domingo, 23 de outubro de 2011

Esteticista e vaidosa, medalhista se diverte com piadas para ‘virar macha’

Aline Ferreira carrega potes de creme e sempre estoura o limite de peso
nas viagens. Na volta de Guadalajara, levará na mala a medalha de prata

Por Gabriele Lomba Direto de Guadalajara, México
A bagagem quase sempre estoura o limite de peso. Para onde quer que vá, Aline Ferreira leva seu material de trabalho. Mas não são apenas uniformes de competição. E sim potes e mais potes de cosméticos, kits para cuidar da pele, dos cabelos, das unhas. Esteticista formada há quatro meses, ela voltará para casa com um peso a mais na mala: a prata dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, inédita na luta livre feminina.
Luta livre Aline Ferreira no Pan de Guadalajara (Foto: Gaspar Nóbrega/ InovaFoto/COB)Aline Ferreira: cara feia só na luta (Foto: Gaspar Nóbrega/ InovaFoto/COB)
- Para não dar excesso de bagagem, vou distribuindo entre as amigas. Uma mala é só de creme. Creme de rosto, dos olhos, mãos, corpo, máscara para o rosto, argila, kit de unha. Minha unha não está feita. Não faço antes de lutar porque às vezes tira um bifinho ou outro e fica mais sensível.

Aline, de 25 anos e cursando Educação Física, deu um jeito de acrescentar no currículo algo pelo qual era apaixonada desde antes mesmo de conhecer a luta livre. A vaidade dela virou piada entre as lutadoras. Brincam, mas também pedem ajuda para dar aquele retoque no visual.

- Gosto muito de maquiagem, depilação, adoro. As meninas falam, brincando, “lutadora tem que ser homem, você é uma viada, vira macha” - conta, rindo - E estética dá direito, né? Mulher não pensa na hora de ficar bonita...
Luta livre Aline Ferreira no Pan de Guadalajara (Foto: Wagner Carmo / Inovafoto / COB)Aline com a medalha inédita e o mascote do Pan
(Foto: Wagner Carmo / Inovafoto / COB)
A formatura, após três anos, foi aos trancos e barrancos. Por conta dos treinos, viagens e campeonatos, Aline praticamente só assistiu a três meses de aula. O período coincidiu com o diagnóstico de hipertireoidismo. Desde então, faz tratamento para controlar a doença.

- Minha dificuldade é o profissionalismo, pois não estou trabalhando na área, e muita coisa a gente aprende quando começa a trabalhar... e esquece se não praticar.

O jeito, então, é tentar praticar boa parte do que aprendeu no dia a dia. Além dos cremes, toma cuidados especiais com os cabelos, sempre presos com trancinhas durante as competições.

- Como todo dia eu prendo o cabelo, já tenho prática nas tranças. Levo 15 ou 20 minutos. O que demora mesmo é lavar depois, desembaraçar, dar banho de creme. Meu namorado fica doido. Levo 1h30m para me arrumar. Meu cabelo dá muito trabalho.

Aline gostaria de poder exercer melhor a profissão, mas vai ter de adiar os planos...

- P elo menos até 2016...Quero estar na briga.
 

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