terça-feira, 8 de outubro de 2013

Maldonado: 'Beltran é maluco com os outros. Minha mão vai deixá-lo manso'

Meio-pesado fala sobre sua nova fase, acha que tem mais queixo que o
rival e diz que vida está mais difícil após deixar a Team Nogueira

Por Barueri, SP
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Se existe um lutador sincero no UFC, ele se chama Fábio Maldonado. O "Caipira de aço", que enfrenta o americano Joey Beltran no UFC Fight Night no Combate: Maia x Shields na próxima quarta-feira, não teve papas na língua ao analisar o seu adversário. Mesmo reconhecendo qualidades de Beltran, Maldonado garantiu que "amansará" o americano quando a sua mão o tocar.
- O resultado ruim do Beltran não é tão ruim assim. Dá pra ver que esse cara é meio malucão. Tem coração, mas é meio maluco. Ele lutava nos pesos-pesados, fez luta dura contra o Stipe Miocic e o Pat Barry, deu trabalho a eles e ganhou de um cara que me ganhou quando desceu para os meio-pesados, que foi o Igor Pokrajac. Só sofreu o nocaute de um cara que tem uma mão que não tem como falar nada, que foi o Lavar Johnson. Eu gosto de encarar esses malucos, porque eles fazem a estratégia deles e dá certo. A minha não é, como no caso do boxe, boxear. Eu gosto de brigar, de ir pra parada pra decidir. Ele pode ser maluco nas outras lutas, mas aqui eu vou pôr a mão nele e ele vai ficar mansinho.
Fábio Maldonado Treino Aberto UFC Barueri (Foto: Rodrigo Malinverni)Fábio Maldonado no treino aberto do UFC em Barueri (Foto: Rodrigo Malinverni)
Para o meio-pesado brasileiro, mesmo com os imprevistos que uma luta pode ter, o seu treinamento e sua resistência são seus trunfos para castigar Beltran no octógono em Barueri.
- Eu estou treinando muito chão, mas luta é luta. A gente vê cada coisa lá em cima. O Napão acertou aquele chute no Cro Cop, né? Pode acontecer de tudo. Mas eu acho que tenho mais trocação, mais chão e mais boxe que o Beltran, e ele tem mais experiência no wrestling. Eu vou querer desenrolar, mas se ele quiser ficar em pé, eu fico em pé. Adoro lutar boxe no MMA, é o que eu mais gosto na vida. Se ele quiser fazer assim, eu vou "cortar" ele. Eu consigo apanhar mais e tenho mais gás que ele. Estou com o jiu-jítsu em dia, estou com meu peso em dia, melhor que antes. Não sei se estava fazendo alguma coisa errada, mas eu não gosto de tirar peso antes. Prefiro deixar pra tirar tudo em cima da hora, pra não perder noites de sono. Estou me sentindo muito bem, e quem vai pagar o pato é esse mexicano aí, que vai ser espancado - disse Maldonado, confundindo-se com a nacionalidade de Beltran, que é americano, apesar de descendente de mexicanos.
A experiência que eu tenho do boxe me acalma. Tem muito garoto que toma um jab no rosto e se apavora. Apanhar na cara pra mim não é nada de mais"
Fábio Maldonado, lutador do UFC
O brasileiro reconheceu que o ritmo mais lento no primeiro round é uma deficiência sua, mas garante que a experiência compensa eventuais desvantagens iniciais.
- Começar devagar no primeiro round é um erro meu, e eu paguei o preço por ele contra o Glover. Aquele primeiro round foi muito difícil pra mim. Depois tava até gostoso no finalzinho (risos). No começo eu senti mesmo. Fazia muitos anos que eu não sentia golpes como aqueles. O negócio não é quando você vai aquecer na luta, mas a concentração, que eu acho que preciso melhorar. Mas a experiência que eu tenho do boxe me acalma. Tem muito garoto que toma um jab no rosto e se apavora. Apanhar na cara pra mim não é nada de mais. No dia que o UFC passar a ter lutas de cinco rounds, com sete rounds para a disputa de cinturão eu vou até tomar uma pra comemorar.
Perguntado sobre como ficou a sua vida após deixar a Team Nogueira, Fábio Maldonando mais uma vez foi sincero, e disse que as dificuldades aumentaram.
- Ficou tudo mais difícil depois que eu saí da Team Nogueira. Lá eu tinha um excelente treino, porque estava tudo na mão. Tinha treino forte de wrestling, treino de jiu-jítsu, boxe com os baianos... agora eu estou com meus amigos, o Patrício Pitbull me ajudou demais, se não fosse por ele eu teria que ir pra outro lugar, porque não ia ter como fazer meu camp sozinho. Aprendi muito com ele. Na minha opinião, se você quer ser bom em alguma coisa, vai ser sempre difícil. Seja repórter, lutador, o que for. E é importante ter ajuda e parceria. Se quiser fazer tudo sozinho, vai sair tudo ruim. Eu precisei dos meus amigos, e o Demian Maia e o Daniel Sarafian me ampararam como se eu fosse da família deles. Sem eles eu não teria como ficar aqui em Sorocaba. Infelizmente, como em todo o interior de São Paulo, os lutadores são bons, mas fazem uma coisa só. Quem é bom no jiu-jítsu é zero de boxe, e quem é bom trocador é zero de jiu-jítsu.
