segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Em dia de popstar, Tartá diz que quer ser apenas o 'ingredientezinho' do Flu

Em longa entrevista, autor do gol da vitória sobre o Vasco fala sobre situação no time, técnico mais importante, 'padrinho' Fred e futuro no clube

Por Diego Rodrigues Rio de Janeiro
Um dia de popstar. Diante de cerca de 15 jornalistas, o apoiador Tartá cedeu uma longa entrevista de cerca de duas horas nesta segunda-feira, na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Também, não é para menos. Autor do gol da vitória por 1 a 0 sobre o Vasco, domingo, no Engenhão, o apoiador foi o centro das atenções. Porém, se engana quem acha que a escalada para chegar novamente ao time principal foi fácil.
- Estou subindo as escadinhas, chegando lá. Espero não parar de subir com meu trabalho, com respeito e perseverança.
Tarta e PaiTartá e seu pai Alcimar Soares (Foto: Diego Rodrigues / Globoesporte.com)
O jogador, de 21 anos, passou por momentos difíceis. No início do ano, não fazia parte dos planos de Cuca e foi liberado para acertar com o Atlético-PR, por empréstimo. Mas, com a saída do técnico Antônio Lopes, ficou esquecido e pediu para voltar para o Fluminense. Como não vinha sendo aproveitado, os dirigentes do Furacão não criaram empecilho.
Ele voltou em setembro ao Tricolor, onde chegou aos 12 anos de idade e passou boa parte da vida em Xerém, com as categorias de base tricolor. Mas não foi aproveitado por Muricy Ramalho. Sem chance, Tartá ainda participou do Brasileiro sub-23 e chamou a atenção em uma partida contra o Flamengo, ao cometer um pênalti e ser expulso. No entanto, com a falta opções, foi chamado por Muricy Ramalho, que já não contava com Fred e Emerson, machucados.
O destino quis, então, que ele voltasse exatamente contra o ex-clube. No dia 24 de outubro, contra o Atlético-PR, na Arena da Baixada, ele entrou no segundo tempo e sofreu o pênalti que resultou no gol de Conca: 2 a 2. A partida marcou a volta do jogador aos gramados com a camisa tricolor após quase um ano. O último jogo havia acontecido no dia 15 de novembro de 2009, na vitória por 2 a 1 sobre o mesmo Furacão.
Em longa entrevista, o jogador falou do início da carreira, das dificuldades, do apoio família, da passagem por Curitiba e indicou Fred como seu padrinho e Renato Gaúcho como seu segundo pai. Tranquilo, agora ele só espera fazer parte do time que pode ganhar o Campeonato Brasileiro.
- Sou mais um ingredientezinho e espero ser importante na reta final. Faltam poucos jogos e espero dar meu melhor.
Início da carreira
Foi complicado no início. Todos passam por suas lutas, e eu tive as minhas. Mas agora é gratificante poder ajudar, dar uma situação melhor para os meus pais (Alcimar Soares e dona Marli). Hoje posso dar condições de estudo para os meus irmãos (Vinicius, 13 anos, e Vanessa, 17)  também. Minha família sempre me ajudou e fez com que eu não desistisse.
Xerém
Em Xerém sempre fui bem tratado. Fiz o teste e passei. Depois comecei a jogar como titular e desde então só passaram coisas boas na minha vida.
Família
A família é a base de tudo. Moro com meus pais, meus irmãos e tenho aquela energia boa deles para conseguir alcançar meus objetivos. Claro que tem dias que chegamos meio cabisbaixos e você pensa: “Pô, não aconteceu”. Aí entra a família, com meus irmão, meus pais, que sempre dão apoio. E olho e penso que não posso desistir.
Um gol que guardo no coração foi contra o São Paulo (no Brasileiro de 2008), quando o Muricy Ramalho era o técnico (do Tricolor paulista). Foi uma jogada parecida (com a do gol de domingo). Passei a bola para o Washington, ele bateu e o Rogério Ceni defendeu. Cheguei e pude fazer o gol. E a história se repetiu, foi engraçado. Surpreso por ser aproveitado por Muricy?
Sempre tive fé, mas você olhava ali e era bastante complicado por ter muita gente de qualidade. Mas tinha fé no meu sonho e que seria legal entrar, marcar no último jogo. Pensava nessas coisas. Graças a Deus, antes do último jogo já vem acontecendo e está sendo muito bom.
Poucas oportunidades
Às vezes o trem foge do trilho, aí fica complicado, ainda mais quando você é novo. Você questiona se é competente, se a sua hora não vai chegar. Mas a família incentiva e sempre acontece alguma coisa boa. Às vezes você anda na rua e tem um senhor ou uma senhora que chega e fala, aí você para e pensa onde está errando, onde tem que melhorar para que as coisas voltem a caminhar da melhor forma e o trem volte para o trilho.
Tempo longe do Fluminense
Às vezes o deserto para uns são gigantescos. Dura até um ano. Para mim foi isso. Mas esse ano aprendi muito, ganhei muita experiência de coisas ruins, mas vale a pena. Tem que tirar as coisas boas dos momentos ruins e seguir a caminhada. Você só tem duas opções: ou desiste ou tenta. Eu preferi tentar e acho que foi o melhor caminho.
Ficou ansioso para voltar?
Eu ligava para o Fred todo dia para saber como ele estava e ele me perguntava se eu estava bem. Mas eu sempre falava que queria voltar e acabei voltando. Muitos dizem que fui devolvido, mas eu que pedi para voltar.
Amizade com Fred
Perturbei muito a vida dele. Ele sabia da minha personalidade, que sou um cara de grupo e me deu força. Podemos dizer que é um bom padrinho.
E se perder a vaga para ele?
Está ótimo. Ele é meu padrinho. Vou reclamar do quê? É só dar benção e torcer para ele continuar fazendo os gols que sabe. Ele é um exemplo no grupo, que exerce bem demais a liderança. Não só ele. Agora temos outros como Belletti e o Deco, que dividem a liderança com ele.
Treinador importante
Foi o Renato Gaúcho. Esse homem eu e minha família somos muito gratos a ele. O carinho que me tratou quando subi e até hoje é muito legal. Tenho uma gratidão enorme por ele. Não vou esquecer o Renato nunca na minha vida. Foi um anjozinho que papai do céu colocou na minha vida. Agora tenho falado menos com ele.
Virou “frasista” como o Renato?
Tem que aprender com os bons. Eu aprendi com ele.
Papel do Tartá no Flu
O Muricy cobra muito as funções táticas. Cada um tem sua função, independemente se é atacante ou meia. Eu tenho minha função e sem a bola tenho a obrigação de marcar, até pelo lado direito, apesar de ser canhoto. Mas não tenho tido problemas. Minha função é marcar e quando roubarmos a bola sair em velocidade.
Meia ou atacante?
Comecei no ataque, mas no juvenil fui deslocado para a meia. Mas isso nem eu mesmo sei, se é meia ou atacante. Acho que é atacante mesmo. Eu forço a meia, mas é atacante.
Europa
Eu não tenho essa pressa de ir para lá. Tenho pressa de ter o trabalho reconhecido. E aparente está chegando o meu tempo de ter o trabalho reconhecido aqui. Se for o momento, as coisas vão acontecer.

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