terça-feira, 27 de agosto de 2013

Dia de Érika: dica de Luciano Correa no café, e mãe judoca na torcida

Prata no Mundial, brasiliense quase mata dona Maria Lucia do coração e ouve conselho de campeão mundial para vencer 4 lutas e, enfim, ir ao pódio

Por Rio de Janeiro
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A primeira medalha de Érika Miranda em um Mundial bateu na trave várias vezes. Depois de dois 5° lugares (2010 e 2011), foi apenas na quarta participação em mundiais que ela conseguiu subir no tão sonhado pódio. Mas a prata no Rio de Janeiro começou a ser forjada muito antes. Aos 12 anos, ainda em Brasília, a mãe, dona Maria Lucia de Sousa, foi determinante na escolha da filha pelo judô. Praticante da arte marcial, ela proibiu Érika de fazer natação e a levou para os tatames. E deu certo. A menina tomou gosto pelo esporte e nesta terça-feira ouviu seu nome ecoando pelo Maracanãzinho.
- Treinei judô pela necessidade do trabalho, porque sou policial civil. E eu achava que eles tinham que fazer um esporte. Ela queria fazer natação, mas falei que ela ia pro judô mesmo. Fui estimulando, levando nas competições e ela está aí hoje. Ela tem que perseguir esse ouro olímpico e mundial sem desistir jamais - avaliou dona Maria Lucia, de 50 anos, que é faixa marrom e tem três filhos faixa preta (Érika, Yuri e Carol).
erika miranda e a mae maria lucia judo (Foto: Raphael Andriolo)Érika e a mãe, dona Maria Lucia, comemoram medalha após o pódio (Foto: Raphael Andriolo)
O dia de Érika estava traçado. Ainda no café da manhã, ganhou dicas preciosas do campeão mundial Luciano Correa, que compete no próximo sábado. Os conselhos do amigo foram de alguém que sabe muito bem o que é disputar uma competição desse porte em casa, já que em 2007 ele foi campeão do mundo no Rio de Janeiro. Inquieta e ansiosa, Érika questionou o também brasiliense logo cedo: qual o segredo?
erika Miranda x Birgit Ente mundial de judo maracananzinho (Foto: Leandra Benjamin/MPIX)Érika estreia com vitória sobre holandesa no
Mundial do Rio (Foto: Leandra Benjamin/MPIX)
- Hoje eu tive o privilégio de tomar o café da manhã com o Luciano (Correa). Perguntei para ele que é campeão mundial, antes de sair para vir para a competição, o que ele poderia me falar. Ele falou assim: "Vai para a competição e pensa que é um Grand Slam. Mas não dá tanta importância como se fosse um Mundial, com a pressão da torcida". E foi o que eu fiz. Fui lutando forte, claro, querendo ganhar, mas pensando que era uma competição menor. Graças a Deus deu certo - disse.
Deu tão certo que Érika entrou no tatame contra a holandesa Birgit Ente e estreou com ippon. É verdade que a luta foi difícil, com cinco punições para ambas, e a pontuação máxima só veio a 16 segundos do fim. Mas a pressão de lutar diante da torcida parecia não estar presente. Tanto que ela conseguiu administrar o segundo combate e venceu nos detalhes a russa Natalia Kuziutina. Inteligente, Érika avançou na competição porque levou apenas uma punição a menos que a rival.
Enquanto isso, da arquibancada, dona Maria Lucia gesticulava e lutava contra um oponente invisivel. Tudo isso sem a filha vê-la nervosa por conta de suas lutas. Érika mesmo, claro, "não queria matar a mãe do coração". A cada luta um sofrimento interno. E, apesar da conquista inédita para a brasiliense, Maria Lucia não quer que a filha pare por aí.
erika miranda e a mae maria lucia judo (Foto: Raphael Andriolo)Érika ganha um forte abraço da mãe ao
encontrá-la após pódio (Foto: Raphael Andriolo)
- Tenho que ter serenidade para não passar nervosismo para ela. Tenho que controlar a ansiedade. Estou muito feliz. Ela é muito dedicada e generosa. Vamos comemorar. Mas ela tem que treinar mais para justificar essa medalha. Ela vai ser mais estudada e para atingir a meta do ouro. Trabalho dá resultado. Entrega dá resultado. Renúncia dá resultado - desabafou Maria Lucia.
A finlandesa Jaana Sundberg e a romena Andreea Chitu sentiram o resultado de tanto trabalho. De tanta entrega e renúncia. Elas sucumbiram à brasileira. Nas quartas, Sundberg perdeu por ippon. Na semifinal, Chitu foi derrotada por wazari. E Érika marcava um encontro com a número um do mundo da categoria na decisão do Mundial. Majlinda Kelmendi, do Kosovo, testou os nervos da torcida e de dona Maria Lucia no Maracanãzinho. Apesar dos gritos de incentivo, a brasileira sucumbiu e teve que se contentar com a prata - que, para ela, valeu como um ouro.
Coroada com os aplausos dos torcedores, Érika continuou seguindo a dica do amigo Luciano Correa e ainda não acreditava que estava, finalmente, no pódio de um Mundial. A judoca só teve o que agradecer, e agora promete ficar na torcida por Luciano:
- Lu, obrigada. Agora espero que você conquiste o bi e eu estarei aqui na torcida.
O SporTV transmite o Mundial de judô do Rio ao vivo, e o GLOBOESPORTE.COM acompanha tudo em Tempo Real com vídeos. Nesta quarta-feira, Rafaela Silva, Ketleyn Quadros e Bruno Mendonça lutam na categoria leve (57kg feminino e 73kg masculino).

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