sexta-feira, 28 de junho de 2013

Alô, Felipão: Itália 'tranca' laterais espanhóis e interrompe o 'tiki-taka'

No primeiro tempo da semifinal, Azzurra consegue fazer forte marcação no meio-campo e anula jogo característico da Espanha: veja a mesa tática

Por Alexandre Alliatti, Carlos Augusto Ferrari e Thiago Quintella Fortaleza, CE
233 comentários
Poucos imaginavam que a Itália poderia surpreender a Espanha. A Azzurra chegava desfalcada de Balotelli e Abate, e a final da Eurocopa 2012, com goleada da Roja por 4 a 0, ainda estava fresca na memória dos torcedores. No entanto, o embate entre duas seleções de tradição no futebol mundial em uma semifinal de Copa das Confederações acaba nivelando a partida. E, claro, uma pitada de tática bem aplicada pelos italianos fez com que os espanhóis deixassem de jogar seu futebol característico.
Ao menos no primeiro tempo, foi o que aconteceu: a Itália chegava com perigo e toques rápidos no contra-ataque. A Espanha, acuada, tentava criar jogadas na base do chuveirinho para área (veja a mesa tática no vídeo ao lado). Apesar dos 62% de posse de bola para La Roja nos primeiros 45 minutos, Xavi e Iniesta não tinham espaço para criar, Pedro e David Silva pouco conseguiram fazer para servir Torres, isolado na área. Postada no 3-4-2-1 em campo, a Itália congestionou o meio-campo e anulou os avanços dos laterais espanhóis - principalmente Jordi Alba, autor de dois gols contra a Nigéria. E este domínio pelas pontas parece ter sido a chave para a superioridade italiana.
jogadores da Itália e Espanha (Foto: arte esporte)Com nove italianos atrás da linha da bola - apenas Gilardino ficou no ataque - Xavi ficou sem opção de passe e teve que voltar a jogada para a defesa espanhola na sequência (Foto: Reprodução)
O técnico Cesare Prandelli armou a Azzurra da seguinte forma: uma linha de três na defesa, formada com Barzagli, Bonucci e Chiellini. Logo à frente, uma linha de quatro jogadores: Maggio, pela direita, De Rossi e Pirlo centralizados, e Giaccherini, meia-atacante de origem, posicionado na ala esquerda. No meio, mais avançados, Candreva e Marchisio davam suporte aos alas italianos para segurar os laterais espanhóis e avançar às suas costas. Arbeloa e Jordi Alba não conseguiam avançar e ainda viam Giaccherini e Maggio, principalmente, explorarem os espaços e chegarem com perigo à meta defendida por Casillas.
Foram ao menos cinco chances de gol para a Itália na primeira etapa. Na melhor delas, a Itália explorou exatamente as laterais do campo. Aos 35 minutos, Jordi Alba marcava Maggio. Candreva ficou solto e recebeu pela direita. O meia virou o jogo e achou Giaccherini, nas costas de Arbeloa. O baixinho cruzou para Maggio, que apareceu nas costas de Jordi Alba, e cabeceou para grande defesa de Casillas (veja no vídeo ao lado).
- Creio que eles foram melhores no primeiro tempo. Abriram o campo com Giaccherini. Candreva e Marchisio nos criaram problemas no meio – analisou o técnico Vicente Del Bosque após a partida.
Mais do que conseguir pressionar e atacar os espanhóis, os italianos conseguiram fazer algo que pouco se vê La Roja fazer: apelar para o "chutão". Em alguns momentos, pôde se ver a defesa ou o próprio Casillas despachando a bola direta para o ataque. A troca de passes espanhola, normalmente no campo do adversário, se resumiu ao campo defensivo, sem objetividade e perigo à Itália. A melhor oportunidade de gol dos espanhóis foi uma ligação direta: Sergio Ramos fez o passe do meio para Fernando Torres. Xavi desviou e o atacante dominou, conseguiu o giro, mesmo entre três zagueiros, e finalizou. Méritos de Torres, que fez bela jogada individual (veja no vídeo ao lado).
No segundo tempo, Cesare Prandelli ainda entrou com Montolivo na vaga de Barzagli e recuou De Rossi para a defesa, mantendo o desenho tático, porém com maior velocidade e melhor saída de bola. Vicente Del Bosque tentou dar velocidade à Espanha no ataque e promoveu as entradas de Jesús Navas no lugar de David Silva e Mata na vaga de Pedro. Em vão. Seguiram os chuveirinhos. A prova de que o jogo se desenhou desta forma, sem velocidade, foi quando Del Bosque tirou Fernando Torres e colocou o volante Javi Martínez. Não para marcar, mas para brigar na força física e pelo alto com os zagueiros da Azzurra.
A forte marcação, no entanto, exauriu os italianos, que foram dominados na prorrogação da partida, e tiveram que segurar a pressão espanhola antes do fim dos 120 minutos.
- A Espanha ainda está na nossa frente. Há anos que ela trabalha com esses conceitos. Mas estamos no caminho para melhorar. É quase impossível pensar em ter energia depois de tantos minutos. Tivemos muita garra. Estamos orgulhosos - reconheceu o técnico da Itália, Cesare Prandelli.

Nenhum comentário:

Postar um comentário