quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

"Nocauteei o Ben Henderson e vou fazer igual com o Pettis", diz Dos Anjos

Lutador carioca afirma não ligar para rótulo de azarão e promete ser o primeiro brasileiro a conquistar o cinturão peso-leve do UFC: "Quero fazer história"

Por Las Vegas
Próximo desafiante ao cinturão peso-leve do UFC, o brasileiro Rafael dos Anjos está rindo à toa desde que recebeu a notícia do agendamento de seu duelo contra Anthony Pettis, marcado para o dia 14 de março, em Dallas (nos EUA). Durante uma passada rápida por Las Vegas, nesta terça-feira, onde treinou na academia de Wanderlei Silva, o lutador conversou com a equipe do Combate.com e declarou que mal pode esperar para entrar no octógono contra o campeão americano, mesmo que seja como o azarão do duelo:
- Não tinha notícia melhor para começar 2015! Estou super animado com essa oportunidade, vão ser cinco lutas em pouco mais de um ano, estou amarradão e muito motivado. Gosto de ser o azarão, já acostumei. Isso é uma coisa que me motiva ainda mais e eu sei que nessa luta contra o Pettis não vai ser diferente, com certeza vou ser o azarão. Mas eu luto bem quando tenho grandes testes. Nocauteei o Ben Henderson e com o Pettis não vai ser diferente, vou fazer igual. Eu quero fazer história, vou ser o primeiro brasileiro a ganhar o cinturão dos leves e, a cada dia que passa, tenho mais certeza disso - prometeu.
Rafael dos Anjos treina na academia de Wanderlei Silva (Foto: Evelyn Rodrigues )Rafael dos Anjos quer finalizar ou nocautear Anthony Pettis (Foto: Evelyn Rodrigues )
Com um cartel de 23 vitórias e sete derrotas, Rafael venceu oito de suas últimas nove lutas e sabe que o duelo contra Pettis será o teste mais importante de sua carreira. O carioca, inclusive, já indica qual será o caminho para derrotar o campeão.
- Acho que se deixar o Pettis muito solto, sem pressão, ele começa a soltar aqueles chutes, que são muito perigosos. O Anthony é um cara bem criativo e acho que, se chegar junto e não deixá-lo respirar, botando pressão contra ele na grade, metendo a mão dura em cima, isso vai intimidá-lo um pouco. O jeito é fazer o meu jogo e andar para frente, que é o que eu vim fazendo nas últimas lutas.
O atleta da Kings MMA ainda falou sobre lesões, a mudança de empresário e a sua indicação ao "Oscar do MMA". Confira abaixo:
Combate.com: Qual foi a primeira coisa que passou pela sua cabeça quando você recebeu a notícia de que a luta contra Anthony Pettis finalmente havia sido marcada?
Dos Anjos: Quando eu recebi a notícia, a primeira coisa que veio à minha cabeça foi o Bruce Buffer me anunciando como o novo campeão, então eu acho que isso é só questão de tempo. Quando Deus escreve, é só questão de tempo. Eu vou fazer a minha parte, vou treinar duro e, com certeza, essa cinta vai ser nossa.
Como você analisa o Anthony Pettis campeão?
O Pettis é um grande campeão, vem de uma sequência forte, finalizou dois ex-campeões, o Melendez, que é muito duro e dispensa comentários, e o Ben Henderson. Ou seja, ele vem em um ritmo muito forte, é um cara novo e excelente, bem criativo, completo, nocauteia, finaliza, mas eu acho que a hora dele já deu, agora vamos deixar uma fatia do bolo para um brasileiro, né?
Na luta contra o Gilbert Melendez, o Pettis teve dificuldades no primeiro round, devido ao volume de jogo do adversário. Como você enxerga o jogo dele? Acha que esse é o caminho para derrotá-lo?
Eu vejo buracos no jogo dele. O Pettis é um ser humano comum, comete erros e já perdeu. Eu vi vários erros no jogo dele, mas se eu apontar quais são eu vou estar "entregando o ouro para o bandido", então eu sei que o meu volume de jogo vai ser importante. Não sei como essa luta vai terminar, mas uma coisa eu tenho certeza, essa luta não vai para a decisão. Vou treinar para finalizar ou em pé ou no chão. Não sei como vai ser, mas vou ganhar.
