segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Análise: rápido e mortal, Flamengo aproveita lentidão do Fluminense

Mano Menezes põe o time para pressionar adversário, que erra muitos passes e não encontra saída para armar jogadas de perigo. Felipe vai mal

Por Diego Rodrigues Rio de Janeiro
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Alguma coisa separava a efetividade do Flamengo da dificuldade do Fluminense para chegar ao ataque. Não à toa os rubro-negros conseguiram criar o dobro de chances de gol dos tricolores: oito contra quatro. Nesse domingo, pela 13ª rodada do Campeonato Brasileiro, o que se viu no Maracanã foi um time sempre pronto para sair em velocidade e pegar o adversário de surpresa, contra uma equipe lenta, com espaços consideráveis entre os setores e uma insistente disposição para lançar de todas as maneiras a bola para um solitário Fred na frente - foram 15 bolas levantadas. A consequência: bem posicionado, o Fla fez 3 a 2 no rival e passou batido na tabela de classificação. (Os dois primeiros vídeos mostram a diferença entre Fla e Flu na transição da defesa para o ataque)
A forma como saíram os gols mostra bem como havia uma diferença na compactação e velocidade. Até chegar ao primeiro gol, o Fluminense precisou de dez toques e 36 segundos para marcar após ficar com a posse da bola. E ela só sobrou nos pés de Rafael Sobis após falha de Wallace, ao cortar mal um cruzamento de Eduardo.
Para empatar, o Flamengo precisou de 15 segundos e quatro toques. A jogada surgiu em um corte da defesa seguido de cobrança de falta de Felipe na área. No segundo gol rubro-negro, novamente a diferença: seis toques e 23 segundos para balançar a rede.

- Tenho jogadores hoje que primam pela técnica e não pela velocidade. E foi isso o que faltou. Agora temos de trabalhar uma situação para amenizar esta questão. Pode passar ou não por mudanças no time, mas a verdade é que precisamos trabalhar - analisou o técnico Vanderlei Luxemburgo após a partida.
Meio de campo aplicado e Elias inspirado
Tudo começa na aplicação tática rubro-negra na marcação. Quando o time não estava com a bola, era possível observar um desenho tático do 4-1-4-1, com Luiz Antonio mais recuado na contenção, próximo aos zagueiros, e Elias, André Santos, Gabriel e Nixon no combate mais à frente, com ajuda fundamental dos dois últimos, segurando principalmente os laterais do Flu.
Info_ANALISE-TATICA_FlaxFlu (Foto: Infoesporte)O Flamengo, defensivamente, teve a ajuda de Gabriel e Nixon nas laterais. Com o time com a posse de bola, Elias apareceu às vezes mais avançado do que meias e atacantes (Foto: Richard Souza)
Nesse meio de campo, Elias é um caso à parte. Parece onipresente. Pressiona na marcação, arma o time e aparece na frente pronto para desconstruir qualquer formação defensiva. Em alguns lances, é possível vê-lo até mais adiantado do que os atacantes, já na espreita para dar o bote. Não à toa saiu dos seus pés o gol do Flamengo. Em 15 segundos e quatro toques, Elias estava avançado, esperando Henane, o centroavante do time, dar uma bola açucarada para abrir o placar.
O lance não se resumiu apenas ao posicionamento do meia. André Santos, lateral-esquerdo de origem, foi escalado por Mano Menezes como meia. Cumpriu bem a função. Fez o feijão com arroz. No lance do primeiro gol, toca com velocidade para Hernane dar a assistência. No terceiro, faz tabela em cobrança de escanteio e, em vez de cruzar para a área, prefere deixar para Léo Moura, em melhor condição, levantar a bola. Tanto fez o simples que foi quem mais acertou passes, com 41.
Defesa pressionada, ligação direta
Os comandados de Vanderlei Luxemburgo eram forçados a sair jogando, e muitas vezes recorriam às ligações diretas, pouco efetivas. Nas poucas vezes em que conseguiam sair com velocidade para o ataque, os atacantes se viam isolados e bem marcados. Com a bola no chão, foi uma enxurrada de passes errados: 44 contra 23 do adversário. O que mais errou foi Felipe, com nove. E aí mora um dos problemas.  
Luxemburgo até que tentou dar uma cara nova ao meio de campo. Repetiu o losango dos últimos dois jogos (empates com Ponte Preta e Vitória), mas trocou Wagner pelo jovem Eduardo, de 20 anos. A promessa inverteu posição com Felipe. O veterano, que antes era a peça pelo lado esquerdo, passou a ficar mais tempo centralizado. O objetivo era aproveitar os seus bons passes para armar o time e deixar os companheiros na cara do gol. Não deu certo. Ao tentar um toque de letra, iniciou o lance do segundo gol do Flamengo, em um de seus erros (veja esse e outros erros de passe no vídeo acima).
Analise tática FlaxFlu (Foto: Reprodução)Nas poucas vezes em que o Flu conseguiu sair com rapidez, seus atacantes ficaram isolados e bem marcados pelos rubro-negros. Foi o que aconteceu, por exemplo, com Fred (à esquerda) e Kenedy (à direita)
Avenida pela direita
Eduardo estava encarregado de fazer a esquerda do losango, mas também com liberdade para, vez por outra, aparecer na direita. E pela direita foi dele o cruzamento no gol do Fluminense. Contou ainda com a falha de Wallace, que afastou mal, nos pés de Rafael Sobis. Por outro lado, nenhum ponto positivo no desempenho defensivo.

