domingo, 24 de agosto de 2014

Fred fala em reação e pede torcida ao lado para o Flu buscar arrancada

Atacante comemora os gols marcados na vitória tricolor e, mesmo sem partir para o confronto, volta a abordar o comportamento agressivo dos torcedores

Por Rio de Janeiro
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Fred respirou aliviado e satisfeito. Com a goleada por 4 a 0 sobre o Sport, no Maracanã, o Fluminense fez as pazes com a vitória depois de quatro partidas de jejum (três pelo Brasileiro e uma pela Copa do Brasil) e o grupo volta a sonha com as primeiras posições do campeonato (veja o vídeo com os melhores momentos). Para isso, no entanto, o camisa 9 voltou a tocar na relação com a torcida.
Depois de episódios de turbulência nos últimos dias, com agressões de membros de organizadas e respostas em tom forte do jogador, ele pediu apoio para ajudar o time a conseguir uma arrancada rumo à liderança.
- Tem de ser a hora de uma nova reação. O que a gente tem de fazer é concentrar para não cometer os mesmos erros. A gente vinha de bons resultados, muitos elogios e um jogo que levamos uma virada incrível aqui trouxe todo tipo de coisa ruim para a gente. Depois daquele jogo, a partir dali foi só para baixo, para baixo, para baixo, e a gente estava tentando buscar essa nova reação. Ganhar com quatro gols dá um ânimo maior e a gente pode chamar novamente o torcedor para o nosso lado. O torcedor pode cobrar. Mas ir em aeroporto e... A gente precisa até do apoio de vocês, quebrar carro, agredir jogador, não pode existir mais.
Fred jogo Fluminense x Sport (Foto: Nelson Perez / Site Oficial do Fluminense)Fred tenta a jogada durante a partida contra o Sport (Foto: Nelson Perez / Site Oficial do Fluminense)

Confira a entrevista completa de Fred:
Hora de nova reação
- Tem de ser a hora de uma nova reação. O que a gente tem de fazer é concentrar para não cometer os mesmos erros. A gente vinha de bons resultados, muitos elogios e um jogo que levamos uma virada incrível aqui gerou todo esse desgaste e trouxe todo tipo de coisa ruim para a gente. Depois daquele jogo eu não ia falar, mas a responsabilidade era toda nossa, dos jogadores, e a partir dali foi só para baixo, para baixo, para baixo. A gente estava tentando buscar essa nova reação. Ganhar com quatro gols aqui em casa dá um ânimo maior e a gente pode chamar novamente o torcedor para o nosso lado.

Atuação e violência
- Eu sempre me preparei para estar fazendo os gols e também consigo enxergar muito bem quando as coisas não estão boas para o meu lado, não estava conseguindo jogar bem, mas estava me doando ao máximo. Não vinha dando nada certo. Foi uma semana complicada, estou acostumado com isso, especialmente no Fluminense. Tenho cinco anos de casa, passei por isso em 2009, 2011, esse ano, sempre fui contra qualquer tipo de violência, qualquer tipo de agressão. É uma coisa que virou moda no Brasil e acaba deixando qualquer jogador exposto. Vimos agora o André Santos no Flamengo. Apanhou, rescindiu, e parece que está errado ainda. O torcedor pode cobrar, vaiar, é justo. Mas ir em aeroporto e... A gente precisa até do apoio de vocês, quebrar carro, agredir jogador, não pode existir mais. Tem de forçar o Ministério Público a tomar uma atitude, isso não pode acontecer mais, alguém tem de fazer algo. E se pega uma pedra como aconteceu na Argélia? Imagina eu saindo com o carro, pessoal me dando pedrada, gente na minha frente, acelero, acontece um desastre maior. Nunca vou aceitar isso. Tenho de pensar no meu grupo e vou fazer isso aqui sempre que for necessário.

