sábado, 17 de dezembro de 2011

Lembra dele? Ao lado de Pelé, Lalá calou o Barça no Camp Nou em 1959

No primeiro duelo da história entre os clubes, Peixe goleou por 5 a 1. Goleiro daquele time acha que Neymar fará a diferença no domingo

Por Marcelo Prado Santos, SP
O mundo do futebol vai parar no próximo domingo, quando os olhos de todo o planeta estarão voltados para o estádio Internacional de Yokohama, onde Santos e Barcelona decidirão quem é o melhor time de 2011. Será o sexto confronto entre santistas e catalães. O primeiro ocorreu no dia 29 de junho de 1959 e, como diz o hino criado por Mangeri Neto e Mangeri Sobrinho, quem deu a bola foi o Santos, que botou o time da casa na roda e goleou por 5 a 1.
Como agora, aquele duelo foi um verdadeiro desfile de craques. Se no domingo Neymar, Ganso, Xavi, Iniesta e Messi mostrarão seu vasto repertório, naquele dia o Peixe tinha Pelé, Pepe, Coutinho, contra um Barça de Evaristo de Macedo e os húngaros Kocsis e Czibor, que haviam sido vice-campeões mundiais em 1954,na Copa disputada na Suíça. E nada melhor do que conversar com um personagem daquela partida para relembrar um grande feito da história alvinegra. Com a palavra, Carlos Pierin, o goleiro Lalá.
– Foi um dia memorável na minha carreira de futebolista. O que aconteceu na Espanha jamais vai sair da minha memória. Aquele time do Barcelona era fantástico. Os dois húngaros (Kocsis e Czibor) eram atacantes perigosíssimos. Mas o Santos era um grande time e que lá na frente, contava com um neguinho que jogava mais ou menos, um tal de Pelé (risos). Lembro até hoje que o Camp Nou estava lotado, com aproximadamente 70 mil torcedores – conta Lalá.
O ex-goleiro diz que vê semelhanças entre a expectativa pelo jogo de domingo com aquela criada em torno da partida realizada em 1959.
Lalá como goleiro do Santos (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)Lalá fez história com a camisa do Peixe na década
de 60 (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)
– Ninguém acreditava que o Santos poderia ir na casa do Barcelona e vencer. É como agora. Uma semana antes de irmos até a Espanha, jogamos em Milão e goleamos o Internazionale por 7 a 1. Quando acabou o primeiro tempo, vencíamos o Barcelona por 2 a 1 e as pessoas olhavam assustadas. No segundo tempo, ainda fizemos mais três gols. Ao final da partida, todos os torcedores levantaram e acenaram seus lenços brancos, talvez como forma de homenagear o que haviam visto – contou, emocionado.
Goleiro do Peixe entre 1959 e 1961, Lalá diz não ter dúvidas da vitória santista no domingo. E aponta quatro nomes para explicar sua aposta.
– O Santos tem um time tão bom quanto o Barcelona. Só que possui um gênio, um talento absurdo, fora de série que é o Neymar. O Neymar é como um ótimo restaurante, o cardápio é vasto. Você nunca sabe a jogada que ele vai fazer e melhor, o garoto nunca repete o lance. Além dele, o Ganso sabe muito com a bola nos pés, o Borges é um artilheiro nato e o Muricy é um dos melhores treinadores do mundo. Será um grande jogo, repleto de chances, e acredito na vitória do Peixe por 2 a 1 – ressaltou.
Lalá começou a carreira no futebol aos 15 anos, na cidade de Lapa (PR). Em um jogo do campeonato local, enfrentou um zagueiro do Santos, Ferreira, já em fim de carreira. Indicado ao clube da Vila Belmiro, foi contratado após rápida passagem pelo Ferroviário (PR). O goleiro lembra do susto que tomou quando foi contratado.
O Neymar é como um ótimo restaurante, o cardápio é vasto"
Lalá
– Estava jogando no Paraná, que na época podemos dizer que era a quinta divisão do futebol brasileiro. Aí, fui contratado pelo Santos e, um mês depois, estava viajando para a Europa para disputar amistosos contra grandes adversários e em um time que tinha Pelé, Pepe, Coutinho, entre outros craques. Foi um grande privilégio – disse Lalá, que hoje é empresário e tem uma loja de material esportivo em Santos, onde formou-se na faculdade de Educação Física, casou e teve filhos.
Depois do Santos, Lalá passou dois anos no México, onde atuou por Atlas e Atlante, teve rápida passagem pela Venezuela, voltou ao Peixe em 1966 para disputar alguns amistosos, defendeu o Paulista de Jundiaí e encerrou a carreira na Portuguesa, onde pôde atuar ao lado de outros grandes craques, como Ivair e Leivinha. Após se formar na faculdade, trabalhou como preparador de goleiros do Santos em 1978.

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