quinta-feira, 26 de abril de 2012

Top 5: no dia do goleiro, Marcos lembra milagres e frangos

Ídolo do Palmeiras dá dicas aos colegas e elege os momentos mais marcantes de sua carreira. Para o bem e para o mal...

Por Marcos Guerra São Paulo
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Por vezes amado, por vezes odiado. Apenas uma linha separa o céu do inferno na vida de um goleiro. Ele não é o dono da bola, mas é o único jogador que se não estiver em campo, à frente da meta, não rola futebol. Por isso, nada mais justo do que um dia para homenageá-lo, certo? O dia existe - 26 de abril -, mas nem todo arqueiro se importa com isso. O eterno ídolo do Palmeiras, Marcos, é um deles.
Não é que o Santo não goste de homenagens ou da profissão que o consagrou. Ele até queria jogar na linha quando garoto, mas louva o dia em que resolveu vestir as luvas. Foi uma decisão que rendeu lembranças para a vida toda - boas e ruins, como se percebe abaixo, na lista de cinco momentos marcantes da trajetória do atleta.
Para Marcos, porém, o dia do goleiro sempre foi apenas mais um de trabalho pesado. Agora, ele está aposentado, mas relembra as barreiras que superava dia a dia.
- É uma profissão que exige concentração, dedicação, estudo para enfrentar esses grandes jogadores. Mas devo tudo o que tenho às luvas, tanto as coisas materiais quanto o reconhecimento. O goleiro sempre é um cara que é penalizado, é muito cobrado, mas todos sabem os nomes dos goleiros dos times. É um cara que se destaca.
Marcos Palmeiras ex-goleiro (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Marcos tem mandamentos para goleiros: concentração e dedicação são fatores necessários para quem pretende vestir luvas nos gramados (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Concentração, dedicação, horas de estudo. Esses são apenas alguns dos mandamentos do Santo para aqueles que querem seguir seus passos. Antes de pendurar as luvas, aos 38 anos, no dia 4 de janeiro deste ano, o ex-jogador conquistou quase tudo que era possível. No currículo, ele tem título mundial com a Seleção Brasileira, da Copa América, da Copa das Confederações, da Libertadores, brasileiro, da Copa do Brasil e tantos outros.

Faltou apenas o Mundial de Clubes. Marcos teve a chance, mas uns dias são de "santos", e outros, de "diabos". Em 1999, o ídolo falhou feio na final da competição internacional. Um erro decisivo que deu aos ingleses do Manchester a vitória por 1 a 0 e a taça mais cobiçada por todos os clubes. Para evitar vacilos como o daquela final, o Santo tem mais um mandamento.
- Ser goleiro é difícil. Você não joga sozinho, depende muito dos outros. Tem gente que acha que é só pegar bola, mas a parte de comunicação com a zaga é muito importante. Quanto mais o goleiro posiciona bem a zaga, menos trabalho vai ter. Sofri bastante, chorei muito, mas só tenho a agradecer.
Entre milagres e perus
A pedido do GLOBOESPORTE.COM, Marcos elegeu cinco momentos marcantes para recordar os 20 anos de carreira. E não foram só os milagres que entraram na lista. Dois perus também não saem da cabeça do ex-goleiro. Para equilibrar a lista de acertos e erros, o Santo ainda lembra uma terceira falha, como mostra o vídeo acima. Mas, depois de muita dificuldade, de muito pensar, eis o "Top 5" de Marcos:
Brasil 2 x 0 Alemanha – final da Copa do Mundo de 2002
A decisão já estava nos 37 minutos do segundo tempo e o Brasil vencia por 2 a 0 quando Oliver Bierhoff exigiu uma defesa milagrosa de Marcos. Próximo da marca do pênalti, o alemão girou e chutou no canto esquerdo de Marcos, à queima-roupa. O goleiro foi rápido, esticou-se e desviou a bola para a linha de fundo, garantindo a tranquilidade nos minutos finais antes de conquistar o Penta para a Seleção.
- Achei que essa foi a melhor defesa daquele jogo - disse o Santo.
Cruzeiro 2 (3) x 2 (4) Palmeiras – quartas de final da taça Libertadores de 2001
Depois de um empate por 3 a 3 no Palestra Itália e outro por 2 a 2 no Mineirão, os times decidiram nos pênaltis a vaga para a semifinal daquele ano. Marcos, que havia se tornado titular do Verdão há pouco tempo, fechou a meta nas penalidades. Ele pegou as cobranças de Ricardinho, Marcos Paulo e Luisão – Jackson ainda mandou para fora. Especialmente a defesa no pênalti de Luisão marcou o goleiro, que liderou o Palmeiras na conquista da Libertadores de 1999 e, de quebra, levou o título de melhor jogador da competição.
- Naquele pênalti, eu passei da bola e a mão voltou. Foi especial.
Palmeiras 1 x 1 Santos – Brasileirão de 2009
Na ocasião, Marcos teve trabalho para garantir o empate com o rival Santos no Palestra Itália. Depois de um bom primeiro tempo do Verdão, com direito a gol de Obina, o jogo mudou com a entrada de Robson no Peixe. Aos 26 minutos do segundo tempo, o jogador recebeu na pequena área e chutou de voleio. O Santo conseguiu fazer uma bela ponte para desviar a bola. Dez minutos depois, Robson conseguiu vazar o goleiro e igualar o duelo, mas a defesa ganhou destaque no currículo de Marcos.
- Teve uma contra o Santos, no Palestra Itália. Não foi um jogo decisivo, mas foi uma grande defesa. O pessoal esquece, mas está no meu DVD (risos).
Palmeiras 2 x 7 Vitória – oitavas de final da Copa do Brasil 2003
O Verdão já estava sofrendo uma goleada quando a bola rolava para Marcos. O goleiro, sem qualquer marcação, preparou-se para dar um chutão para frente. Ele, porém, deu uma furada épica e deixou a bola de graça para Nadson balançar a rede. O Palmeiras até venceu por 3 a 1 o jogo de volta, mas não conseguiu avançar na competição.
- Essa aí foi ótima, até hoje dói meu joelho com o estralo que deu (risos).
Manchester 1 x 0 Palmeiras – final do Mundial de Clubes de 1999
Campeão da Libertadores, o Palmeiras fazia uma final aguerrida com o Manchester. O time do Palestra Itália dominava as ações ofensivas, mas o primeiro ataque da equipe inglesa foi decisivo. Ryan Giggs cruzou pela esquerda, Marcos saiu mal e não alcançou a bola, que sobrou para Roy Keane apenas escorar, aos 35 minutos do primeiro tempo.
- Foi duro. É difícil de ver até hoje, mas consegui dar a volta por cima depois.

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