sábado, 20 de julho de 2013

Bader quer tomar lugar de Glover na corrida pelo título com vitória em BH

Americano vê luta contra temido brasileiro no UFC: Glover x Bader como oportunidade e diz que ser zebra fora de casa alivia sua pressão para a luta

Por Rio de Janeiro
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Quando o americano Ryan Bader foi anunciado como adversário do brasileiro Glover Teixeira no UFC: Glover x Bader do próximo dia 4 de setembro, em Belo Horizonte, muitos fãs torceram o nariz. Esperava-se que Glover, terceiro colocado no ranking peso-meio-pesado do UFC, pegasse o quarto lugar, Rashad Evans, que havia mencionado a possibilidade do confronto. Em vez disso, Bader foi o escolhido, após ter sido forçado a desistir de um confronto com o mineiro no UFC 160, em maio, por causa de uma lesão. Para o americano, décimo na classificação da categoria, o apelo do duelo é óbvio.
- Eu quero enfrentar os melhores. Ele está em terceiro lugar no ranking. Meu objetivo maior é ser o campeão, e o Glover está à beira de uma disputa de título. Se eu ganhar dele, eu tomo seu lugar e estou mais perto da disputa do título, que é o que eu quero. Glover seria uma enorme vitória e é um cara muito duro. Quero essas lutas difíceis, nos eventos principais, no Brasil, contra Glover. Outras pessoas vêm fugindo dele, mas eu quero provar que posso vencê-lo - disse Bader ao Combate.com, em entrevista concedida via Skype.
Ryan Bader se apresentou melhor e derrotou Rampage Jackson no Japão (Foto: Getty Images)Ryan Bader quer surpreender Glover como fez contra Rampage Jackson no Japão (Foto: Getty Images)
Para o ex-campeão do The Ultimate Fighter, as opiniões de fãs que acreditam que Glover Teixeira vencerá facilmente e o fato de o combate ser realizado no estado natal do adversário são fatores de motivação. Ele garante que se sentirá mais aliviado por não ter a pressão do favoritismo sobre si dentro do octógono.
- Eu adoro estar nessa posição, adoro ser a zebra. Ninguém está me dando crédito nenhum e adoro ir lá e estragar esses planos. Já fui a zebra muitas vezes. Fui ao Japão e bati o Rampage. Isso meio que alivia a pressão para mim, e me permite relaxar, me abrir e lutar como quero lutar. Te deixa livre, sem pressão de lutar para não perder. Posso ser livre e fazer o que quero fazer e surpreender Glover - afirmou.
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Confira abaixo a entrevista na íntegra:
COMBATE.COM: Como você se sente vindo lutar no Brasil, contra Glover Teixeira? Você sabe que é o estado natal dele…
Ryan Bader: Eu me sinto bem sobre isso. Obviamente, eles não vão estar torcendo para mim, mas entrar lá e lutar em frente a uma torcida tão apaixonada, que ama o UFC, MMA e seus compatriotas… Espero que eles me odeiem mais depois de eu o derrotar! (risos) Mas eu já viajei pelo mundo, lutei no Japão, lutei na Austrália, então já passei por isso de viajar e lutar antes, tirar o jet lag, comer bem, o que você precisa levar... Já fiz isso. Não cheguei a enfrentar uma torcida tão hostil, mas espero fazer uma grande luta, conseguir a vitória, e que sejamos aplaudidos ao final da noite por dar um grande show.
Você já passou por isso de viajar por aí, mas desta vez a luta acontece numa quarta-feira. Como isso muda sua programação? Você pretende vir mais cedo?
Nós normalmente chegamos cinco dias antes, o UFC nos leva. Ser na quarta-feira não importa, porque eu programo todo o meu treinamento e minha semana para chegar ao auge naquele dia. Ao chegar lá, vou cortar o treino um pouco na semana anterior, deixar meu corpo se recuperar e estar pronto na quarta. O dia não importa muito. Vamos lutar mais tarde na noite, vou começar a treinar um pouco mais tarde conforme a luta chegar para me acostumar. Mas fora isso, nada importa: quando a porta do cage fechar, eu vou aparecer e vou lutar.
