quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Após ouro, Rafaela diz: 'Mostrei que não depende de cor para ser campeão'

Um ano depois de polêmica em Londres, judoca dá a volta por cima e conquista inédito título mundial para o judô feminino do país

Por Rio de Janeiro
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O inédito título mundial de Rafaela Silva veio em tom de desabafo. No ano passado, nas Olimpíadas de Londres, após ser eliminada depois de tentar um golpe ilegal, a judoca voltou para os vestiários aos prantos e ainda teve que lidar com uma dura realidade. No Brasil, pelas redes sociais, ela foi humilhada e discriminada. Internautas criaram fakes, xingaram a atleta e a chamaram de vergonha do país. Rafaela retrucou, a polêmica foi criada e ela chegou a encerrar sua conta no Twitter. Um ano depois, no tatame, com a conquista da medalha de ouro, ela deu a resposta que tanto esperou.
- É muito bom mostrar para o pessoal que me criticou, dizendo que lugar de macaco não era no judô, e sim na jaula. E agora eu estou aqui, campeã mundial, mostrando para todos que me discriminaram que você não depende de cor, de raça, nem de dinheiro para ser campeão e conseguir sua medalha. Criaram vários fakes nas redes sociais. Quando peguei meu celular para falar com a minha família, vi várias críticas. Disseram que eu era uma vergonha para o Brasil e para a minha família. Eles não foram nem capazes de colocar seus nomes, suas fotos - desabafou Rafaela.
Rafaela Judô (Foto: Montagem sobre foto da AFP / Fotocom)Em Londres, choro de tristeza. No Rio, lágrimas de alegria (Foto: Montagem sobre foto da AFP / Fotocom)
Em Londres, o choro foi pela derrota, pelo pódio perdido. Um ano depois, Rafaela voltou a chorar, mas de felicidade. Foi campeã dentro de casa, no Rio de Janeiro, com a torcida dos pais e amigos da Cidade de Deus.
- Em Londres, tive aquela sensação de treinar quatro anos e sonhar com uma medalha. Quando perdi lá, pensei que os quatro anos treinando forte e competindo bem, foram embora, que eu tinha perdido todo o trabalho e tinha chances de ir no pódio. Hoje foi o contrário, o choro era por alegria, e não pela tristeza - frisou a atleta.
A luta contra a romena Loradana Ohai, na terceira rodada da fase eliminatória, também foi lembrada por Rafaela (veja no vídeo ao lado). Depois de sair atrás com um yuko, ela conseguiu virar o combate faltando 15 segundos, e escapou de ser eliminada. Ela garante que de forma alguma saíria do tatame derrotada nesta quarta-feira.
- Aquele momento foi um dos que eu não entendi nada. Fui dar um contra-golpe, virei e caí de joelho. Achei que a pontuação era minha, mas o árbitro deu para ela. Disse para mim mesma que aqueles 15 segundos seriam infinitos e que ninguém me tiraria aquela medalha. Fui lá e consegui vencer - finalizou a atleta brasileira.
Rafaela Silva Judô mundial (Foto: Reuters)Rafaela Silva comemora no tatame depois de conquistar a medalha de ouro em casa (Foto: Reuters)
Agora Rafaela quer buscar a medalha que falta para ela, e novamente em casa, em 2016, nas Olimpíadas do Rio de Janeiro.
- Vou treinar duro, continuar mantendo os treinos fortes, as competições, e vou buscar a minha vaga nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, para novamente em casa, trazer essa medalha que não veio em Londres.

Nesta quinta-feira, mais dois judocas do Brasil entram em ação. Pelo peso meio-médio, Victor Penalber (81kg) e Katherine Campos (63kg), são as esperanças de medalha. O SporTV transmite ao vivo, a partir das 10h, com finais a partir das 16h, e o GLOBOESPORTE.COM acompanha tudo em Tempo Real, com vídeos.

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