"La Décima": de virada, Real goleia Atlético na prorrogação e leva taça
Godín abre placar no primeiro tempo, mas Sergio Ramos empata aos 48, Bale garante virada no tempo extra, e Marcelo e Cristiano Ronaldo selam conquista da Champions
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Após três anos consecutivos parando nas semifinais, o maior vencedor da história da Champions volta ao posto mais alto do continente. Tudo parecia perdido até os 48 minutos do segundo tempo, quando o zagueiro Sergio Ramos subiu de cabeça para marcar o gol de empate, igualando o placar aberto por Godín aos 35 de jogo, em falha de Casillas. Na prorrogação, o galês Bale se redimiu de chances desperdiçadas ao iniciar a virada, aos quatro da última etapa. A três minutos do fim, o brasileiro Marcelo ampliou a vantagem com um chute rasteiro. Mas a festa só se completou com Cristiano Ronaldo selando a conquista, de pênalti, sofrido por ele mesmo, aos 15.
Cristiano Ronaldo tira a camisa para comemorar o quarto gol do Real: "La Décima" é merengue (Foto: Agência EFE)
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Foi
um duelo entre dois times valentes. Depois de fazer uma partida pior
nos primeiros 90 minutos, o Real precisaria ter mais coração que o
Atlético para vencer a
décima Liga dos Campeões. Motivados pelo gol nos acréscimos, os
merengues ignoraram as dores, dominaram a prorrogação, e em uma jogada
de Di Maria, o grande astro do time na partida, chegaram ao gol
improvável. Cristiano Ronaldo, apagado e bem marcado, conquistou sua
segunda Champions e viveu o sonho de ser coroado rei em Portugal, diante
de seu povo. A decepção da final foi Diego Costa, artilheiro do
Atlético, que jogou somente oito dos 120 minutos, e viu do banco seu
time perder um título que parecia ganho.- Veja como foi o jogo, lance a lance
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Mais do que levantar seu segundo título no ano - conquistou também a Copa do Rei -, o Real Madrid consegue prorrogar a maldição do Atlético, de nunca ter vencido uma Champions, e trazer um filme de volta à cabeça dos colchoneros. Há 40 anos, na única final de Liga dos Campeões que o time havia disputado, o título também estava garantido até os últimos minutos, quando o Bayern de Munique fez um gol e acabou com a festa, forçando um jogo extra, vencido pelos alemães por 4 a 0. O sonho foi estraçalhado mais uma vez, de forma dramática. Não importa o que aconteça daqui para frente, a geração de Simeone ficará eternizada pelo título do Campeonato Espanhol e a boa campanha na Liga dos Campeões, mas também carregará consigo esta marca para sempre.
Jogadores e comissão técnica do Real comemoram "La Décima" com a "orelhuda" em campo (Foto: Agência Reuters)
SUSTO E VIBRAÇÃO COLCHONERA
Nos primeiros minutos, o Atlético de Madrid deu uma grande demonstração de organização e tranquilidade, diante da forte pressão imposta pelo Real Madrid. Custou caro aos merengues chegar perto do gol de Courtois. Que falta fez Xabi Alonso, fora da final por uma suspensão. O alemão Khedira, que jogou em seu lugar, perdeu quase todas as disputas em que entrou, inclusive a mais importante delas, de onde saiu o primeiro gol do Atlético.
Diego Costa sai de campo, substituído por Adrián, aos oito minutos de partida (Foto: Agência Reuters)
A perda de Diego Costa, substituído por Adrián logo aos oito minutos, não mexeu com os
colchoneros, que se mantinham firmes, defendendo em duas linhas de
quatro e esperando o Real. Assim, evitaram os contra-ataques mortais do
adversário, principal arma do italiano Carlo Ancelotti. Por isso, não
foi um jogo de muitas chances na primeira etapa.
Gabi se estranha com Sergio Ramos e Coentrão após falta em Di María (Foto: Agência AFP )
Os
merengues tiveram Cristiano Ronaldo extremamente bem marcado, sempre
com um jogador próximo e outro na cobertura, e precisaram contar com o
talento de Di María para arrancar as melhores oportunidades
do time e levantar a torcida com seus dribles empolgantes e futebol de
alta fluidez. Fez tanto que acabou sofrendo carrinho por trás de Raúl
García, punido apenas com o cartão amarelo, e expôs a rivalidade
madrilenha em campo, com troca de empurrões e provocações de Sergio
Ramos, advertido pelo árbitro também, e Fabio Coentrão com Gabi.
Di MarÍa sofre falta por trás de Raúl García: argentino é o destaque merengue na antiga casa (Foto: Agência Reuters)
Quando o Real conseguia chegar perto do gol do Atlético, não tinha espaço. O pouco que tinha não era o suficiente para conseguir uma finalização boa o suficiente para bater o seguro goleiro Courtois, que mostrou mais uma vez que é um dos melhores do mundo, mesmo ainda aos 22 anos. Até quando não defende, o goleiro faz a diferença. Na melhor oportunidade merengue no primeiro tempo, o português Tiago falhou na saída da defesa e deu passe para Bale, que saiu em disparada em direção ao gol e fez tudo corretamente, até a hora do chute. O galês sabia que uma conclusão qualquer não bateria Courtois, buscou o canto, e terminou a jogada se lamentando pelo excesso de capricho ao ver a bola saindo pela linha de fundo.
