terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Frustrado por revés, Sheymon quer largar emprego de motorista e focar no MMA

Brasileiro acredita que necessidade de dinheiro o atrapalhou em sua estreia, há cerca de duas semanas, contra Zabit Magomedsharipov. Plano é de voltar no UFC Belém

Por Raphael Marinho, Rio de Janeiro
 
Considerado uma das principais promessas do Brasil no MMA, Sheymon Moraes, de 27 anos, sofreu sua segunda derrota na carreira em sua estreia no Ultimate, quando foi finalizado pela também promessa Zabit Magomedsharipov, há cerca de duas semanas no UFC China. A atuação deixou o brasileiro frustrado e ele acredita que o longo período sem lutar, quase um ano e meio, foram fundamentais para que ele não conseguisse impor seu jogo.
- Foi frustrante porque estava muito bem preparado. Acho que foi a vez que treinei melhor na minha vida. Sabia que tinha uma pedreira pela frente, mas estava muito confiante. Infelizmente, na hora da luta meu corpo travou. Foi muito tempo sem lutar, estava há quase 18 meses. Acho que essa foi a diferença. Estava sem ritmo de luta, sem o timing, parecia que tinha uns 50 elásticos me segurando. Mesmo assim, não fui tão mal para um cara que estava quase dois anos sem lutar. Encarei um cara que vai chegar rápido no top 5 e está na ativa, lutando muito. Acho que ele não fez nada comigo. Mesmo eu não conseguindo lutar, ele não fez nada, não me machucou, não senti força dele, não senti a porrada dele. Só não consegui lutar e toda hora que acabava o round pensava: "Que m***, não estou conseguindo lutar". Isso foi o mais frustrante porque não consegui mostrar um décimo do que evoluí. Fico chateado, partiu meu coração. Vocês ainda não viram verdadeiro Sheymon lutando - garantiu, em entrevista ao Combate.com.
Sheymon Moraes quer acabar com a rotina de ter dois empregos para focar apenas no MMA (Foto: Getty Images)Sheymon Moraes quer acabar com a rotina de ter dois empregos para focar apenas no MMA (Foto: Getty Images)
Sheymon Moraes quer acabar com a rotina de ter dois empregos para focar apenas no MMA (Foto: Getty Images)
O ritmo de luta não foi o único problema enfrentado por Sheymon para o duelo contra Magomedsharipov. Apesar de reconhecer que sua performance "foi irreconhecível, com o raciocínio muito lento e sem tempo de luta", o especialista em muay thai teve que conciliar os treinos com a vida de motorista no Uber para conseguir pagar suas contas nos Estados Unidos. De acordo com ele, a necessidade do dinheiro impactou diretamente em seu rendimento.
- Agora é tirar uns estresses da minha vida que vêm me atrapalhando para mostrar para o mundo quem é o verdadeiro Sheymon. Um deles é ter que dirigir para poder pagar as minhas contas. Falta de dinheiro é f***. Ter que conciliar treino com dirigir é f***. Até lesionei minhas costas, estava há muito tempo dirigindo, 12 horas direto sentado, dormindo cinco horas por dia, indo treinar em seguida. Essas paradas me estressam um pouco, tiram um pouco meu foco. Me deixou com muita pressão em querer ganhar o dinheiro. O que eu mais estava pensando era que precisava do bônus. Até nos intervalos dos rounds, córner falando comigo, e eu na cabeça: "Você precisa desse bônus! Você precisa desse bônus!". Isso com certeza me atrapalhou. Agora vou voltar para a minha família, ficar um tempo treinando e renovar as energias para voltar com tudo, sem pressão nenhuma. Agora é voltar o mais rápido possível para apagar essa derrota. Estou feliz, forte, indo para o Brasil ver a família e, com certeza, vocês verão na minha próxima luta o velho Sheymon, lutando com alegria, ousadia e aquela felicidade que sempre lutei. O leão está com fome, quer ir à caça e acordou. Quem sabe mais para a frente não batemos de frente e revemos esse revés - afirmou.
A vinda para o Brasil é para matar a saudade dos amigos e familiares, mas, com um filho nos Estados Unidos, Sheymon pretende voltar em breve para o país. Entretanto, caso tenha atendido seu desejo de lutar no dia 3 de fevereiro no UFC Belém, vai estender a permanência para fazer a preparação no Rio de Janeiro. Apesar da bolsa recebida pela luta na China ainda não ser suficiente para resolver sua vida, o lutador quer dar um tempo do volante para focar no MMA.
- Essa grana está longe de me fazer parar de trabalhar. Mas vou parar mesmo assim, tentar segurar a onda com o pouco dinheiro que ganhei, foi bem menos do que ganhava no WSOF, mas agora pelo menos entrou um dinheirinho a mais. Melhor do que eu ganhava dirigindo, óbvio, então dá para eu ficar pelo menos um, dois meses só treinando. Tomara que minha próxima luta seja no Brasil, gostaria muito. Todos que estão lendo a matéria, que acompanham meu trabalho, peçam Sheymon Moraes no UFC Brasil! Mesmo passando a luta ainda estou trabalhando para poder pagar minha ida para o Brasil e tirar o dinheiro do aluguel, comida do meu filho, gasolina, carro, os gastos daqui. Ainda estou trabalhando de Uber para pagar essa passagem para o Brasil porque está cara. Só queria lutar nesse evento do UFC em Belém. Nunca escolhi adversário, nunca vou escolher, só quero me divertir e apagar a derrota. Se me derem uma luta, será muito bom voltar a lutar no Brasil depois de tanto tempo - finalizou.

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