo, por conta da demolição para as obras olímpicas, foi desativado em fevereiro.

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