sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Pesquisa indica Spider como ídolo no Brasil, apontado como 'país do jiu-jítsu'

Com questionários nas redes sociais durante o mês de agosto, números mostram ainda que o MMA nacional atinge agora todas as classes sociais

Por Rio de Janeiro
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É fato que o MMA se tornou nos últimos anos o esporte que mais cresce no Brasil. E por causa dessa  notoriedade adquirida recentemente, a mistura das artes marciais em conjunto com o espetáculo midiático criado, principalmente pelo UFC, geram uma série de debates interessantes como por exemplo, sobre o esporte ter se tornado um fenômeno de audiência no país ou ainda como lutadores podem ser garotos propaganda com retornos muito viáveis, ou ainda, sobre a legalidade de menores de 18 anos assistirem os eventos ao vivo. Esse tipo de questionamento é comum, por exemplo, nos Estados Unidos onde alguns estados não permitem as lutas em seu território, como Nova York, enquanto em outros são mais do que bem vindos, em função do retorno econômico.
A gente tem o feeling, através da pesquisa, que o MMA está se inserindo como o futebol em todas as classes sociais do Brasil"
André Pascowitch
Pensando nisso, o Combate.com teve acesso à pesquisa comportamental realizada pela FightCom, agência de marketing esportivo com foco no universo das lutas, que por meio das mídias sociais (entre elas, na fan page do lutador do UFC Erick Silva), ilustrou o cenário atual do crescimento da área em todo o Brasil. Os números apresentados desmitificam uma série de ideias pré-estabelecidas por aqueles que não conhecem a fundo o MMA. Aqueles que acham o esporte muito violento ou que só é venerado por uma classe social específica irão se surpreender com os resultados obtidos através de questionários disponibilizados em redes sociais durante o mês de agosto, com respostas de mais de 520 pessoas. Entre as "surpresas", os indicadores mostram que mais de 60% dos espectadores possuem nível superior completo, além de alto poder aquisitivo, alegando ter uma renda de mais de 10 salários mínimos. Por isso, além de ser um esporte baseado em todos os princípios das artes marciais, como disciplina e respeito ao adversário, também pode ser um negócio muito rentável.
- A gente tem o feeling, através da pesquisa, que o MMA está se inserindo como o futebol, em todas as classes sociais. Mas faltava esse complemento de uma classe mais elevada.  Esse dado trás a informação que ele está entrando nas classes mais altas da sociedade. Por ser um esporte mais barato, por você precisar só dos seus punhos, como o futebol, que precisa só da bola, ele conseguiu se inserir primeiro nas classes mais pobres, de menos poder aquisitivo, e agora, chega as classes de maior poder aquisitivo. Esse público busca locais mais especializados. Como foi visto na pesquisa, o público busca academias especializadas de Muay Thai ou especializada de MMA. Agora, até que as grandes marcas de academias passaram a inserir em sua programação de aulas, grandes nomes do esporte, para atrair os amantes de artes marciais. E ainda surgem grandes academias especializadas, como a do Minotauro e Minotouro, por exemplo – disse Andre Pascowitch, diretor da FightCom.
Pesquisa FightCom (Foto: Reprodução)Pesquisa indica que jovens adultos são quem mais vive o universo das lutas no Brasil. Nível de escolaridade e poder aquisitivo dos respondentes desmitificam uma série de ideias pré-concebidas (Foto: Reprodução)
Os números são relevantes. Em comparação com pesquisas realizadas em período eleitoral, onde são entrevistados normalmente duas mil pessoas, as mais de 500 respostas obtidas pela FightCom mostram profundamente o perfil dos amantes dos combates no Brasil. Através deles, por exemplo, pode-se afirmar que, entre todas as modalidades de luta, o jiu-jítsu é aquela que mais possui adeptos, contando com 23% da preferência nacional. O muay-thai vem acompanhando de perto a arte desenvolvida pela família gracie com 21% das respostas, além do tradicional Boxe ter sido apontado como prática esportiva por 16% dos respondentes.
