terça-feira, 27 de junho de 2017

Idealizadora, Kyra detalha Gracie Pro: "Evento que não tive como atleta"

Pentacampeã mundial de jiu-jítsu fala da reedição da luta entre Roger e Buchecha, agora no Rio, e afirma que premiações serão iguais entre homens e mulheres

Por Rio de Janeiro
Kyra Gracie (Foto: Divulgação)Multi campeã mundial de jiu-jítsu, Kyra Gracie é comentarista do Canal Combate (Foto: Divulgação)
Membro da família criadora do jiu-jítsu brasileiro, Kyra Gracie vivencia o esporte desde que nasceu. Pentacampeã mundial e tricampeã do ADCC, a comentarista do Canal Combate não deixou de passar por momentos complicados em competições por ser uma integrante do clã. De falta de estrutura a premiações inferiores a dos homens, Kyra encarou condições que não deveriam aparecer no caminho dos atletas, principalmente, em torneios profissionais. Foi pensando nisso que a ex-lutadora idealizou o Gracie Pro, que acontecerá nos dias 22 e 23 de julho, no Rio de Janeiro. O evento promete levar jiu-jítsu e entretenimento para um público variado, além da aguardada revanche entre Roger Gracie e Marcus Buchecha.
Após uma carreira como lutadora e, atualmente dividida entre o posto de comentarista e o de apresentadora, a faixa-preta terá a chance de mostrar sua faceta empreendedora, promovendo o evento.
 - Eu queria criar um evento que eu não tive como atleta, aliando entretenimento com as lutas, toda essa experiência. Área kids, estande, área de aquecimento, tudo pensado no bem estar do atleta, cuidado muito especial com quem está participando do evento. Também vão participar crianças de projetos sociais. Queremos levar o jiu-jítsu a outro patamar, para que os atletas tenham mais exposição e maior visibilidade - disse, em entrevista ao Combate.com.
Apesar de ter o gosto pelo jiu-jítsu vindo de berço, Kyra conta que precisou superar a falta de incentivo, tanto dentro quanto fora de casa, o descaso e a desigualdade salarial. Por ter sentido na pele o peso de ser uma mulher no mundo da luta, a primeira mulher a conquistar a faixa-preta na família Gracie fez questão de promover uma realidade diferente para as competidoras, com mais valorização e respeito.
Gracie Pro Roger Gracie x Marcus Buchecha (Foto: Divulgação/Gracie Pro)Roger Gracie e Marcus Buchecha vão se reencontrar, agora no Rio de Janeiro, no Gracie Pro (Foto: Divulgação/Gracie Pro)
- Um mosquitinho da competição do jiu-jítsu me picou quando eu tinha 11 anos (risos). Aquilo, de alguma maneira, me deixou muito motivada. Eu lembro que nós (mulheres) não tínhamos incentivo algum, não lutávamos no dia principal do evento, mesmo sendo faixa-preta, lutávamos no dia de crianças e dos atletas da faixa-azul. Desde que me entendo por atleta, lutei pelos nossos direitos, buscando um espaço maior, lutando pela visibilidade. Um dos pontos que também buscamos fazer diferente é o pagamento dos atletas. Oferecemos a mesma premiação para o feminino e o masculino, queremos promover direitos iguais. O que mais me incomodava nas competições era me preparar da mesma forma e ganhar 10% da bolsa que o atleta homem ganhava. Quero incentivar as mulheres, dar visibilidade - afirmou.
Perto da reedição de uma luta antológica no Gracie Pro, Kyra contou que Roger e Buchecha tinham muita vontade de realizar o reencontro, por isso não foi difícil acertar o confronto. O primeiro duelo entre os atletas aconteceu no Metamoris, em 2012, e terminou empatado. Agora, com as regras da Federação Internacional de Jiu-Jitsu, um dos atletas vai sair vencedor do tatame.
UFC roger gracie e kyra gracie festa (Foto: Evelyn Rodrigues)Roger  e Kyra Gracie são primos, e herdaram a paixão pelo jiu-jítsu da família (Foto: Evelyn Rodrigues)
- O Roger é meu primo-irmão, crescemos juntos competindo, passei meses na casa dele em Londres. Essa era uma luta que sempre quis trazer para o Brasil. Sei que eles fizeram uma luta empatada, e eles pensam nessa luta há um tempo, eles querem fazer essa luta. Vai ser nas regras da Federação Internacional: serão 15 minutos de luta, contando pontos, a última luta terminou empatada, então tem muita expectativa em torno. Eu fico pensando: Quando vamos ter uma luta de peso assim no Brasil? Os dois são dez vezes campeões na faixa preta. Não tem ninguém com potencial para atingir esse número de títulos. Para atingir esse nível, vai demorar muitos anos. Estou tendo um feedback muito bom das academias, dos fãs, todos dizem que é a luta da década. O Roger volta pra encarar o número 1. Vai ser muito emocionante - finalizou Kyra Gracie.
*Jamille Bullé, estagiária, sob a supervisão de Alexandre Fernandes

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