quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Jacques Villeneuve: ‘Vejo pilotos como gladiadores e circuitos como arenas’

Pouco antes de experimentar o carro da Stock Car, ex-campeão da Fórmula 1 analisa as duas categorias e fala sobre sua relação com a velocidade

Por Alexander Grünwald e Alfredo Bokel São Paulo
Villeneuve concede entrevista em Interlagos (Foto: Carsten Horst)Villeneuve concede entrevista, antes de ter o primeiro
contato com um Stock Car (Foto: Carsten Horst)
O convidado mais badalado da Corrida do Milhão já está em Interlagos. Ansioso para andar no carro 27 com o qual disputará a prova deste domingo, Jacques Villeneuve atendeu os jornalistas brasileiros na manhã desta quinta-feira. Além da expectativa para a disputa milionária, o canadense disparou contra o momento atual da Fórmula Indy, o excesso de punições na Fórmula 1, e falou de sua relação com o mundo da velocidade. Confira os principais trechos da entrevista:
Motivação após uma carreira de sucesso
Decidi aos 5 anos que correr era a única coisa que eu queria fazer, minha vida sempre foi relacionada às corridas e sempre vai ser. Adoro pilotar, competir. É especial andar no limite, não importa quanto sucesso ou experiência você tem. Você está sempre aprendendo, e, por isso, provavelmente correrei até morrer.
O carro da Stock Car
Conheci o carro ao fazer o banco, parece um pouco com o da Nascar, onde já corri no ano passado. Fiquei bem impressionado, é um bom carro de competição, precisa de apenas algumas evoluções. Estou ansioso para guiar, pois ele parece um pouco mais difícil do que os outros carros de turismo que já guiei. Fiquei feliz com o convite, é uma categoria muito forte, com vários pilotos no mesmo segundo, mas com a quilometragem que terei nos treinos livres vamos ver se terei chances de ser competitivo.
Leonardo Linden, Jacques Villeneuve e Mauricio Slaviero (Foto: Duda Barrios)Villeneuve entre o diretor de marketing Leonardo
Linden e o presidente da Vicar, Mauricio Slaviero
(Foto: Duda Barrios / Divulgação)
Velhos conhecidos
Estamos em uma situação bem diferente agora, pelas circunstâncias. Quando Luciano Burti, Ricardo Zonta, Tarso Marques e Antonio Pizzonia estavam na Fórmula 1, eu era experiente e eles eram os novatos. Hoje eles conhecem o carro muito bem, eu sou o aprendiz. Mas é bom correr com quem você já conhece.
Excesso de punições na F-1
Sempre vi os pilotos como gladiadores e os circuitos como arenas. A Fórmula 1 foi perdendo isso com o passar dos anos. Na Nascar, não há regras sobre isso. Se você bate, faz parte do jogo, na próxima etapa você pega o cara e joga ele no muro. Talvez o problema da falta de ultrapassagens tenha feito a Fórmula 1 tomar este caminho das punições em excesso. Nos anos 70 e 80 havia um respeito muito maior entre os pilotos, talvez por naquela época o esporte fosse bem mais perigoso do que hoje em dia.
Vettel já é campeão?
Nunca sabemos o que pode acontecer. Vettel pode quebrar uma perna num acidente, por exemplo, e não correr mais neste ano, o que faria o campeonato mudar inteiramente. No entanto, em condições normais, ele será campeão com facilidade.
A Stock Car tem o espírito das corridas, correr regularmente numa categoria deste tipo seria muito interessante."
Villeneuve
Voltar a correr regularmente
Tenho muita vontade. É muito bom lutar por um título com a mesma equipe, o mesmo carro, na mesma categoria, competindo em busca de um objetivo. Você cria uma relação de confiança e o resultado, quando vem, é muito gratificante. Numa situação como esta que estou vivendo neste fim de semana, você começa a se sentir à vontade apenas quando a corrida acaba. Sinto falta das disputas puras, sem o lado político que tem na Fórmula 1, por exemplo. A Stock Car tem o espírito das corridas, correr regularmente numa categoria deste tipo seria muito interessante.
Retorno à Fórmula Indy
A Indy foi um grande campeonato na época em que competi lá, nos anos 90, mas no momento não tem a mesma visibilidade e muitas das pistas são perigosas. Sem falar que alguns pilotos querem ser rápidos, mas não têm capacidade para isso. Não correria na Indy se não fosse num bom time, andando na frente, fora da zona de perigo. Nem mesmo o prêmio milionário da última prova do ano, em Las Vegas, me atrai. Não é por causa disso que eu corro.
Nova chicane de Interlagos
Todos conhecem a pista muito bem, e esta alteração no traçado não faz tudo recomeçar do zero. Vai ser uma novidade para todos, mas não vejo como tirar vantagem disso. Não gosto de chicanes, gosto de curvas desafiadoras.

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