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Fábio Maldonado MMA UFC (Foto: Rodrigo Malinverni)Fábio Maldonado vai lutar no card principal na quarta-feira (Foto: Rodrigo Malinverni)
O lutador revelou não ter se encontrado ainda com os irmãos Rodrigo Minotauro e Rogério Minotouro, mas garante que tem pelos dois a maior gratidão possível.
- Só encontrei o Rodrigo (Minotauro) de longe, só de vista, mas nem sei como vai ser a reação quando eu o vir. Mas aqui eu já vi todo mundo, e os lutadores que estão aqui me trataram normal, sem diferença nenhuma. Mas eu devo muito a esses dois irmãos, o Rodrigo e o Rogério Nogueira. Quando meu pai morreu, eu estava na casa do Rogério e ele me mandou de avião direto para a minha cidade, quando ainda havia voo direto do Rio pra Sorocaba. O Rodrigo me colocou no UFC, e eu devo estar aqui a ele, ao Thiago Tavares e ao Alex Davis. Mas eu fiz muito também por ele. Na luta do Rodrigo contra o Randy Couture eu fiquei três meses com ele na Califórnia, como treinador particularzão mesmo. A minha melhora no chão eu devo ao Rodrigo, mas também ao Thiago Tavares, que foi meu treinador particular também.
Maldonando garantiu que não vê como uma superação pessoal a luta contra Joey Beltrán após ter tido de mudar sua vida com a saída da Team Nogueira.
- Não tem nada de superação. Sem drama. É difícil ser lutador? Claro que é. Mas ser qualquer coisa é difícil. O que eu vou fazer é bater no Joey Beltran, vou tentar machucar ele, e ele vai tentar fazer o papel dele. São dois homens ali dentro. Eu sou muito frio pra lutar. Fico mais nervoso dando entrevista e no vestiário do que lutando. Não tem nada de superação, não... tive tudo na mão. Vários amigos meus saíram das cidades deles pra ficar comigo treinando. Eu não faço drama. Já lutei bem com muito menos recursos. Quando eu estreei no UFC, em 2010, eu não tinha nenhum treino em pé. O Kevin e o Thiago Tavares me ajudaram, e tentavam arrumar sparrings em cidades vizinhas.
Fiquei muito insatisfeito coma minha apresentação contra o Roger Hollett. Eu estava nervoso demais, a luta ficou boa para eu nocautear várias vezes, mas eu não nocauteava, e comecei a pensar que vinha de três derrotas, que tenho filhos pra criar. Aí decidi bater só na boa"
Fábio Maldonado, lutador do UFC
O meio-pesado revelou também sua insatisfação com a performance diante de Roger Hollett no UFC em Jaraguá do Sul-SC, e deu sua opinião sobre a perda de peso no MMA.
- Eu fiquei muito insatisfeito coma minha apresentação contra o Roger Hollett. Eu estava nervoso demais, a luta ficou boa para eu nocautear várias vezes, mas eu não nocauteava, e comecei a pensar que vinha de três derrotas, que tenho filhos pra criar. Aí decidi bater só na boa, não arriscar, porque o cara estava dominado. O fato é que sempre tem pressão, mas agora vou tentar desenrolar mais o jogo, porque estou sentindo que tô um pouco melhor, mais magrinho. Eu estava mais gordinho contra o Hollett, e agora eu estou mais forte. Isso de peso é uma coisa maluca. O MMA é um esporte que ainda está sendo descoberto. O Gleison Tibau é um cavalo, ele tira muito peso e, na hora da luta, ele está bem. Mas outros não podem fazer isso. Alguém vai falar que o Lyoto está na categoria errada? Sei lá. Muita gente diz que o Anderson fora de treino pesa 105kg. Isso é a maior mentira que eu já vi. Eu estava com ele duas semanas após a luta contra o Thales Leites, e ele estava pesando 88,5kg. Também já vi o Anderson com 98kg, 100kg, mas em duas semanas sem treinar nada, e com roupa. Eu, hoje, em jejum, pesei 96,8kg. Dá pra perder isso rapidinho até a pesagem - finalizou o lutador.
O UFC Fight Night no Combate: Maia x Shields será realizado nesta quarta-feira, a partir das 18h (de Brasília), em Barueri-SP. O canal Combate transmite o evento ao vivo, e o Combate.com acompanha todos os detalhes em Tempo Real. O site também transmite ao vivo o primeiro duelo do evento, entre os estreantes Alan Nuguette e Garett Witheley.
UFC Fight Night no Combate: Maia x Shields
9 de outubro, em Barueri (SP)
CARD PRINCIPAL
Demian Maia x Jake Shields
Erick Silva x Dong Hyun Kim
Thiago Silva x Matt Hamill
Fábio Maldonado x Joey Beltran
Rousimar Toquinho x Mike Pierce
Raphael Assunção x TJ Dillashaw
CARD PRELIMINAR
Ildemar Marajó x Igor Araújo
Yan Cabral x David Mitchell
Iliarde Santos x Chris Cariaso
Alan Nuguette x Garett Whiteley

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