Mãe de Alexandre recorda carreira do reserva tricolor na Libertadores de 92
Alexandre era reserva de Zetti e jogou dois jogos da competição. Ele era considerado por muitos melhor que Rogério Ceni
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Alexandre era o reserva imediato de Zetti e tido como uma das principais apostas do clube naquela década. Ele, inclusive, assumiu a meta são-paulina em duas ocasiões durante a competição e não levou um gol sequer. No primeiro jogo contra o Nacional, do Uruguai, pelas oitavas de final, Zetti foi expulso no segundo tempo, Alexandre entrou e garantiu o 1 a 0. No Morumbi, na partida de volta, o goleiro foi titular da equipe e teve uma boa atuação na vitória por 2 a 0, classificando o São Paulo às quartas.
Mas uma fatalidade impediu que a carreira do goleiro promissor continuasse. Praticamente um mês após a conquista do título, Alexandre se envolveu em um acidente automobilístico e morreu, aos 20 anos. Ele tinha acabado de comprar um carro novo e voltava de um churrasco na cidade de São Roque, onde estava com alguns jogadores do clube, quando bateu o veículo em uma mureta na rodovia Castello Branco. O goleiro estava sozinho e não resistiu.
Marilene Escobar mostra as fotos do filho quando era criança (Foto: Rafaela Gonçalves / GLOBOESPORTE.COM)
O acidente é lembrado com muita tristeza pelos familiares e amigos de
Alexandre. A mãe do goleiro Marilene Escobar, que mora em Sorocaba, no
interior de São Paulo, sofreu de depressão durante anos e chora até hoje
ao lembrar do filho.Melhor que Rogério?
A fatalidade não mudou apenas a vida dos familiares de Alexandre, mas também a dos goleiros do clube. Segundo o ex-ponta-esquerda do São Paulo Paraná - que na época trabalhava como olheiro do time e foi quem descobriu Alexandre -, Zetti estava sendo negociado com um clube da Alemanha e Alexandre assumiria o posto. Porém, o acidente fez com que a diretoria do São Paulo recuasse e interrompesse a transferência do titular.
Mãe guarda autografo do filho Alexandre
(Foto: Rafaela Gonçalves / GLOBOESPORTE.COM)
- O Zetti ia mudar para um time da Alemanha, não me recordo o nome, em
92. Estava tudo certo. O Alexandre seria titular, e depois ele seria
campeão mundial. Mas aí aconteceu aquilo... Se não fosse aquele
acidente, talvez ninguém soubesse quem é Rogério Ceni, o Alexandre era
muito melhor que ele. Mas não era só no gol que ele era bom, não. Ele
era muito bom com os pés. Esse negócio de bater faltas que o Rogério
faz, o Alexandre já fazia. O Alexandre jogava como meia também, e jogava
bem. Melhor que muito meia que está jogando em alguns times aí (risos).
Teve uma vez na base que um meia tinha machucado e escalaram o
Alexandre. O Rogério jogou no gol e o Alexandre na linha. Ele fez até
gol. O Alexandre era bom em tudo, principalmente no gol.(Foto: Rafaela Gonçalves / GLOBOESPORTE.COM)
Em seu livro, "Maioridade Penal – 18 anos de histórias inéditas da marca da cal", Rogério Ceni corrobora as palavras de Paraná.
- Alexandre era muito melhor do que eu. Velocidade incrível de movimentos, excelente chute, bonito de ver jogar. Telê Santana adorava! (...) Minha carreira, com certeza, seria completamente diferente caso Alexandre não tivesse partido. Ele era apenas um ano mais velho do que eu. Ocuparia a sua posição por muito tempo. Quem sabe até hoje.
Mãe de Alexandre mostra flamula que ganhou dos jogadores após a morte do filho (Foto: Rafaela Gonçalves / GLOBOESPORTE.COM)
Passados 20 anos, Marlene Escobar guarda um desejo: reencontrar Zetti,
que era o grande ídolo e modelo de Alexandre, para a posição e a vida.- A última vez que tentamos falar foi há uns 12 anos. Ele ligou, mas eu não estava, eu liguei de volta, ele ficou de retornar e acabou desencontrando. Tenho muita saudade do Zetti, adoraria falar com ele - conta a mãe de Alexandre.
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