domingo, 26 de janeiro de 2014

Wolverine comemora vitória e diz que seu plano de luta era 'cair na porrada'

Brasileiro afirma que se surpreendeu com performance na luta em pé de Junior Hernandez no octógono: 'Ele era pugilista e eu não sabia'

Por Direto de Chicago, EUA
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Único brasileiro a vencer no card do UFC: Henderson x Thomson em Chicago, Hugo Wolverine comemorou a sua vitória sobre Junior Hernandez, que acabou na decisão unânime dos juízes, mas reconhece que poderia ter se saído melhor. Com um corte no supercílio direito e a mão direita inchada, ele conversou com a equipe do Combate.com já no hotel e disse que ficou surpreso com os golpes sofridos no final do terceiro round.
- O "plano A" era cair na porrada, né? Fazer a parte de trocação, que a gente faz bem, e conectar bem a mão. A mão estava bem dura, a gente tem uma linha de boxe que é muito boa. E o "plano B" era, caso eu tivesse dificuldade para fazer isso, tentar levar a luta para baixo para fazer uma diferença no round. Acabei que não fiz o plano B. Eu tive uma complicação no terceiro assalto, porque tomei dois golpes que me deixaram tonto, e tive que administrar aquela situação. Tive que usar muito o meu coração e as minhas pernas. O primeiro e o segundo assalto foram rounds em que eu conectei muito bem a mão, e isso me deu confiança na parte de trocação e me fez não pensar em jogo de solo. Eu consegui um bom knockdown, estava machucando bem ele. Então, no terceiro round, quando a coisa começou a complicar, eu meio que insisti no jogo que eu estava fazendo bem para ver se voltava a ficar bem naquele plano. Graças a Deus deu tudo certo, tive um pouco de complicação ali no fim do terceiro assalto, mas garanti os dois muito bem e acho que isso foi importante.
MMA UFC Hugo Wolverine hotel (Foto: Evelyn Rodrigues)Hugo Wolverine mostra o olho inchado após a luta contra Junior Hernandez em Chicago (Foto: Evelyn Rodrigues)
O bom humor do brasileiro era tanto, que ele fez até piada com os pontos que levou no supercílio direito:
- Está tudo bem. Eu só tomei um corte no olho direito, que já costurou logo. O médico, graças a Deus, era um cirurgião plástico, então espero que eu saia mais bonitinho depois que cicatrizar legal. A mão tá ok, só está inchada mesmo de tanto dar porrada. Não posso reclamar. E o que eu quero dizer é para que os fãs continuem torcendo, continuem apoiando, porque essa energia positiva é o que me alavanca para o meu sucesso pessoal, é o que me faz ser um homem e um atleta melhor.
Voltando a falar da luta, Wolverine explicou que, no terceiro round, como Hernandez passou a se arriscar mais e a andar mais para frente, ele tentou apostar no contragolpe, mas encontrou uma certa dificuldade de conectar os golpes porque estava se sentindo instável dentro do octógono.
- No terceiro assalto eu estava tentando o contragolpe, mas na verdade senti que o chão estava muito escorregadio. Eu estava escorregando muito e sentindo pouca estabilidade. Tanto que eu lembro que, no intervalo do primeiro para o segundo round, pedi para o Dórea jogar água no chão de novo para eu poder bater o pé e ver se ganhava mais aderência. Eu tenho um soco muito forte, muita pressão no golpe de mão, e preciso de muita estabilidade no chão para poder segurar o corpo. Geralmente quando a gente escorrega ou sente muita instabilidade, para você corrigir o seu corpo de volta, você gasta o dobro da energia. E como eu jogo um golpe com muita explosão, para eu me corrigir no espaço de novo acabo consumindo muita energia. Aquilo estava me consumindo demais. Eu não sei se estava suando e estava molhando embaixo do pé, mas alguma coisa estava acontecendo, porque eu estava escorregando. Mas, claro, não é justificativa. Acho que deu para a gente fazer um bom jogo. Eu sou muito perfeccionista. Quando terminou a luta, eu estava meio bravo comigo, várias coisas que eu poderia ter feito e não fiz, como o fato de que não concluí a luta. Depois que eu dei o knockdown nele, estava na cara que ele ficou tonto e eu não aproveitei. Mas é um aprendizado para eu mastigar, digerir bem.
UFC Hugo Viana Wolverine e Junior Hernandez (Foto: Agência Getty Images)UFC Hugo Wolverine venceu Junior Hernandez por decisão unânime no UFC em Chicago (Foto: Getty Images)
O baiano também elogiou o adversário e disse que se surpreendeu com a trocação de Hernandez, revelando que não sabia que o oponente tinha iniciado a carreira no taekwondo e no boxe:
- Ele é um cara muito duro. O meu overhand de direita não estava entrando muito bem, mas ele não soltava o jab com medo de tomar um overhand de direita meu e isso me salvou um pouco. O Hernandez estava guardando a esquerda para proteger a cabeça dele, e toda hora que eu jogava a direita forte, pegava meio que no bloqueio dele, então estava difícil de contundí-lo efetivamente. Eu acertava mais as minhas canhotas nele do que a direita, que é a mais forte. Ele tomou logo a direita no início, caiu no chão, porque a minha direita é muito forte. E o cara também é pugilista e eu não sabia, achei que ele era mais do wrestling (risos). Então foi uma coisa meio louca. Eu vi as lutas dele, mas foram duelos muito misturados, lutas antigas e eu não tinha muita noção. E o cara já foi pugilista e, por mais que ele estivesse levando porrada, estava confortável no mundo dele. Então, na verdade, eu fui lutar no mundo dele e na hora eu nem pensei em levar o duelo para o chão. Eu estava esperando uma mão que fizesse a diferença e mantive a esperança de encaixar um golpe ou um jab que machucasse ele.
Sobre os planos para o futuro, Wolverine diz que quer repensar algumas coisas, mas está feliz por ter conseguido fazer as pazes com a vitória:
- Muita coisa agora vai vir na minha mente, já veio na minha cabeça que preciso enfatizar certas coisas. Eu começo a me entender melhor como lutador a cada luta que passa, a entender melhor as tendências instintivas.  Eu acho que eu tenho que respeitar um pouco isso. Às vezes a gente fala: ‘Ah você tem que treinar wrestling’. Realmente temos, mas existe uma tendência natural, o movimento que o corpo faz naturalmente. Eu vejo que sou um atleta que me movimento muito, saltito muito. Eu tenho um jogo leve e preciso respeitar isso. Eu gosto de trabalhar a minha parte de boxe, um jogo limpo, solto, sou muito evasivo e tudo isso trouxe um aprendizado bacana. Também venho de lesão e não sei se senti o ritmo ou não, estava até bem seguro na luta, mas também fiquei quase um ano sem lutar, estou voltando agora no ritmo de novo. Entretanto, no total, foi tudo positivo, o grupo estava muito coeso, estava um clima muito bom e isso fez muito a diferença.

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