Um ano após fratura, Medina volta ao Havaí para levar título: "Tive muita fé"
Primeiro brasileiro campeão mundial de surfe teve início difícil de temporada, mas diz que confiou em si mesmo: "O Brasil não fez história, Deus fez história na minha vida"
Gabriel Medina ergue a taça de campeão mundial de surfe de 2014 (Foto: Divulgação / ASP)
Há cerca de um ano, após a última etapa do WCT 2013, Gabriel Medinafraturou a fíbula da perna direita em uma sessão de "free surf" no pico Off The Wall,
bem ao lado do palanque do Pipeline Masters. Na ocasião, o paulista
havia terminado o evento em 13º lugar e resolveu curtir um pouco mais o
verão havaiano, quando foi surpreendido pela lesão que o deixou fora de
combate por um mês. Sem poder subir em uma prancha, iniciou um processo intensivo de recuperação
e voltou a competir no dia 1º de março de 2014 na etapa de abertura do
WCT. Em Snapper Rocks, na Gold Australiana, surpreendeu e sagrou-se campeão, vencendo na final o aussie Joel Parkinson. Era apenas o início de uma temporada quase perfeita, somando ainda os títulos nas ilhas Fiji e em Teahupoo, no Taiti. Na última das 11 paradas, conquistou o vice-campeonato em Pipeline, no Havaí, e o histórico título mundial para o surfe brasileiro.
Medina faz tratamento médico após fratura na perna direita no fim do ano passado (Foto: Breno Dines)
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No final do ano passado, quebrei a perna e não entendi nada. Foi do
nada. Acabei fazendo minha recuperação em casa, treinei, fui para
Snapper e acabei ganhando. Depois fui para Fiji e fiquei num ritmo bom,
passando as baterias, com a minha casa ficando cada vez mais longe. Foi
um ano excelente. Desde que eu perdi a etapa do Brasil na terceira fase,
minha mãe me falou que o melhor estava por vir e eu acreditei. Confiei
em mim. Tive muita fé e acho que, meu pai do meu lado falando coisas
positivas, me ajudou muito. Tiveram caras falando coisas negativas na
internet, em entrevistas, enfim, mas isso acabou ajudando também. Até os
que tentaram atrapalhar ajudaram - contou Medina, que liderou o ranking
mundial em 10 de 11 etapas do WCT 2014.
saiba mais
A
conquista de Medina fez o Brasil quebrar uma escrita de 38 anos. Desde
que o surfe tornou-se um esporte profissional, a hegemonia é de
australianos, americanos e havaianos. Os sul-africanos Shaun Tomson, em
1977, e Martin Potter, em 1989, que, embora tenha nascido na Inglaterra
mudou-se aos dois anos para Durban, na África do Sul, eram as únicas
exceções. Agora, foi a vez de um brasileiro vencer preconceitos e
superar paradigmas.- Aos 20 anos, Medina realiza sonho
de infância: "Ainda não caiu a ficha" - Após título, Gabriel Medina e Scooby
posam com amigos: 'Anotou a placa?' - Pato diz que Brasil virou país do surfe
e futebol após Medina: "Mundo parou" - Escudeiro de Medina, Alejo brilha ao
bater Slater e Fanning, mas deixa WCT - "Medina Airlines", "perigoso", "domínio
de 20 anos": veja quem previu o título - É campeão! Fanning cai, e Medina
conquista o histórico título mundial
- Aos 20 anos, Medina realiza sonho
Surfista mais jovem a entrar para a elite do surfe, aos 17 anos, e o mais novo campeão mundial, igualando o recorde de Kelly Slater, que conquistou o primeiro de seus 11 títulos aos 20, Medina nunca deixou de acreditar que o seu sonho era possível. Em um esporte solitário como o surfe, ele teve a família como porto seguro. Precisou abdicar de festas e programas comuns para um garoto da sua idade, como jogar futebol com os amigos e andar de skate. Tudo por um bem maior. Os conselhos dos pais, que por vezes soavam como algo desagradável, foram fundamentais para que Medina não perdesse o foco naquele que sempre foi o seu maior objetivo na carreira: conquistar o sonhado campeonato mundial.
Medina comemora cada onda em Pipeline, no Havaí (Foto: Márcio Fernandes / Ag. Estado)
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Sempre tive um sonho de ser campeão mundial. Eu treinei e acreditei. Já
recebi vários “nãos” dos meus pais e achava que eles eram chatos, mas,
hoje eu entendo o motivo. Valeu a pena. Só minha mãe, meu pai e meus
amigos mais próximos sabem o que passei desde pequeno. Não sei nem o que
falar. O Brasil não fez história, Deus fez história na minha vida -
disse o prodígio de Maresias, praia da pequena cidade de São Sebastião,
em São Paulo.Após o título mundial conquistado na última sexta-feira, no Havaí, Gabriel Medina retorna ao Brasil nesta terça-feira. O paulista concede uma entrevista coletiva, no próprio Aeroporto de Guarulhos.
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