É a segunda vez que você é escalado para enfrentar o Glover - vocês deveriam ter se enfrentado no UFC 160 (Bader sofreu lesão e foi cortado do evento). Por que você acha que as pessoas estão fugindo de lutar com ele, e por que você quer este confronto?
Glover tem sido duro, está numa série de 19 vitórias seguidas e está invicto no UFC. Eu quero enfrentar os melhores. Ele está em terceiro lugar no ranking. Meu objetivo maior é ser o campeão, e o Glover está à beira de uma disputa de título. Se eu ganhar dele, eu tomo seu lugar e estou mais perto da disputa do título, que é o que eu quero. Glover seria uma enorme vitória e é um cara muito duro. Quero essas lutas difíceis, nos eventos principais, no Brasil, contra Glover. Outras pessoas vêm fugindo dele, mas eu quero provar que posso vencê-lo.
Como você vê o seu jogo casando com o do Glover? Quais são as ferramentas que você sente que tem para batê-lo e acabar com essa série invicta?
Eu tenho um background de wrestling muito bom. Ele não enfrentou muitos wrestlers de alto nível e não ficou muito por baixo. Ele entra e bate forte, mas eu tenho muito poder nas minhas mãos também. Acho que será uma luta muito boa, os fãs certamente sairão ganhando nessa. Ele gosta de jogar grandes bombas e eu também. Eu tenho também meu wrestling que posso usar ou para derrubá-lo, ou para misturar jogando minhas mãos em cima, e vice-versa.
Ryan Bader UFC MMA (Foto: Divulgação/UFC)Ryan Bader concede entrevista à imprensa brasileira
pelo computador (Foto: Divulgação/UFC)
Você já esteve na posição em que ele está: teve uma grande série invicta até encontrar Jon Jones. O que pode dizer sobre o que acontece antes da primeira derrota, quando você chega a esse nível? Qual é o fator mais perigoso quando se tem uma série invicta tão grande? E o que acontece depois dessa derrota?
Não quero dizer que você fica complacente, mas, quando você perde, (o importante) é como você reage. Levante-se, aprenda, siga adiante e volte a vencer, ou deixará tudo escapar. Para ele, ele não perde há muito tempo. Sei que ele vai querer vencer tanto quanto eu, mas, ao mesmo tempo, ele vai estar em seu estado natal, eu vou estar faminto, entrando como zebra, procurando surpreendê-lo. Tudo entra em jogo, mas, no final do dia, quando estivermos no octógono, eu vou lutar e ele vai lutar. O melhor cara vai vencer naquela noite.
Todo mundo está falando sobre a grande sequência dele e que ele pode enfrentar o Jon Jones já. Você acha que ele pode te subestimar e isso pode ser seu ponto fraco nessa luta?
Pode ser. Eu não acho que ele está me subestimando, mas muitas pessoas estão. Como lutador, você nunca subestima ninguém. Muitos fãs e muita gente está, dizendo que "ele vai ganhar de Bader e fazer isso e aquilo". Eu adoro estar nessa posição, adoro ser a zebra. Ninguém está me dando crédito nenhum e adoro ir lá e estragar esses planos. Já fui a zebra muitas vezes. Fui ao Japão e bati o Rampage. Isso meio que alivia a pressão para mim, e me permite relaxar, me abrir e lutar como quero lutar. Te deixa livre, sem pressão de lutar para não perder. Posso ser livre e fazer o que quero fazer e surpreender Glover.
Você foi o campeão do TUF, teve aquela longa sequência de vitórias e fez aquela luta com o Jon Jones que, descobrimos mais tarde, era eliminatória para a disputa do título. Depois, você enfrentou Lyoto Machida, que também era uma luta importante, e perdeu. O que está faltando para você? O que você aprendeu com essas derrotas e o que falta para você finalmente vencer essas lutas decisivas e conseguir uma disputa pelo cinturão?
