terça-feira, 3 de dezembro de 2013

'Faixa-preta' no surfe, Kelly Slater explica ligação com a família Gracie

Americano onze vezes campeão mundial revela que trocava aulas de jiu-jítsu por pranchas com Rickson, quando brasileiro morava na Califórnia (EUA)

Por Rio de Janeiro
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Onze vezes campeão mundial de surfe, Kelly Slater tem as artes marciais como hobby e gosta de treinar jiu-jítsu. Se no mar ele pode ser considerado um faixa-preta, no tatame ele sempre contou com professores de alto nível. Sua ligação com as artes marciais começou cedo, quando criança, treinando kickboxing com Don "The Dragon" Wilson, campeão mundial na modalidade. Na década de 90, teve seu primeiro contato com o jiu-jítsu ao vir para o Brasil e ver uma demonstração feita por um grupo de seguranças. A arte suave entrou de vez na vida do surfista quando conheceu Rickson Gracie e fez um acordo com o lutador: trocar aulas com ele por pranchas de surfe. Daí para a frente se iniciou uma amizade com boa parte da família e com outros lutadores. Um deles até hoje dá treino para Slater quando ele vem ao Brasil. Um dos principais nomes do auge da Brazililan Top Team (BTT) na época do Pride, Ricardo Arona elogiou o pupilo.
- Eu tenho a aprender com ele, ele comigo, e ele se dedica muito à luta. Treina bem, não dá moleza, gosta, chegou no Brasil e me ligou pedindo para treinar, então ficou muito fácil. Ele tem a capacidade atlética, o gás, alongamento, raciocínio rápido, entao é muito fácil. Traz as facilildades do surfe para o jiu-jítsu, então fica muito mais fácil - afirmou Arona.
Slater também fez questão de exaltar o talento de Arona com a prancha e disse que o brasileiro pode ser considerado um faixa-marrom de surfe.
- Ele é um excelente surfista (risos). Um faixa marrom. Tenho certeza que ele é melhor no surfe do que eu no jiu-jítsu - brincou, depois de ter revelado que costuma pedir para o presidente do UFC, Dana White, contratar Arona.
Kelly Slater tem ligação com as artes marciais desde criança (Foto: Reprodução / SporTV.com)Kelly Slater tem ligação com as artes marciais desde criança (Foto: Reprodução / SporTV.com)
Em entrevista ao "Sensei SporTV", Kelly Slater também revelou sua admiração pelos lutadores brasileiros e disse que considera Jon Jones o melhor lutador do mundo na atualidade. Confira a entrevista completa abaixo:
Início nas artes marciais
Na verdade, eu já curtia kickboxing e caratê quando eu era pequeno, com uns 8 ou 9 anos. Em Cocoa Beach, onde eu cresci, tinha um cara chamado Don "The Dragon" Wilson. Ele era campeão mundial de kickboxing. Meu irmão e eu fomos ao dojô dele e treinamos caratê por um tempo. Mas a gente surfava tanto que não deu continuidade. Sabe, quando você é criança quer aprender artes marciais. A gente via os filmes e tal... Sempre fui apaixonado por artes marciais, mas só fui descobrir o jiu-jítsu quando vim ao Brasil no começo da década de 90. Vim pela primeira vez em 1992. Um grupo de seguranças no nosso evento fez uma demonstração para nós. Foi o meu primeiro contato com o jiu-jítsu. Mais tarde fiz amizade com os Gracie, com o Rickson. Também conheci o Royce, Royler e o Kron. Na verdade, eu já conheço boa parte da família.
Todos eles surfam?
Sim. Conheci o Rickson pelo surfe mesmo. Porque ele morou na Califórnia por um bom tempo, e eu encontrava ele em Rincon e outros lugares. A gente começou a se falar. Eu e o meu amigo Travis, que veio comigo, nós meio que patrocinamos o Rickson, providenciando pranchas. Ele encomendava pranchas personalizadas. Então a gente sugeriu: "Nos dê umas aulas de vez em quando, e a gente descola umas pranchas para você". Aí eu conheci o Arona através do patrocinador e graças aos meus amigos fui conhecendo muita gente.
Semelhanças entre surfe e artes marciais
