Wand buscou atletas 'maiores' que no TUF 1; Sonnen só conhecia um lutador

Treinadores do TUF Brasil 3 falam de seus métodos para selecionarem seus times

Por Adriano AlbuquerqueSão Paulo

Comente agora

O terceiro episódio da terceira temporada do The Ultimate Fighter Brasil - Em Busca de Campeões mostrou a seleção dos lutadores de cada equipe do reality show. Wanderlei Silva, um dos lutadores do UFC que atua como treinador no programa, mostrou ter aprendido uma lição de sua participação no primeiro TUF Brasil e, em vez de pedir a primeira escolha entre os lutadores, como fez na ocasião, optou por escolher a primeira luta. Mesmo assim, afirmou no ar que escolheu praticamente todos os lutadores que queria. Outra mudança em relação à seu método no TUF Brasil 1 foi que Wand buscou lutadores maiores que a média.
- A gente recebeu os nomes (dos lutadores das eliminatórias) um dia antes e a gente não os conhecia. Colocamos na internet, vimos as outras lutas deles no Youtube e já viemos com as escolhas mais ou menos assim, e pelas performances no dia - às vezes, ele lutou de um jeito, mas não treinou para lutar agora, tem que ver como está agora. Escolhi também pelo tamanho, porque no primeiro TUF em que eu estava aqui, eu escolhi os caras pela performance, mas os caras eram muito pequenos. Desta vez, escolhi os caras maiores, foi bom. Algumas lutas se ganham na força - explicou Wanderlei Silva ao GloboEsporte.com.

Wanderlei Silva e Chael Sonnen com suas equipes na pesagem da primeira luta do programa (Foto: Divulgação/TUF Brasil)

Chael Sonnen,por sua vez, chegou ao Brasil praticamente sem conhecer os lutadores que encontraria - exceto por um, que terminou caindo no time de Wanderlei Silva.
- Eu não tinha nenhuma informação sobre quem estaria aqui. Não recebi dicas de ninguém. Eu só conhecia um cara: Antônio Carlos Jr (Cara de Sapato). Fui contactado por um representante do Junior dos Santos (Cigano), que me disse, "Este cara é um monstro, ele gostaria de trabalhar no wrestling, vocês seriam um bom encaixe". Fora ele, eu tive que aprender como todos - contou.
Se Wanderlei buscou lutadores maiores, Sonnen analisou os lutadores que mais se dedicaram nas lutas eliminatórias. Segundo ele, houve grande dissensão em sua comissão técnica sobre quem eles deveriam escolher na divisão das equipes.
- Eu busquei esforço. Esforço foi a coisa número 1 que eu estava buscando. Houve um pouco de pensamento em grupo, eu e Vinny (Magalhães) sentamos na frente e avaliamos o tempo inteiro, tivemos opiniões diferentes. Nós realmente não concordamos. Você pode discordar por um - se eu achar que este cara tem que ser o primeiro, e ele diz que deve ser o segundo, vocês já estão mal, porque vão perdê-lo. Os técnicos atrás tinham uma opinião completamente diferente sobre quem estava na liderança, quem era o "macho alfa" do grupo. Não havia muito tempo, então o que eu escolhi foi pelo esforço: quem lutou com mais vontade, quem estava ditando o ritmo, isso que quis dizer por esforço. Quem está lutando mais duro que seu oponente, isso é o que vira nossas cabeças - explicou.

Wanderlei ficou muito contente com sua equipe e disse que, desta vez, realmente se conectou com os atletas. Ele elogiou especialmente os pesos-pesados que garimpou.
- A gente fez um ranking do primeiro ao oitavo. Se ele escolhia um, a gente escolhia o próximo. Os caras eram realmente muito bons. O Cara de Sapato é fantástico, tem um jiu-jítsu sensacional, mãos fantásticas. O Montanha é muito bom, com preparo físico excelente e muito profissional, e o Jollyson é um cara muito talentoso tanto em pé quanto no chão. A trocação dele, o cara é soltinho, tem um jiu-jítsu impressionante. O cara é muito grande, mas se movimenta como um leve. O Rick Monstro é um cara muito forte, muito agressivo, com muito coração - analisou.

Wagnão Gomes venceu Joilton Peregrino e abriu 1 a 0 para Wand (Foto: Reprodução/ TUF Brasil 3)

Entre os médios, Wand tinha um "peixe": Ricardo Abreu, o "Demente", que treina em sua equipe em Las Vegas. Segundo ele, o amigo fez um "laboratório" para o TUF em Curitiba e ficou um mês sozinho, treinando para entrar na casa.
- Ele veio para cá com 103kg, chegou grande, porque achávamos que a categoria seria até 93kg. Lá em Las Vegas, temos um time bom, mas não é profissional. Trouxe-o um mês antes para ele treinar lá na Evolução Thai com o (André) Dida, para se preparar para a luta da seleção aqui. Aí eles disseram que seria em 84kg, e ele falou, "Não, Wanderlei, 20kg! Como vou fazer em um mês?" Tentamos mudá-lo para o pesado e não deu. Tenho uma casa em Curitiba que estou reformando, e lá tem um quarto com colchão, guarda-roupa, um banheiro, na cozinha tem duas panelas, um fogão, um gás, ele podia ir no mercado fazer uma compra, uma moto para ele andar lá, e pronto! Ele ficou lá um mês! Não tinha televisão nem internet na casa. Falei para ele, "Quando você entrar no TUF, vai ser um alívio, pelo menos você vai ter com quem conversar!" (risos) Ele foi muito samurai. Ele treinou e emagreceu 20kg, treinava, voltava, fazia comida, lavava louça - não tinha nem quem lavasse o prato para ele lá! É o que dava. Não estava pagando hotel nem nada, foi o que deu. O cara ficou três meses sem ver a mulher e o filho - contou Wanderlei.
O brasileiro pegou quem queria e saiu na frente na competição, com a vitória do peso-médio Wagnão Gomes sobre Joilton Peregrino. Todavia, Sonnen lembrou que nem sempre os lutadores favoritos dos treinadores são os que se destacam na competição. Ele citou a 17ª temporada do TUF americano, em que também atuou como treinador como antagonista de Jon Jones.
- Quando fizemos isso antes, minha última escolha foi o Kelvin Gastelum. O Jon Jones nem pensou em escolhe-lo, e ele ganhou o torneio. É uma porta giratória, e meu jeito de avaliar os caras é o melhor que conheço, mas não é um sistema tão bom. Você realmente não pode julgar um cara por dois rounds de luta - argumentou.
O The Ultimate Fighter Brasil - Em Busca de Campeões vai ao ar todos os domingos na Rede Globo, após o "Big Brother Brasil", e é reprisado nas quartas-feiras às 22h (horário de Brasília) no canal Combate.