Esses caras são muito bons, são alguns dos melhores lutadores peso-por-peso do mundo. Aprendi com cada um. Eu aprendi a ser mais paciente, a ser mais esperto com minha estratégia, especialmente contra Lyoto. Ele meio que me deixou impaciente. Eu achei que estava fazendo outra coisa, mas acabei indo apressado em direção a ele. Eu precisava ficar mais na minha, e preparar minhas quedas. Eu passei a treinar de forma mais inteligente, mergulho mais no jogo mental também. Colocar suas habilidades técnicas e sua mente em sincronia é o que vocie precisa fazer. Se você é técnico, mas se retrai lá dentro, não vai a lugar nenhum, e vice-versa, você não vai a lugar nenhum sem técnica. Tem que sincronizar os dois, e finalmente estou chegando ao ponto que sou o lutador que sei que posso ser.
Lyoto e Glover são companheiros de equipe. Obviamente, Lyoto tem um jogo muito único, mas quais semelhanças os dois têm que você precisa se preocupar e que você pode se aproveitar?
Acho que ambos têm defesa de queda muito boa. Ambos são muito bons no chão, mas têm um estilos totalmente diferentes em pé. Lyoto é mais um striker muito preciso, só ataca quando sente ser necessário. Glover é mais brigador, ele bate muito duro e vem suingando com força toda vez. Eles não são nem um pouco parecidos nesse departamento, mas, em todas as outras áreas, são. E mentalmente, eles têm um desejo muito grande de serem campeões, e eu também. Tenho certeza que Lyoto falou sobre mim, sobre o que eu levei naquela luta contra ele, mas eu não sou mais o mesmo lutador. Eu evoluí muito desde então e quero mostrar isso no Brasil.
Lyoto Machida e Ryan Bader pesagem UFC (Foto: Reprodução/Twitter)Bader diz ter aprendido muito após derrota para Lyoto Machida em agosto de 2012 (Foto: Reprodução/Twitter)
No TUF, você era o "Menino de Ouro" do Minotauro. Você pretende vir treinar com ele, pedir dicas?
Eu adoraria! Eu venho enfrentando muitos dos amigos dele, enfrentei seu irmão e o Lyoto! Mas, agora que isso saiu do caminho, adoraria treinar com ele qualquer hora. Espero que essa luta no Brasil abra as portas para eu chegar lá e conhecer outras cidades. Tive uma ótima passagem pelo The Ultimate Fighter. Nogueira é um dos caras mais genuínos e humildes que conheci nesse esporte e até fora dele. Ele realmente cuidou de nós, queria muito que nós tivéssemos sucesso e aprendêssemos. Nós mantivemos contato por muito tempo depois daquilo. Não falo com ele há algum tempo, mas sempre digo alô quando o vejo. Anderson Silva também esteve no programa e eu ainda falo com ele quando o vejo. Tive uma ótima experiência e fiquei muito feliz por ele ter sido meu técnico.
O que você mais aprendeu com ele no programa?
Eu era muito jovem quando entrei no programa. Eu era praticamente só um wrestler, tive cinco lutas e usava muito meu wrestling. Ele me ajudou a desenvolver mais meu jogo geral, como meu jiu-jítsu. Mas o mais importante foi poder conversar com ele e entrar na mente de um campeão. Como ele encara o jogo mentalmente, como ele treina fisicamente. Ele nos colocava pelo que ele passava para se preparar para uma luta. No dia antes da luta, ele nos fazia nos aquecer como ele fazia. Eu aprendi demais com ele, coisas que levei comigo para minha carreira. Adorei cada minuto disso.
Você tem alguma mensagem para os fãs brasileiros que estarão torcendo por você e pelo Glover?
Independentemente de para quem eles vão estar torcendo, eu estou ansioso de lutar em frente aos brasileiros. Os fãs brasileiros são apaixonados pelo UFC e pelo MMA. Claro que vão apoiar seu compatriota, mas espero ir aí e dar uma grande luta, e ambos sermos aplaudidos ao final. Se eu tiver de derrotar o cara de vocês, sinto muito, mas eu ainda os amo. Estou ansioso para vê-los lá.

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