Quando eu penso nisso, eu me refiro aos níveis do que se aprende. Primeiro você precisa aprender o básico para ser mais dinâmico depois. Além disso, tem as técnicas, a forma como se usa o corpo. No surge, a ideia é ser o mais eficiente possível. Li bastante sobre o Bruce Lee ao longo dos anos, e a filosofia dele tem muito a ver com qualquer atividade física, mas também atividade mental ou emocional. Tudo funciona em conjunto. Enfim, a ideia é fazer o movimento mais eficiente possível. Não precisa fazer coisas demais. Só tem que executar bem o que fizer. Quando a técnica está correta, o resultado é melhor.
Lutador favorito no MMA
Tenho vários favoritos. O Arona é um, e eu adoraria vê-lo lutando de novo. Eu já encho o saco dele com isso há anos. "Vá para o UFC!" (risos). Sempre que encontro o Dana White, eu digo: "Chame o Arona para lutar!". Relembrando o que o Royce fez nos primórdios, eu queria que o Rickson tivesse tido a chance de lutar no UFC, ou tivesse escolhido isso. Enfim, eu tenho muitos favoritos. Adoro o estilo do Lyoto. A trocação e os contragolpes dele são inacreditáveis. Resta falar alguma coisa sobre o Anderson? Dá para falar o que quiser. Ele é bizarro. A minha declaração favorita dele foi depois da vitória contra o Stephan Bonnar. Ele disse: "Acredito que eu sou capaz de fazer o que muitos consideram impossível". Isso é uma grande mensagem para toda a humanidade, de maneira geral. Enfim, eu conheço muitos deles e sempre adorei acompanhar as lutas do Vitor. Quando vim aqui nos anos 90 e vi a luta dele contra Wanderlei, ele tinha só 18 anos e era o novato. Conheci-o naquela época. Fomos jantar em uma churrascaria, e eu fiquei impressionado. "O cara é enorme". No momento, eu diria que o Jon Jones é o melhor lutador do mundo. Não sei de onde ele tirou essa capacidade. Ele conhece todas as fraquezas de todos os adversários e se iguala a eles em seus pontos fortes. Sem falar que ele continua melhorando. Ele tem o biotipo certo, e o peso dele se encaixa naquela categoria, onde ele não precisa encarar os caras gigantes. Apesar disso, eu acho que ele é capaz de ganhar qualquer peso-pesado. Acho que nunca saberemos.
Kelly Slater e Ricardo Arona treinam jiu-jítsu juntos (Foto: Reprodução / SporTV.com)Kelly Slater e Ricardo Arona treinam jiu-jítsu juntos (Foto: Reprodução / SporTV.com)
Jon Jones é o Kelly Slater do MMA?
Sei lá. Eu adoraria ser o Jon Jones do surfe. Dá a impressão que ninguém vai ganhar dele tão cedo, mas quando o Vitor pegou o braço dele, eu fiquei gritando para a TV: "Quebra o braço dele!". Enfim, eu amo o esporte, sou fã e adoro assistir. Gosto de conhecer o pessoal. Virei amigo de muitos deles ao longo dos anos, como o BJ Penn, por exemplo. A gente manda mensagens de vez em quando e conversamos sobre as lutas. Para mim, isso é muito legal porque eu sou fã deles. É bom ter acesso aos bastidores para entender a história real. Poucas horas depois de o Vitor perder para o Jon Jones, eu falei com ele no telefone, e ele me disse: "Ouvi o braço dele estalando". Eu acho muito interessante poder surfar contra os melhores do mundo há tanto tempo, mas também ter a perspectiva e ser fã de outro esporte. Adoro isso.
Como conheceu o Arona?
A primeira vez que o vi lutar na TV. Eu estava contando para ele que a primeira que te vi lutar acho que foi em 2005. Eu estava vendo o Pride na televisão. Na verdade, eu estava assistindo com brasileiros em Nova York e eu perguntei: "Quem é esse cara? Ele é incrível!".Você conheceu o Jeremy pouco depois. Foi assim que nos conhecemos, através do Jeremy. Esse cara é fantástico.
Ele é bom surfista?
Não. Ele é um excelente surfista (risos). Ele é um faixa marrom.
Arona é melhor no surfe do que você no jiu-jítsu?
Tenho certeza que sim (risos)

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