segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Vida pós-Copa SP: o risco para os que não são promovidos

Jogadores acostumados com estrutura de primeira na base de grandes equipes precisam se sujeitar a más condições em times menores para jogar

Por Israel Stroh Itu e Bauru, SP
 A Copa São Paulo de Futebol Júnior está prestes a começar e, com ela, vem o sonho dos jovens de atuar entre os profissionais. É verdade que a competição lançou nomes como Neymar, Lucas e Ganso, mas a grande maioria das promessas não terá espaço na equipe principal. É aí que começa uma verdadeira batalha para salvar uma carreira das mais promissoras.
Sem espaço, alguns jogadores ainda conseguem se transferir para equipes de menor porte, mas bem estruturadas, do futebol europeu, mas o caminho natural dos garotos é buscar espaço em equipes de menor porte. O problema é que a maioria delas oferece pouquíssimos recursos. Quem tinha estrutura de time grande, então, precisa se adaptar a uma nova realidade.
Ano Os campeões Quem foi promovido, mas saiu Quem ainda está na equipe
2011 Flamengo Lorran, Adryan (voltaram aos juniores), Alex e Anderson (Vitesse-HOL)
 
César, Negueba, Thomás e Muralha
2010 São Paulo Zé Vitor e Lucas Gaúcho Casemiro, Lucas, Bruno Uvini
2009 Corinthians Marcelinho, Fernando Henrique, Boquita, Jadson e Bruno Bertucci Elias Oliveira
Daniel Grando é um dos que tentam dar a volta por cima. Em 2004, foi campeão da Copinha pelo Corinthians em time que ainda tinha Julio Cesar, Abuda, Élton, Bruno Octávio e Rosinei, todos promovidos ao time de cima. Ele ainda passou rápido pelos profissionais, marcou um gol salvador (veja acima), mas depois passou a ter problemas até para receber seu salário.
Hoje no Noroeste, ele ainda sonha crescer, mas diz ter o que precisa para trabalhar. Antes, no entanto, chegou a jogar de graça.
- Só 10% das equipes do interior dão uma estrutura que temos aqui. Nas outras falta tudo. Joguei no ano passado na Francana, não recebi e vi jogadores com problemas sérios. A Copinha é uma chance de ouro, mas quando ela passa fica mais difícil.
Depois, quem não é promovido costuma ser emprestado para outras equipes, até que haja uma chance ou até que termine o contrato. Foi o que aconteceu com Rodrigo Calchi, goleiro titular do Santos na Copinha de 2005, com passagem pela Seleção Brasileira Sub15. Ele foi emprestado ao Taubaté depois de jogar o torneio e tinha a esperança de retornar, mas foi dispensado assim que acabou seu contrato.
Ele chegou até a defender o Jabaquara, na quarta divisão estadual, para tentar voltar a um time grande. Ano passado foi reserva no Oeste e, em 2012, vai defender o Ituano. Antes, jogou em divisões inferiores por Olímpia, Portuguesa Santista e Francana.
Atacante Daniel Grando, ex-Corinthians, vai depender o Noroeste na Série A2 (Foto: Divulgação/ Noroeste)Atacante Daniel Grando, ex-Corinthians, vai defender
o Noroeste na Série A2 (Foto: Divulgação/ Noroeste)
- É complicado porque nesses times falta tudo. Não só o salário, mas a alimentação e a suplementação são ruins. Falta material esportivo, campo... Já vi até faltar bola. É muito difícil de se acostumar, quando se começa com a estrutura do Santos.
No entanto, todos se esforçam para não abandonar suas carreiras e manter vivo o sonho de voltar a um time grande. É verdade que a vontade de desistir passa pela cabeça de jogadores como eles, mas apesar dos problemas, o objetivo e a paciência têm falado mais alto.
- Quando crescemos e temos uma família para sustentar, chega a ficar inviável jogar recebendo quinhentos ou mil reais, mas fazemos uma força e quando uma chance como essa no Ituano chega, dá um incentivo, mas dar a volta por cima é muito difícil - diz Rodrigo.
Rodrigo Calchi em treino pela Portuguesa Santista, quando teve de jogar a Série A3 (Foto: Israel Stroh)Rodrigo Calchi em treino pela Portuguesa Santista, quando teve de jogar a Série A3 (Foto: Israel Stroh)

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