segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Análise: fator Maldini faz Fla superar
o Flu no duelo das improvisações

Rafinha faz papel de Paulinho e frustra inspiração de Luxa no italiano ao escalar Anderson. Frauches, na mesma situação, se sai bem com desarmes e boa cobertura

Por Rio de Janeiro
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Aos olhos mais distraídos, a vitória por 1 a 0 do Flamengo sobre o Fluminense, no Maracanã, pode ter sido culpa da fase distinta de ambos, da eficiência de quem teve menos a bola ou até no acaso do lance fortuito entre Hernane e Gum, que terminou com gol contra do zagueiro aos 44 minutos do segundo tempo. Pode ser. Com mais presença ofensiva, o Tricolor tentou se impor sobre o rival, determinado a cumprir seu plano tático de contragolpes. Mas um pequeno duelo de improvisações, no fim das contas, contribuiu - e muito - para o resultado do clássico. Sem laterais-esquerdos, os técnicos escolheram zagueiros para a função, e Jayme de Almeida superou o amigo Vanderlei Luxemburgo, mais uma vez com uma alternativa de sucesso na ponta (confira no vídeo a sequência das jogadas).
Na ausência de Paulinho, que vem sendo o terror das defesas pelo lado esquerdo, Rafinha assumiu o papel e transformou a atuação de Anderson num pesadelo. Antes de a bola rolar, Luxa citou a inspiração no italiano Paolo Maldini, deslocado de setor até em sua seleção. O problema é que, na versão das Laranjeiras, a falta de treino, cobertura e técnica colocaram tudo a perder. Frequentemente, o franzino camisa 7 tabelava com Digão e Carlos Eduardo cheio de espaço.
Do outro lado, Frauches viveu a mesma situação. Mas o Flu não foi capaz de aproveitar. Apesar de irregular, o zagueiro do Fla roubou quatro bolas e, apoiado atrás por Gabriel, Amaral e eventualmente Gonzalez, pôde ir ao ataque, onde deu dois passes que quase acabaram em gol. Destacado para explorar essa mudança, Biro Biro não foi tão efetivo. Ora ficava preso na linha de lado, ora afunilava para o meio. No caso tricolor, até Rafael Sobis deu bronca e surgiu para dar dois carrinhos que evitaram penetrações perigosas. Não à toa, a vitória saiu por aquele flanco.

Análise Tática Fla x Flu Novo (Foto: Editoria de Arte)<b>Diferentemente do Flu (no vídeo), o Fla reforça a marcação na esquerda, evitando que Biro Biro tenha espaço para receber várias vezes. Ele está preso na lateral, envolto por mais rivais do que companheiros (Foto: Editoria de Arte)

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Falta de referência exige chutes

Para compensar a falta de um armador nato - Felipe e Wagner estavam fora de ação -, Luxa formou sua linha de frente com três jogadores. Samuel seria o homem da referência, mas flutuou demais no entorno da área e, quando esteve perto do gol, não concluiu nenhuma vez. Apagado e bem marcado, ele fez com que os chutes de longe fossem a saída. Das 18 tentativas tricolores no total, 11 foram assim, mas poucas acertaram o alvo (confira o vídeo). O último passe vinha principalmente dos pés de Diguinho e de Jean, que atuou mais adiantado. Ou seja, sem a qualidade necessária.
Marcação fechada do Fla
Outro fator que chamou a atenção foi a disciplina rubro-negra. Além de Paulinho, também foram poupados Léo Moura, Chicão, Elias e André Santos - ultrapassando até o Tricolor em número de titulares não escalados. Com uma equipe que reconheceu suas limitações, Jayme evitou a marcação sob pressão e parece ter ordenado que seus pupilos estivessem sempre atrás da linha da bola, esperando o movimento do rival. Isso causou um congestionamento justamente do círculo central à sua intermediária, área em que o Flu tinha poucos atletas.
Assim, antes de fazer a jogada chegar às pontas - de preferência na direita -, a posse de bola era rifada pelos defensores em lançamentos imprecisos, depois de cerca de um minuto rodando sem arriscar um passe vertical (veja o vídeo). Nem mesmo as alterações feitas por Luxemburgo na etapa final surtiram efeito prático. Como Bruno pediu para sair, o cenário ficou ainda mais dramático. Rafinha entrou improvisado, não deu certo. Igor Julião consertou a substituição, melhorou um pouco o time, e Marcelinho fez sua estreia discreta, pelo menos mostrando mais atitude do que Samuel.
Análises rápidas
* Escolhido como capitão, Wallace teve bom desempenho em sua função e também se arriscou com sucesso ao ataque. Abrindo caminho no meio de campo do Flu, deu três arrancadadas, das quais duas foram paradas com faltas. O zagueiro, inclusive, foi quem mais sofreu faltas no Fla - ao lado de Rafinha e Hernane: três. E não cometeu nenhuma.

* Rafael Sobis foi disparado o jogador mais participativo do Fluminense. Muitas vezes o único lúcido. Recebeu duas faltas, finalizou quatro vezes e roubou três bolas. Incansável, esteve em todas as partes, mas, sem a inspiração dos demais, nem sempre foi capaz de criar perigo.
* O jogo teve 60 passes errados, reflexo do futebol de nível baixo apresentado por duas equipes desfiguradas. O Flu falhou 32 vezes, e Jean, improvisado na armação, cometeu seis. Foi o pior tricolor no quesito.

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