Outro fator interessante que revela como se comporta a paixão do fã brasileiro em relação ao ídolo é quando Anderson Silva é o mais lembrado entre mais de 80 nomes de atletas. Entre nomes como Muhammad Ali, Mike Tyson, Minotauro e Vitor Belfort, o Spider obteve 14% da preferência, isso no mês seguinte a derrota para Chris Weidman, no UFC 162, que lhe tirou o posto de melhor peso por peso do mundo. Assim, André Pascowitch lembra que a imagem de um lutador de referência não está atrelada apenas ao seu desempenho dentro do ringue/octógono. Por isso, o diretor da agência de marketing esportivo analisa como positiva a massiva exposição de Anderson Silva na mídia brasileira e mundial, mesmo que isso possa ter levado a uma estafa do ex-campeão dos pesos-médios do UFC.
Anderson Silva x Chris Weidman UFC 162 (Foto: Getty Images)Entre mais de 80 nomes disponíveis, Anderson Silva foi o mais lembrado como ídolo (Foto: Getty Images)
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- Foram citados mais de 80 atletas como Muhammad Ali, Mike Tyson etc. Acho que vem algo mais imediato a mente do entrevistado. Talvez algo que seja tão passado para ele, que fique no subconsciente mesmo. Como a imagem do Anderson vem sendo trabalhada há mais tempo, por mais de 2 anos seguidamente, é muita associação que a pessoa faz (14% das pessoas que responderam aos questionários lembraram do Spider como ídolo). É o que vem logo à cabeça. Você cria essa imagem de ídolo. Não é só a luta que faz isso, mas também são as campanhas que o Anderson Silva realizou para grandes marcas na TV, participações em programa de TV etc. Anderson é hoje o expoente máximo do esporte no Brasil também por isso. O trabalho de imagem junto a imprensa foi muito maior do que a do Vitor Belfort, por exemplo, que apesar de ter lutado e vencido mais vezes no Brasil, teve uma “lembrança” menor por parte daqueles que responderam a pesquisa (5%). Anderson Silva fez campanhas publicitárias e apareceu em revistas masculinas, de negócios, de luxo. Isso tudo cria a imagem do ídolo e não vai ser uma luta que vai desvincular essa imagem trabalhada - analisou o diretor.
O fã curte e vive aquilo. Podemos dizer, com base nos números, que o MMA veio para ficar"
André Pascowitch
Com a grande maioria dos respondentes na faixa entre 25 e 44 anos de idade (71%), sendo que outros 22% afirmaram ter até 24 anos, o futuro do MMA no Brasil está garantido, segundo o diretor da agência. Campo fértil para muitas outras edições do UFC no país, o brasileiro faz questão de presenciar grande eventos, com 71% das pessoas afirmando já ter presenciado alguma edição de luta ao vivo. Quando se trata de grandes espetáculos, como os produzidos pelo Ultimate, maior organização de MMA no mundo, este número passa a ser ainda mais relevante.
- Podemos ver que esses dados mostram que a imagem de um esporte está diretamente ligada à questão do ídolo. Se você traz um ídolo para o país, o fã se espelha nele. São ídolos para essa moçada, que mantém um consumo sobre o esporte ativo, através de treinos, consumos e acessórios. Podemos dizer, com base nos números, que o MMA veio para ficar. A desmistificação pós-vale tudo, e o patamar profissional que o esporte atingiu, dá pra dizer que o MMA veio para ficar. O público jovem adulto pratica, gosta e vai ficar consumindo por longo tempo. Os eventos do UFC em si são grandes espetáculos, que faz parte de um grande show business, potencializando a paixão do torcedor. E os níveis de card diferentes, em diferentes organizações, permite que todas as classes sociais possam acompanhar o crescimento do MMA no Brasil. Um evento na Bahia conseguiu levar quase 5000 pessoas ao evento. Isso é maior que alguns públicos de partida de futebol. O fã curte e vive aquilo mesmo - afirmou André Pascowitch.

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