Ele precisava ajudar a cobrir os espaços e colaborar com Carlinhos, com cartão amarelo desde os quatro minutos, na marcação. Faltou sintonia. Os dois deixaram uma avenida para Léo Moura. Quando o lateral do Fla não encontrava liberdade para avançar livre para a linha de fundo, conseguia facilmente ganhar no drible.

Mina de ouro

Em uma das jogadas, Léo passou por Eduardo e deu para Hernane fazer de letra. Mano Menezes explorou bem aquele lado do campo. Tanto que o aviso já havia sido dado antes. Logo aos 11 minutos, Elias apareceu como elemento surpresa e, no meio da defesa, conseguiu cruzamento para André Santos, na pequena área, chutar para fora.

Aos 35 minutos da etapa final, Rafael Sobis cobrou um escanteio na área e a bola ficou com Léo Moura. O lateral avançou em velocidade, demorou 17 segundos para ganhar o escanteio, que terminou na terceira bola na rede de Cavalieri.
  • números
    Felipe
    O meia foi escalado para armar as jogadas de ataque do Fluminense, mas errou nove passes, um deles no segundo gol do Flamengo.
  •  
    André Santos
    Procurou fazer o simples. Lateral de origem, foi escalado no meio, não insistiu em dar toques em excesso e acertou 41 passes dos 43 que tentou.
  •  
    Carlinhos
    Se não foi bem na defesa (cinco faltas e nenhuma roubada de bola), Carlinhos bem que tentou no ataque. Arriscou seis bolas levantadas na área.

Analises rápidas: 

* Enquanto tentou enfiar a bola para os atacantes, Felipe parou no bloqueio armado pelo Flamengo. Em alguns momentos foi discplicente. Assim como no jogo com Vitória, deu o passe que originou o gol adversário. Contra o Fla, tentou de letra, longe de Fred. O time, em geral, pecou pelo mesmo erro. Edinho quase entregou o outro em um dos lances.

* Kenedy deu mais mobilidade ao time ao entrar no segundo tempo. Atacante mais aberto, mudou a forma de jogar do Fluminense.

* O Flamengo soube a hora certa de dar o bote e pegar o Fluminense em contra-ataque. Nos primeiro e segundo gols, aproveitou-se da bobeira de erro de passes do adversário. No terceiro, ganhou escanteio após arrancada de Léo Moura do campo de defesa. Na cobrança, troca de passes e cruzamento de Léo Moura. 

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