Seleção brasileira
- Tenho minhas características, o meu melhor é dentro da área, fazendo os gols. Esse time, quando joga na minha função, faço os gols. Estão tentando acabar com o camisa 9 no futebol e daqui a pouco vão acabar com o camisa 10. A seleção foi complicada, foi ruim para todo mundo, assumo minha responsabilidade, mas gostaria de sair da seleção, pegar uns vídeos e ver, falar "poderia ter feito aquele gol", "tive várias oportunidades". Eu perguntei isso na seleção: vocês querem que eu pegue a bola e drible? Jogo no Brasil e sei que a pressão é normal. Mas não tem como pegar um ou outro jogador, treinador, e fazer de bode expiatório. Estou me desdobrando para atuar melhor, o Cristóvão fala "o seu negócio é lá dentro para fazer gol para a gente". Ali eu sou muito mais perigoso e vou prender mais jogadores na área. Mas não sou caneludo, sei sair e buscar espaço, estou buscando uma evolução sempre. Está todo mundo questionando o 9. O maior artilheiro das Copas é um centroavante, o Klose. Se sair da área, morreu. Mas é um baita jogador. Não tem como querer apagar o camisa 9, é uma função muito grande, é o auge, é o gol. Mas estão tentando fazer isso. O 10 eu acho que é o próximo. A gente vê aí grandes jogadores clássicos que dizem que não têm como jogar. A gente tem o Ganso, Wagner, Conca, no dia que eu dirigir um time vão ser eles (o 10, o 9) e mais nove.

Pausa após a Copa
- Tive 10 dias de folga porque mentalmente estava muito desgastado. Aquele 7 a 1 machucou muito. Não só a jogadores, mas para todos que trabalham com futebol. Precisava daqueles dias para ficar mais próximo das pessoas que me amam de verdade. Na minha volta, voltei com o time muito bem. Falei com o Cristóvão que estava louco para jogar. Foi me colocando aos poucos. Ele sabe da minha importância, mas dá muito valor ao grupo também. Ainda bem que na hora de maior pressão as coisas estão voltando ao normal.

Liderança
- Pesa para mim a felicidade deles. Tem muita coisa interna que eles falam: "Calma, não precisa disso, deixa que a gente vai lá e coloca nossa cara um pouco".  Eu jogo tranquilo com pressão, mas alguns jogadores pode ser prejudicial. Então prefiro me expor. Mas aí vejo com a vitória todo mundo vir me abraçar, falar que está tudo certo, que o torcedor está comigo.

Agressões
- Aqui no Fluminense desde 2009 está assim. Aqui no Brasil é moda. Jogador não está bem, vamos dar porrada. Pode pressionar, vem aqui e vaia. Mas dar porrada, quebrar carro, jogar moeda, pedra, não tem como aceitar esse tipo de situação. Tem de acontecer e tem de ter força do MP, da imprensa. Vai precisar de quê? Morrer um como aconteceu na Argélia? Não é a organizada, são alguns membros. Eles não me respeitam e eu não respeito a atitude deles. Pode ser perigoso para mim? Pode, mas como vou conviver com isso? Se eles não estão satisfeitos com os gols, estão no direito deles, pagaram ingresso. O clube tirou ingresso, dinheiro deles, porque sou contra isso, briguei mesmo, a diretoria comprou a briga comigo. A gente tem de matar isso pela raiz. Tem de cortar. Aconteceu, corta logo. Eu estou sendo um dos responsáveis porque estou batendo de frente, é uma evolução. Acho que nada é maior do que o clube, nem um jogador, nem um presidente, nem uma diretoria, mas as coisas erradas têm de ser bem claras. Hoje o clube depende desses jogadores e dessa torcida, a gente tem de caminhar juntos. Violência não vou aceitar nunca. Isso afeta o emocional do grupo de uma forma negativa.

Retorno à seleção
- Tenho 30 anos, disputei duas Copas, ajudei a seleção em alguma coisa. Hoje não me vejo disputando uma Copa até por causa da idade, mas se o Dunga precisar de alguma coisa, sempre será uma honra ajudar de alguma forma. Eliminatórias, Copa América... Mas não é uma coisa que coloco como objetivo maior na minha carreira, acho que fica bem difícil.

Próximos jogos
- A sequência aqui no Fluminense é bem forte e acho que dois bons resultados podem dar mais moral para a gente ainda.

Cristóvão
- Temos um dos melhores treinadores do Brasil, um dos melhore que trabalhei, é um cara diferenciado, acima da média. O grupo todo respeita. Fazemos muito por ele também. O preisdente inclusive ofereceu renovação até o fim do mandato dele. Não tem como tirar ele daqui. Senão vamos brigar lá embaixo. Já vivemos isso com o Abel. Esse grupo depende muito do Cristóvão e da comissão técnica dele. O Brasileiro é muito difícil, a gente vai ter altos e baixos a competição inteira, mas vamos fazer tudo para manter o máximo de bons resultados e brigar na parte de cima da tabela.

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