domingo, 8 de setembro de 2013

Rivalidade na F-1: atores e Fittipaldi falam do filme sobre Lauda x Hunt

'Rush, no limite da emoção' retrata a história de um dos maiores duelos da F-1, que resultou em um acidente grave em 1976. Filme estreia na sexta

Por Rio de Janeiro
10 comentários
A rivalidade entre um playboy inglês e um austríaco perfeccionista virou filme com diversos elementos intrigantes, que vão muito além do esporte. Baseado em fatos reais, "Rush, no limite da emoção" entra em cartaz nos cinemas brasileiros na próxima sexta-feira, e mostra até onde podem chegar dois pilotos de Fórmula-1 quando colocam nas pistas a razão de viver, a paixão, a competição e a ousadia, sem nenhum medo. Em 1976, o mundo glamouroso do automobilismo foi marcado pela rivalidade entre Niki Lauda (Ferrari) e James Hunt (McLaren). O Esporte Espetacular entrevistou os atores do filme, o diretor, o piloto brasileiro Emerson Fittipaldi, contemporâneo dos pilotos, e o próprio Niki Lauda. (Assista acima à reportagem do Esporte Espetacular)

Lauda buscava o bicampeonato e Hunt, seu primeiro título. No entanto, a história começou bem antes da temporada de 1976. Aos 64 anos, trabalhando na equipe da Mercedes, Niki Lauda precisou contar para o roteirista do filme todos os detalhes dos primeiros desentendimentos com James Hunt, ainda no final da  década de 60.

Na décima corrida da temporada, no GP de Nurburgring, na Alemanha, após ser pressionado por James Hunt e outros pilotos a concordar em correr, mesmo sem condições climáticas favoráveis, o piloto da Ferrari sofreu um acidente grave e ficou quase um minuto preso dentro do carro em chamas. Lauda sofreu queimaduras gravíssimas em todo o lado direito do corpo, os fiscais de pista ficaram apavorados com tanto fogo, seis pilotos pararam os carros para tentar salvar a vida de Niki Lauda. Entre esses carros, estava a Copersucar do bicampeão brasileiro Emerson Fittipaldi. Hoje, Fittipaldi, fala do antagonismo evidente entre as duas personalidades da época e relembra aquele momento difícil.
- A imagem que ficou o Niki assim semiacordado, desesperado coitado, e aquela frustração, apesar de você ter ajudado e não poder fazer mais nada. Ele estava nas mãos de Deus -  conta o piloto.
Cartaz do filme que conta a história de Niki Lauda e James Junt em 1976 (Foto: Divulgação)Cartaz do filme que conta a história de Niki Lauda e James
Junt em 1976 (Foto: Divulgação)
Duas imagens de arquivo dizem mais do que muitas descrições. No pódio, Niki Lauda preferia ficar escondido atrás de óculos escuros e devolver as flores que ganhava de presente. Já James Hunt acendia um cigarro e abria uma cerveja.
- O Niki é aquele austríaco alemão, totalmente. Todo planejado, o outro sem planejar nada (risos) - relembra Emerson.
A missão de recriar o circo da Fórmula 1 dos anos 70 caiu nas mãos de um vencedor do Oscar.  O diretor Ron Howard recebeu a estatueta máxima com o filme "Uma Mente Brilhante", de 2001 e, em entrevista ao Esporte Espetacular, ele falou de "Rush".
- Essa rivalidade tem muito drama envolvido. Eu sentia que o mundo da Fórmula 1 era algo novo, empolgante. As corridas em si eram um pouco assustadoras na hora de se filmar - relatou.
As filmagens aconteceram na Inglaterra, na Alemanha e na Áustria. Para fazer a reconstituição das corridas, a produção teve o apoio de uma equipe da Fórmula 1 especializada em peças antigas. Há muitos efeitos especiais, mas a Ferrari 312T2, de Niki Lauda, e a McLaren M23, de James Hunt, são de verdade.
- As pessoas sempre acham alguém para se comparar. Algumas vezes eles são amigos. Outras são inimigos. E outras vezes são as duas coisas. A gente passou dois dias lá filmando a sequência posterior à batida, uma parte do acidente. E no fim das contas, foram dias bem silenciosos, tensos. Porque você está fazendo um filme para o público, tentando entreter as pessoas, mas ali você está recriando algo que faz parte da vida de uma pessoa, uma parte trágica da vida de alguém, uma parte dramática – explica o diretor do filme.
Niki Lauda, ex-piloto da F1 (Foto: Getty Images)Niki Lauda é um apaixonado pela F-1,
atualmente trabalha na Mercedez (Getty Images)
Atualmente, Niki Lauda está muito bem de saúde. Aos 64 anos, o tricampeão mundial é um dos homens-fortes da equipe Mercedes. Niki acumula muitos sucessos na vida profissional, é dono de uma companhia aérea, comentarista esportivo na TV alemã e treinador de atores. Ele fez questão de ajudar o ator Daniel Bruhl, o Niki das telonas, e disse a razão.
- Com ele eu me encontrei umas oito, dez vezes. No primeiro encontro ele disse: “Sabe, para mim isso é muito difícil”. E eu perguntei o motivo. Ele respondeu: “Porque você está vivo e é conhecido, as pessoas sabem como você fala, as pessoas veem você na televisão o tempo todo, então eu não vou interpretar alguém morto, vou interpretar alguém que está aqui” - contou Lauda sobre a conversa com Daniel, que precisou de muita maquiagem para ter o efeito de Lauda antes e depois do acidente.
Coube ao ator Chris Hemsworth interpretar, sem tanta maquiagem, James Hunt, um dos maiores galãs do automobilismo.

