terça-feira, 6 de dezembro de 2016

De saída, Cuca nega problema de relacionamento no Palmeiras

"Meu ambiente aqui foi o melhor possível, com 39, 40 jogadores profissionais", disse o treinador, que ainda não havia concedido coletiva desde a decisão de sair

Por São Paulo

Quase uma semana após a confirmação de que não renovará seu contrato com o Palmeiras (expira no dia 31 de dezembro), o técnico Cuca concedeu, nesta terça-feira, sua primeira entrevista coletiva para explicar sua decisão. Aproveitou para deixar claro que sai com as portas abertas e elogiar seu sucessor, Eduardo Baptista, que estava na Ponte Preta.
– Estou aberto ao que for. Gosto do Eduardo, se for ele o treinador (a confirmação será feita na semana que vem). Se precisar de mim, todos que quiserem, podem contar comigo.
Cuca coletiva Palmeiras (Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação)Cuca, em entrevista coletiva no Palmeiras (Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação)
Cuca negou que já esteja acertado com outro clube, fez questão de ressaltar que não tem nenhum problema de relacionamento com os jogadores alviverdes e que sua decisão é meramente pessoal, já que pretende dar mais atenção à família. 
– Os motivos já foram falados, são pessoais, particulares. Agora a gente resolveu nesse ano. Já tinha avisado a diretoria antes, tudo que aparece depois são rumores. A gente escuta muita coisa em cima de ambiente, de não se dar com esse ou aquele. Para deixar claro que meu ambiente aqui foi o melhor possível, com 39, 40 jogadores profissionais – disse Cuca, que se despedirá do Palmeiras no domingo, comandando o time campeão brasileiro diante do Vitória, em Salvador.
– Não tem como, nem era o propósito agradar a todos. Mas franco, direto, falando com o grupo. Nunca chamei ninguém individualmente. Probleminha com alguns jogadores é natural que ocorra, são situações do dia a dia, você tem as divergências e as correções. É natural que se tenha num ambiente de oito meses. Foram poucos problemas em cima de tantas coisas boas – emendou o treinador.
Cuca negou, especificamente, que tenha tido desavenças com o presidente Paulo Nobre, que será substituído no cargo por Mauricio Galiotte a partir da semana que vem. O técnico afirmou se dar bem também com Alexandre Mattos, diretor executivo de futebol do Palmeiras.
– O ambiente com o presidente foi o melhor possível, escutei que tive problemas com o Paulo, nunca tive. Com o Alexandre também não. É de cunho pessoal – disse Cuca.
– O prazer de ter levado o Palmeiras à conquista é enorme, em um campeonato tão difícil como o Brasileiro. Disputas que tivemos com Internacional, Grêmio, Corinthians, Atlético, Flamengo, depois o Santos... Conseguimos nos manter 28, 29 jornadas sendo o melhor em quase tudo. A regularidade nos premiou, de forma merecida. Satisfação e orgulho muito grandes de ser campeão. Isso se deve aos jogadores, que foram os responsáveis diretos, junto com o torcedor que trabalhou junto com a gente no dia a dia – completou.

