Expansão mundial sem precedentes é meta do UFC nos próximos 20 anos
Dana White volta sua atenção para os mercados mexicano, europeu e asiático, para que o UFC passe a ser uma marca ainda mais globalizada
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O UFC já se estabeleceu no Brasil, e agora busca entrada nos demais países do BRICs (Foto: Divulgação / UFC)
Se em seus primeiros 20 anos a organização estabeleceu-se como a dona
do maior show de artes marciais do planeta, lançando mitos como Royce
Gracie, Anderson Silva, Jon Jones e Georges St-Pierre, os objetivos
agora tem destino definido: os maiores mercados do mundo. Entenda-se por
isso: China, Rússia e Índia. Três dos países mais populosos do planeta,
somando cerca de três bilhões de pessoas, o "R", o "I" e o "C" dos
BRICs - grupo de nações emergentes economicamente no século 21 - poderão
dar ao UFC a soberania não só entre as organizações de lutas, como
também entre todos as principais organizações esportivas mundiais,
superando as gigantes MLB, NBA, NFL e NHL, que regem os principais
esportes americanos, movimentando muitos bilhões de dólares anualmente.Os primeiros passos foram dados com cuidado. Alguns atletas chineses e russos foram contratados pelo UFC para sentir a repercussão nos países. Enquanto o chinês Tiequan Zhang não conseguiu resultados expressivos, os russos Khabib Nurmagomedov e Rustam Khabilov vêm capitaneando o avanço dos russos dentro do UFC. Com belas vitórias, os europeus aos poucos vão pavimentando a estrada para a chegada do UFC ao maior país do planeta. A Índia precisa de um pouco mais de tempo para despontar como um mercado atrativo ao UFC. Por isso mesmo, apesar de ainda não ter realizado nenhum evento no país ou sequer ter contratado um lutador indiano, o UFC planeja uma edição de seu reality show, The Ultimate Fighter, na terra de Ghandi.
Mas e o restante da Europa? Estaria o UFC desinteressado naquela parte do planeta?
Renan Barão lutou duas vezes na Inglaterra, ponto
focal da expansão à Europa (Foto: Divulgação/ UFC)
Certamente não. Tendo a Grã-Bretanha como porta de entrada no
continente, pela semelhança da língua e da cultura com os EUA, Dana
White vem aos poucos realizando eventos na região, e promovendo atletas
locais, como o irlandês Conor McGregor e o veterano inglês Michael
Bisping para tentar aumentar a popularidade do MMA no continente. Os
esforços do diretor do UFC na Europa e na África, Garry Cook, vêm dando
frutos, e alguns contratos de TV foram firmados nos últimos meses,
consolidando a presença da organização nos lares europeus. No entanto,
alguns aspectos legais e culturais ainda travam a expansão da
organização no Velho Continente. A França, um dos países mais
importantes estrategicamente, por sua ressonância na Europa e nos país
africanos de língua francesa, tem leis que impedem a realização de
eventos de MMA em seu território. Um lobby feito com atletas do UFC na
última década vem tentando sensibilizar os políticos franceses sobre a
liberação do esporte no país.focal da expansão à Europa (Foto: Divulgação/ UFC)
Itália e Alemanha podem receber eventos de MMA, mas seus habitantes culturalmente não se interessam muito pelo esporte. O mesmo acontece na Espanha e em Portugal. Pensando em conquistar a atenção e cair no gosto europeu, o UFC vem aos poucos fazendo incursões no continente, com eventos na Suécia, base da Federação Internacional de MMA (IMMAF), e na Inglaterra, e planeja para 2014 pelo menos sete eventos europeus. Os países ainda não foram confirmados, mas acredita-se que Itália, Rússia, Inglaterra, Suécia, Irlanda, Polônia e Alemanha sejam os principais focos do UFC no próximo ano.