Temporada de 1976
Foram dias bem silenciosos, tensos, porque você está fazendo um filme para o público, tentando entreter as pessoas, mas ali você está recriando algo que faz parte da vida de uma pessoa, uma parte trágica da vida de alguém, uma parte dramática"
Ron Howard, diretor do filme
Niki Lauda dominou a primeira parte do Campeonato de 1976, venceu a corrida de abertura da temporada, em Interlagos, São Paulo, presente no filme, e venceu a segunda, na África do Sul. Foram cinco vitórias nas primeiras dez etapas do Mundial, até chegar a etapa da Alemanha e o fatídico acidente. Na época, Hunt era o único adversário que poderia acompanhar o ritmo do campeão mundial, e não deixou a oportunidade passar. O piloto da McLaren venceu duas corridas nessa primeira parte do campeonato: Espanha e França.
Com Niki Lauda no hospital, o campeonato parecia ter caído no colo de James Hunt. Mas o austríaco surpreendeu o mundo do esporte e voltou a pilotar 42 dias após o acidente na Alemanha. Ele perdeu apenas duas corridas até assumir a Ferrari número 1 no circuito de Monza, na Itália. James Hunt não completou aquela prova e Niki Lauda chegou em quarto lugar. A rivalidade estava de volta. Fittipaldi conta como era competir na época entre os dois.
- Era uma rivalidade espetacular porque eram dois personagens totalmente diferentes. Nunca ninguém achou que o James pudesse ganhar do Niki pela personalidade dele, né, brincalhão, divertido, meio playboy, dormia na hora errada e no dia seguinte tinha que acelerar, e o Niki todo certinho -  relembrou.

Mas no fim, a irresponsabilidade do inglês pesou. Um temporal atingiu a pista de Fuji no dia da corrida. Os pilotos praticamente não enxergavam os outros carros, Niki Lauda preferiu não correr mais riscos e abandonou a prova na segunda volta. James Hunt permaneceu na pista. Com a ultrapassagem sobre Alan Jones, da equipe Surtees, ele garantiu o terceiro lugar e o título de 1976 com apenas um ponto de vantagem sobre Niki Lauda. Esse filme vale assistir, não?
Cineasta Ron Howard tieta tricampeão Niki Lauda durante GP de Mônaco (Foto: Getty Images)Cineasta Ron Howard tieta tricampeão Niki Lauda durante GP de Mônaco (Foto: Getty Images)

Nenhum comentário:

Postar um comentário