Godín ganha de Khedira pelo alto e toca de cabeça, enquanto Casillas começa a recuar (Foto: Agência Reuters)
Simeone
viu que estava na hora de mudar de postura. Desesperadamente, pediu ao
seu time, quase entrando no gramado, para que pressionassem a saída de
bola do Real. Foi assim que o Atlético ganhou escanteios para poder
explorar a maior força de sua equipe: as jogadas aéreas. Assim, aos 35
minutos, Gabi cobrou, Varane afastou, e na sobra frontal Juanfran
colocou de novo para a área pelo alto. Na marca do pênalti, Godín subiu
mais do que Khedira, cabeceou forte e aproveitou a saída em falso de
Casillas. A bola encobriu o goleiro e só não foi de imediato para o
fundo da rede porque o camisa 1 ainda conseguiu pular nela para tentar
evitar o gol. Só que foi muito tarde. A abertura do placar incendiou a
torcida e mostrou um Atlético psicologicamente mais inteiro em campo até
o fim do primeiro tempo.
Casillas tenta tirar, mas bola passa da linha, enquanto Raúl García e Adrián conferem o gol (Foto: Agência Reuters)
PRESSÃO E SALVAÇÃO MERENGUE
O Atlético voltou melhor no segundo tempo também. Em uma primeira oportunidade, quase ampliou o placar com estilo, quando Koke cruzou bonito para Raúl García pegar de primeira dentro da área. O chute foi para fora, e o Real Madrid ainda não tinha entrado no jogo.
Quem precisou incendiar a partida novamente foi Di Maria. Depois de driblar três e levantar o Estádio da Luz, onde jogou quando defendia as cores do Benfica, foi parado por Miranda com falta. O argentino fazia o que Bale e Cristiano Ronaldo, com marcação mais forte, não conseguiam. Mas isso iria mudar.
Miranda vigia CR7 de perto, enquanto Bale espera a bola: craques com pouco espaço (Foto: Agência Reuters)
CR7 apareceu bem na partida pela primeira vez aos oito minutos, na cobrança da falta sofrida por Di Maria. Courtois defendeu o chute com jeito estranho, mandando para escanteio. Depois do levantamento na área, a bola sobrou para o português, que teve chute desviado para fora. A segunda cobrança foi direta na cabeça de Cristiano Ronaldo, que mandou para fora. O craque voltou determinado a mudar a história do jogo.
Marcelo entra no lugar de Fabio Coentrão para dar mais força ofensiva ao Real (Foto: Agência AFP)
Ancelotti
também não estava satisfeito com o cenário e decidiu mudar. O técnico
colocou um time mais ofensivo em campo ao trocar Fabio Coentrão pelo
brasileiro Marcelo e Khedira, o pior em campo, por Isco. Começou a
pressão. O Real perdeu um gol claro após Cristiano Ronaldo e Benzema
furarem cruzamento na área, aos 16. A partida ganhou nova cara, mas o
Real Madrid desperdiçava as poucas chances que tinha. Isco chutou para
fora uma sobra na entrada da área, aos 22.Bale também tinha dificuldades em acertar o alvo. O galês, que custou 91 milhões de euros (cerca de R$ 300 milhões) ao Real Madrid, e já havia desperdiçado a melhor oportunidade do time na primeira etapa, perdeu duas chances claras de empatar o jogo, aos 28 e aos 32, e irritou a torcida merengue.
Sergio Ramos sobe com estilo para fazer o gol de empate do Real aos 48 do segundo tempo (Foto: Agência Reuters)
Mas o Real Madrid nunca desistiu, e foi recompensado por isso. Intensificou a pressão nos últimos minutos e, quando tudo parecia acabado, e o Atlético tinha uma das mãos na taça, aos 48 do segundo tempo, Sergio Ramos arrancou o gol de empate. O zagueiro teve sangue frio ao cabecear escanteio cobrado por Modric e colocar a bola no cantinho, inalcançável para Courtois. Os merengues igualaram na raça e ganharam a chance de disputar uma merecida prorrogação.
Sergio Ramos vibra muito ao fazer o gol salvador merengue nos acréscimos (Foto: Agência Reuters)
VIRADA NOS 11 MINUTOS FINAIS
No começo da prorrogação, foi difícil imaginar a partida terminando de outra forma, senão nos pênaltis. Depois de intensos 90 minutos com os dois times deixando tudo o que tinham dentro de campo, faltava perna.
Ainda no primeiro tempo, vários jogadores mancaram, com seus músculos no limite do esforço. A criatividade foi comprometida e, por isso, um jogo truncado no meio não permitiu grandes chances a ninguém nos 15 minutos iniciais.
Bale pula alto para completar de cabeça cruzamento de Di María e virar o jogo (Foto: Agência Reuters)
Ainda motivado pelo gol no último minuto do segundo tempo, o Real Madrid chegou melhor para os 15 minutos finais. Foi pelos pés de Di Maria, eleito melhor em campo, que veio o gol que mudou toda a história. O argentino fez grande jogada, que terminou na cabeça de Bale, para fazer 2 a 1. Abalado, o Atlético abriu a porteira para o grande campeão passar. Marcelo, em jogada individual, fez o terceiro.
Marcelo tira a camisa do Real para comemorar o terceiro gol merengue (Foto: Agência Reuters)
E o placar foi fechado pelo melhor do mundo. Em casa, o português Cristiano Ronaldo marcou o quarto, de pênalti, sofrido por ele mesmo, aos 15 do segundo tempo. E nem adiantou a invasão de campo do técnico Diego Simeone. Em um jogo maluco e de alto nível, desses que só a Liga dos Campeões parece capaz de proporcionar, o Real Madrid sagrou-se campeão mais uma vez, La Décima.
Simeone entra em campo, Diego reclama, e Varane encara treinador logo depois do quarto gol (Foto: Agência Reuters)
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