Veja abaixo os demais tópicos da entrevista coletiva de Cuca:
Sobre a Chapecoense
Até hoje não sai da cabeça da gente, tomou conta de tudo, como não podia ser diferente. Muito maior que qualquer título que qualquer ser humano possa ter. É uma coisa muito dolorosa, participamos muito diretamente disso. Estávamos com a Chapecoense dois dias antes, fica tudo muito vivo. O time caçula da competição, é como se fosse o time de todos. A comoção foi muito grande, geral. O que fica de legado é ver todo mundo abraçando a causa, times, países, depois torcedores. Quando vemos os torcedores unidos na frente do Pacaembu para homenagear e prestar solidariedade, a gente acha que o sentimento aflora, a sensibilidade. Que não seja esquecida. Que siga adiante.
Sobre a paz entre torcedores após a tragédia
Que possam ser assim, como no passado, quando as torcidas de Palmeiras e Corinthians, Grêmio e Internacional, iam juntas ao estádio. Deram a mostra que o mundo pode ser melhor, a paz é melhor. Se for aceito e seguido, vai ser um marco.
Sobre amadurecimento
Todo dia a gente muda, vai amadurecendo, ficando mais velho e aprendendo coisas que só o dia a dia nos ensina. Sempre podemos melhorar. Nessa passagem pelo Palmeiras melhorei como pessoa, treinador. E aprendi coisas importantes. Não é fácil ser campeão em time grande com pressão como a gente tinha. Agora é fácil dizer, mas no dia a dia é uma dureza muito grande.
Sobre a despedida
Valorizo cada dia que passei aqui, a todos vocês também, que tivemos um convívio, às vezes um pouco mais duro. A quem possamos ter magoado, me desculpe. Às vezes temos um destempero, mas acontece. É tudo passageiro.
Sobre o time de domingo e a liberação antecipada de alguns jogadores (Allione, Arouca, Barrios, Prass, Jean, Dracena, Vitor Hugo, Egídio, Moisés, Róger, Rafael Marques e Fabiano)Alguns jogadores tinham passagem marcada para alguns lugares. Tem como mudar, mas acho que o bom senso fala mais alto. Estamos certos em fazer isso, são muitos jogadores fora desse jogo, 12 praticamente. Tem muitos, espero Augusto, Vitinho, Artur, dos juniores, para compormos. Vamos com o melhor para nos despedirmos da maneira mais bonita possível.
Gabriel Jesus vai para o jogo no domingo?
Eu estava falando com ele agora. Ficou para amanhã a decisão.
Balanço de seu trabalho
Não me arrependo de nada. Quando a gente faz as coisas com o coração, não tem de se arrepender. Acho que tive mais acertos quanto erros, com toda a comissão. O Alberto que se despediu hoje foi uma figura importante para mim, vai ser um grande treinador. Toda a comissão permanente. É um trabalho que se encerra hoje, mas no futuro podemos retomar. Pelo propósito que viemos, saio com sensação de dever cumprido, mas que deixa uma base estruturada para o próximo treinador dar sequência. Fica um time bom, consistente, que aprendeu a jogar unido, perto, um futebol solidário. Que em algum momento do campeonato foi mais técnico, depois passou a ser mais seguro.
Sobre a força do time
Tornamos uma defesa sólida, difícil de ser ultrapassada, e um ataque rápido. Quando unimos meio-campo ao ataque, à defesa, ficou gostoso jogar. Fica aqui para que seja colhido mais um ano de conquistas.
Chance de voltar a trabalhar num clube ainda em 2017?Claro, são 12 meses. Mas no começo (do ano), não.
Dá vontade de trabalhar na Libertadores?
Lógico que dá, mas em alguns momentos temos de ter prioridades. Essa é necessária para mim.
Sobre Levir Culpi, que se propôs a treinar a Chapecoense de graça
A gente não espera coisa diferente, tem um carisma enorme, um coração maior ainda. Eu estava com ele no velório do Caio Júnior, conversamos bastante, nossas famílias são amigas. É um cara maravilhoso, essa atitude que ele está tendo demonstra o tipo de pessoa que ele é.
Mais sobre a Chape
Eu sinto que a Chapecoense vai ser mais forte do que era. Não me preocupa a Chapecoense, ela vai ter ajuda. Tinha 9 mil sócios, hoje está com 38 mil. Até eu virei sócio. Muitos ajudaram e vão ajudar, ela vai se levantar mais ainda. O mais difícil são as famílias dos jogadores. Eu estava com os filhos do Caio, a esposa, a mãe. É difícil se reerguerem. Nisso que temos nos apegar. É o que conversamos com os jogadores aqui, para passar uma força para eles.

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