Oriente Médio e Nova York são alvos prioritários
Pôsteres do UFC têm exposição regular na Times
Square, mas MMA segue proibido em Nova York
(Foto: Reprodução / Twitter)
Quem pensa que apenas Europa e os grandes países da Ásia são as maiores
preocupações do UFC nas próximas décadas não pode desconsiderar uma
espécie de calo nos pés de Dana White e dos Fertittas: a "Big Apple",
Nova York. A cidade mais emblemática dos EUA, e talvez do mundo, é a
grande frustração de White, que gasta milhões de dólares em lobbies
junto a políticos e celebridades locais para sensibilizar votações
favoráveis ao veto estadual ao MMA. Não por acaso, em 2014, o
tradicional evento que acontece no sábado anterior ao Super Bowl, a
final da temporada do futebol americano, acontecerá en Nova Jersey, no
quintal de Nova York, justamente para pressionar ainda mais as
autoridades locais sobre o estado ser o único dos 50 que compõem os EUA a
ainda não sancionar o MMA como modalidade esportiva licenciada em seu
território.Square, mas MMA segue proibido em Nova York
(Foto: Reprodução / Twitter)
Do outro lado do mundo, os petrodólares também atraem a atenção do UFC. Dubai, Abu Dhabi e demais países do Oriente Médio são fascinados por lutas, a ponto dos sheiks gastarem verdadeiras fortunas contratando professores de jiu-jítsu brasileiros, e incluindo a modalidade em seus currículos escolares. O UFC planeja realizar eventos regulares naquela região nos próximos anos. Um impedimento, além da tensão política entre americanos e árabes naquela parte do planeta, é a imagem deixada pelo UFC 112, no qual Anderson Silva humilhou Demian Maia na luta válida pelo cinturão dos pesos-médios em 2010. Os árabes viram a atitude do brasileiro como sendo uma prova de que o evento não era real, e se desinteressaram por ele. A irritação de Dana White após a luta teria sido fruto de uma demonstração de insatisfação do sheik Tahnoon Bin Zayed Al Nahyan, e o esfriamento das chances de realização de novos eventos por lá.
Lorenzo Fertitta, Sheik Tahnoon Bin Zayed Al Nahyan e Dana White juntos (Foto: Reprodução/Twitter)
Mesmo assim, Dana White não desistiu de retornar ao Oriente Médio, e
vem se reaproximando gradativamente dos mandatários dos principais
países árabes, para que haja um novo acordo que permita a consolidação
da marca por lá. Outra dificuldade é a ausência de grandes nomes árabes
no MMA. Syhar Bahadurzada, que é palestino, seria uma das pontes de
contato com os árabes.México e Japão também na mira
Torcedores mexicanos se identificam com o campeão
peso-pesado Cain Velásquez (Foto: Ivan Raupp)
Se EUA e Canadá já estão garantidos como bases de sustentação do UFC na
América do Norte, o México ainda precisa ser conquistado. Com grandes
atletas de origem mexicana entre seus contratados - como Cain Velásquez,
Diego Sánchez, Gilbert Meléndez e Anthony Pettis, apenas para citar
alguns - o UFC vê como ponto fundamental explorar o orgulho e o
nacionalismo mexicanos para fincar sua bandeira no país. A primeira
edição do evento em terras mexicanas quase foi confirmada oficialmente
para abril de 2014, mas uma lesão de Cain Velásquez, que seria
protagonista da luta principal contra Fabrício Werdum, adiou os planos. A
revelação de lutadores nascidos no país também é uma meta, e por isso
está sendo costurada a primeira edição do TUF México. Atualmente o UFC
possui apenas um lutador mexicano nato: o peso-galo Eric "Goyito" Pérez.
A edição mexicana do reality show teria papel fundamental na expansão
mexicana do UFC.peso-pesado Cain Velásquez (Foto: Ivan Raupp)
O Japão também é um mercado estratégico, tanto por sua tradição nas artes marciais quanto pelo gosto do público pelos eventos de MMA desde a época do PRIDE. A ausência de lutadores japoneses de ponta no UFC preocupa Dana White, que vem realizando ao menos um evento por ano no país para que o UFC se mantenha forte na Terra do Sol Nascente.
Principais objetivos do UFC nas próximas décadas:
1) Conseguir a sanção do MMA como esporte regulamentado em Nova York
2) Fincar alicerces na Europa, principalmente na Rússia
3) Conquistar os mercados indiano e chinês
4) Voltar a ter eventos de sucesso no Japão
5) Explorar o Brasil como seu segundo maior mercado
6) Expandir suas ramificações para o México utilizando a imagem de atletas de origem mexicana
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