sábado, 9 de março de 2013

Amanda Nunes promete abrir portas para mulheres do Brasil no UFC

Primeira brasileira no Ultimate fecha patrocínio, agradece apoio da mãe, lembra promessa ao tio ex-lutador e ignora ranking do peso-galo feminino

Por Adriano Albuquerque Rio de Janeiro
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O Dia Internacional da Mulher, comemorado na sexta-feira, celebra as conquistas e avanços das mulheres em busca da igualdade de direitos e, no MMA, a desbravadora entre as brasileiras é a baiana Amanda Nunes. A lutadora de 24 anos de idade é a primeira contratada pelo UFC para sua nova divisão dos pesos-galos femininos e, embora ainda não tenha data prevista para estreia, já começa a colher os frutos e romper barreiras. Nesta semana, a "Leoa dos Ringues" fechou seu primeiro patrocínio, com uma empresa do mercado imobiliário, acrescentando ao apoio que já recebia de sua equipe, a MMA Masters. É só o começo para Amanda.
- Quero desejar feliz Dia Internacional das Mulheres para todas as mulheres do Brasil e dizer que vou representar muito bem todas vocês, e me esforçar muito para abrir as portas ainda mais para todas nós. Para as meninas que estão lutando ou que vão começar, digo para se agarrarem ao seu sonho. Não desistam, peçam com fé, com convicção, que pode demorar, mas vem - disse a lutadora em entrevista por telefone ao SPORTV.COM, concedida na sexta-feira.
Amanda Nunes com seus cães (Foto: Reprodução/Twitter)Amanda Nunes com seus cães nos Estados Unidos: primeira brasileira no UFC (Foto: Reprodução/Twitter)
Muito antes de qualquer empresa e equipe, porém, Amanda Nunes teve o apoio de uma mulher especial: sua mãe, Ivete ("Não é a Sangalo!", ela não deixa de frisar). Foi ela que a incentivou a seguir sua paixão pelo jiu-jítsu e pelas lutas, mesmo contra a vontade do pai, Sindoval.
- Só meu pai que era contra, não queria a filha dele lutando de jeito nenhum, mas minha mãe sempre me apoiou. Ela sempre gostou de luta, treinou boxe. Ela era córner do meu tio, e ia a todas as minhas lutas. Ela foi minha primeira fã, é minha fã número 1 - contou Amanda, orgulhosa e agradecida.
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O tio da baiana era José Alves, que lutou vale-tudo e era conhecido como "Índio". Ele faleceu há cinco anos, mas permanece como uma das inspirações de Amanda.
- Eu prometi que ia manter o legado dele, que conquistaria o que ele sonhou e não conseguiu. Isso me deu mais força e convicção para seguir buscando esse sonho.
UFC Amanda Nunes (Foto: Agência Getty Images)Amanda lutou pelo Strikeforce e faz combate pelo
Invicta antes de estrear no UFC (Foto: Getty Images)
Caçula da família com mais quatro irmãos (duas mulheres e um homem por parte de mãe e um rapaz por parte de pai), Amanda começou a lutar jiu-jítsu com eles, mas foi a única que seguiu carreira, devido às dificuldades em se arrumar apoio no Brasil. Os irmãos se juntaram e apoiaram seu sonho, custeando passagens para competições e fazendo de tudo para que ela não precisasse trabalhar. Há cerca de um ano e meio, a situação ficou insustentável e ela seguiu viagem para Miami, onde foi treinar com a equipe MMA Masters, de seu mestre César Carneiro.
Na Flórida, Amanda recebe ajuda de custo da equipe, tem apartamento e carro. Além disso, tem outras mulheres para fazer sparring, como a americana Nina Ansaroff, lutadora da categoria peso-mosca, e outras aspirantes ao MMA profissional. Nos EUA, segundo a baiana, é necessário lutar como amador antes de se profissionalizar. Ela considera uma vantagem ter saltado direto para os profissionais no Brasil. Talvez por isso, acredita que também pode saltar rapidamente à disputa do título no Ultimate, mesmo colocada em sétimo lugar no ranking da categoria na organização.
- Não presto muita atenção ao ranking, porque, se a adversária da campeã se machucar e as outras não estiverem preparadas, eu vou estar pronta e vão me chamar. Se eu ganho da campeã, eu viro a número 1. Se ganho da número 2, viro a número 2. Então, não ligo. Nos meus treinos, sempre me preparo para tudo. Treino especificamente para a adversária, mas, no intervalo, vejo a luta da campeã, da número 2, de todas. Estou sempre me preparando para todo tipo de situação - explicou.
Antes de estrear pelo UFC, a "Leoa dos Ringues" tem um último compromisso pelo Invicta FC, evento exclusivo para mulheres que o UFC vem usando como fonte para abastecer sua nova divisão feminina. Em 5 de abril, ela enfrenta Kaitlin Young, lutadora com sete vitórias, sete derrotas e um empate no cartel. Amanda, que tem sete vitórias e três derrotas, não se importa com a pressão de representar o Ultimate e servir de alvo para a adversária.
- Com certeza, tem uma carga de ser a representante do UFC, e talvez o recorde dela, de sete vitorias e sete derrotas, não devesse ser o de uma oponente de uma lutadora do UFC, mas eu aceitei a luta e estou tranquila. Eu me preparo para tudo, para a pior situação. Pode ser eu ou pode ser ela, mas vai ser eu, por nocaute ou por finalização, com certeza - prometeu.

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