Como você disse, esta será a sua quinta luta em pouco mais de um ano. Como fazer para se manter saudável e competindo nesse ritmo sem lesões?
É bem complicado. Na luta contra o Nate Diaz, eu não me machuquei durante o combate, mas eu já estava machucado antes. Eu treinei muito chute e acabei machucando o pé. Fui para a luta machucado e dei aquele monte de chute, então ainda estou um pouco dolorido. Mas vou ter 10 semanas para me recuperar e já estou quase 100%. O problema nem é só machucar, é você ficar saturado do treino. Às vezes, quando chega muito perto da luta, você não quer mais nem ir para a academia, porque não aguenta mais o clima de treino. Eu acho que a saída para essa luta contra o Pettis vai ser esse início, essas duas semanas iniciais. Vou fazer tudo sem pressão. Vou fazer o que eu gosto, treinar de quimono, treinar coisas que eu tenho prazer. Vou fazer um treinamento bem inteligente para esse duelo, porque estou vindo de um ritmo forte, então não posso dar bobeira e me machucar.
Rafael dos Anjos treina na academia de Wanderlei Silva (Foto: Evelyn Rodrigues)Rafael  dos Anjos (Foto: Evelyn Rodrigues)
Você é oriundo do jiu-jítsu, mas teve uma evolução muito grande em pé,  principalmente no ano passado, com as vitórias sobre Jason High,  Ben Henderson e Nate Diaz. Como você explica essa transformação?
Eu acho que a mudança para os EUA influenciou muito e eu tomei gosto de treinar em pé. O Rafael Cordeiro é um cara que me motiva muito e que tem um jeito de ensinar muito legal, não é muito repetitivo, é um cara que está sempre para cima. A aula do Rafa todo dia é diferente, não tem aula igual. E eu acho que isso é uma das coisas que me motiva muito a treinar em pé, mas tem a autocrítica forte também. O detalhe para você querer se desenvolver numa modalidade é gostar daquilo. E eu gosto muito de treinar em pé, gosto de boxe, de muay thai e tenho gostado mais até do que o jiu-jítsu, porque a arte suave eu já treinei a vida inteira, agora tenho gosto de aprender coisas diferentes.
Você trocou de empresário recentemente e agora está com o Ali Abdelaziz. Ele também é o manager do Khabib Nurmagomedov que, aliás, está ali no topo da divisão peso-leve, brigando por uma disputa de título. Como é ter o mesmo empresário de seu ex-rival?
O Ali é um cara que entrou na minha vida só para somar, está me ajudando demais. Desde que eu comecei a trabalhar com ele, as coisas aconteceram de forma muito mais rápida na minha vida. Mas é isso, a gente já conversou e, se eu tiver que enfrentar o Khabib, não tem problema. E eu acho que isso vai acontecer, porque não vou morrer com essa derrota. O Khabib, às vezes, até dá uma curtida nas coisas que eu posto no Instagram. O Ali diz que ele é gente boa, mas eu digo que só vou virar amigo do Nurmagomedov depois que eu ganhar dele. Agora não sou amigo, não (risos). O Ali até diz que vai arrumar uma boa grana de patrocínio para nós dois e que vai assistir ao nosso duelo de casa, que é pra gente se entender no octógono (risos).
Você e o Rafael Cordeiro estão concorrendo ao "MMA Awards 2015", que é considerado o "Oscar do MMA". Você pode falar um pouco sobre isso e sobre o que essa indicação representa para você?
O Rafael Cordeiro está concorrendo a treinador do ano e é mais do que merecido. O Werdum trouxe o cinturão dos pesados, vários outros talentos estão aparecendo lá na academia e, agora, eu vou ter essa chance de lutar pelo cinturão dos leves, então é mais do que merecido ele levar esse título. Quanto à minha indicação, é a azarão do ano, então é uma situação engraçada. Quando eu posto isso nas redes sociais, as pessoas falam que não vão votar em mim porque não achavam que eu era o azarão, que eu tinha condições de ganhar. Mas mesmo assim eu quero ganhar... vamos lá galera, me dá uma força aí porque quero ganhar esse prêmio (risos).

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