quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Boxeadoras dos EUA rejeitam MMA, mas pedem por "Dana White do boxe"

Claressa Shields ressalta importância de presidente do UFC no crescimento do MMA feminino; Mikaela Mayer diz que profissionalização no boxe é arriscada para mulheres

Por Rio de Janeiro
Mikaela Mayer, boxe, Rio 2016, EUA (Foto: Adriano Albuquerque)Mikaela Mayer quer trabalhar junto a Claressa Shields para fomentar o boxe feminino (Foto: Adriano Albuquerque)
Homens que conquistam medalhas olímpicas no boxe têm seu futuro traçado: se profissionalizam pouco depois dos Jogos, na maioria das vezes com muito sucesso. Foi assim com Muhammad Ali, Mike Tyson, Oscar De La Hoya, Sugar Ray Leonard, Wladimir Klitschko, George Foreman, entre muitos outros. O boxe feminino, contudo, ainda é novidade na Olimpíada - esta é apenas a segunda edição de que as mulheres participam - e seu circuito profissional não chega perto dos valores ou da mídia que os homens recebem.
Para lutadoras como as americanas Claressa Shields, em busca do bicampeonato olímpico na Rio 2016, e Mikaela Mayer, uma transição para o MMA provavelmente seria mais lucrativa que para o boxe profissional. Basta ver o exemplo de Holly Holm, multicampeã mundial no boxe, mas que jamais experimentou no ringue a exposição que recebeu ao derrotar Ronda Rousey no UFC, no ano passado.
Mayer, em particular, provavelmente faria uma transição tranquila para as artes marciais mistas, visto que treinou kickboxing e muay thai antes de se dedicar exclusivamente ao boxe mais tradicional. Contudo, a loura de 26 anos, conterrânea de Ronda, prefere permanecer como amadora a mudar para o MMA, e vê o boxe profissional num futuro mais distante.
- Ainda tenho tanto que quero conquistar no boxe. Tenho 26 anos, mas sinto que ainda tenho muito a aprender. Quero ir aos Jogos de 2020 em Tóquio, então planejo ir a outra Olimpíada. Sinto que o boxe profissional precisa de mulheres como eu e Clarissa, para ajudar a trazer atenção ao nosso esporte também no nível profissional. Espero que possamos nos tornar profissionais algum dia e fazer barulho - discursa a peso-ligeiro (-61kg).
Shields talvez já seja capaz de atrair atenção para o boxe feminino se desejar se profissionalizar após a Olimpíada. Já com uma medalha de ouro conquistada em Londres 2012, a pugilista peso-médio (-75kg) de Flint teve um documentário sobre sua vida exibido em TV aberta nos EUA e, se vencer no Rio novamente, será a primeira americana, homem ou mulher, a se sagrar bicampeã olímpica no boxe. Entretanto, Mayer acredita que a amiga, com apenas uma derrota em quase 80 lutas amadoras, dificilmente teria adversárias no boxe profissional.
- Quantas garotas iriam querer enfrentá-la? Ela só conseguiria duas ou três lutas por ano. A pior coisa que pode acontecer a um boxeador é não poder lutar; se não podemos fazer o que amamos, de que adianta? Teria que ser sob as circunstâncias certas. (...) Eles realmente colocam as mulheres na TV no MMA, elas ganham bom dinheiro, estão recebendo o mesmo reconhecimento que os homens recebem, então acho que algumas estão seguindo essa direção, mas acho que o boxe precisa de garotas como eu e Claressa para fortalecê-lo. Se nós abandonarmos nosso esporte, quem vai nos ajudar? - indaga Mayer.
Para Shields, é necessário um promotor disposto a promover as mulheres como grandes estrelas, como Dana White fez no UFC com Ronda. Ela mencionou o empresário Al Haymon, que tem em sua carteira de clientes nomes como Floyd Mayweather Jr, Andre Berto, Adrien Broner e Julio César Chávez Jr, como alguém que potencialmente poderia cumprir esse papel.
- Em algum momento, quero lutar profissionalmente, mas agora não há uma plataforma para isso. Posso construir a plataforma para isso, mas como no UFC foi preciso o Dana White apoiar a Ronda Rousey, no boxe vai ser preciso um Al Haymon apoiando uma grande pugilista feminina para as pessoas quererem ver. Mas agora, não sei nem como seria. Nunca falei com o Al Haymon, não sei como ele se sentiria em apoiar uma boxeadora - analisa Shields.

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