sábado, 10 de maio de 2014

Para Amanda Nunes, lutas femininas do UFC estão deixando a desejar

Brasileira analisa divisão peso-galo da organização e diz ver falhas até no jogo da campeã: “Ronda tem buracos na trocação que eu posso explorar"

Por Las Vegas, EUA
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Amanda Nunes UFC (Foto: Evelyn Rodrigues)Amanda Nunes critica nível das lutas femininas do UFC
e diz se preparar para Ronda (Foto: Evelyn Rodrigues)
Primeira brasileira a ser contratada pelo UFC, Amanda Nunes não está muito satisfeita com o nível técnico das lutas femininas da competição. Em conversa com o Combate.com em Las Vegas, a peso-galo afirmou que falta habilidade e poder de nocaute para grande parte de suas adversárias na divisão:
- Ainda falta muito para que nós, mulheres, conquistemos o respeito que os homens já têm no MMA. É preciso chegar ao octógono e mostrar um bom trabalho. Se você olhar as minhas duas últimas lutas, foi o que eu fiz. Eu nocauteei as minhas duas últimas adversárias. Eu faço lutas duras, francas, e é isso que a gente tem que mostrar agora, para ganhar mais credibilidade. As lutas femininas até agora estão deixando um pouco a desejar.  Eu luto, tenho boa trocação, boto para baixo, uso cotovelos, tenho um bom "ground and pound", e você vê isso em poucas atletas. Até as meninas que estão na minha frente na divisão não têm o "ground and pound", o jiu-jítsu ou a trocação que eu tenho. E é isso que eu não quero que aconteça nas minhas lutas. Eu gosto sempre de nocautear, mostrar a que vim, não gosto de deixar nas mãos dos juízes e fazer aquela luta meio cansativa, que ninguém gosta de ficar vendo. Eu quero mostrar que no MMA feminino também existe técnica com agressividade, porque hoje isso é algo que eu não vejo nas lutas femininas - disparou.
Amanda acredita que a categoria ainda tem muito a crescer no UFC, mas sabe que muitas meninas vão ficar pelo caminho por não terem o nível técnico que a competição exige. Justamente por isso, a baiana se esforça ao máximo nos treinos, pois não quer ser apenas mais uma no esporte:
- Estou treinando para mudar isso. Quero ser um Jon Jones da vida, quero ser um Anderson Silva, não quero ser uma atleta mais ou menos.  Quero ser uma atleta completa, quero chutar bem, botar para baixo bem, ter um bom jiu-jítsu, ir para a trocação com técnica e força. A gente tem que buscar isso o tempo todo, buscar evoluir. É preciso abrir a mente e deixar as coisas fluírem.
Atual número oito no ranking oficial da divisão, a atleta se recupera de uma lesão no dedão da mão direita que a afastou do duelo contra Sarah Kaufman, em Quebec, no Canadá, no mês passado:
- Eu ainda não estou me sentindo confortável para colocar força no dedo. Eu me machuquei no treino de jiu-jítsu, foi uma coisa boba, estava fazendo uma coisa básica para aquecer, foi sem atenção. Cheguei a deslocar o dedo, mas ali na hora, eu continuei o treino, não senti, treinei por dois ou três dias pensando que era apenas uma dor básica. Como eu não fui direto para o médico, isso acabou agravando ainda mais a lesão. Por isso a minha recuperação está sendo um pouco mais demorada. Mas eu vou estar 100% em uma ou duas semanas e já devo voltar aos treinos com tudo.
ufc 163 Amanda Nunes x Sheila Gaff (Foto: Agência Reuters)Amanda Nunes aplica golpe na vitória sobre Sheila Gaff no UFC 163 (Foto: Agência Reuters)
A brasileira espera  que o duelo contra Kaufman seja remarcado em breve pelo Ultimate, pois a adversária é a atual número cinco do ranking da divisão e uma vitória sobre ela pode deixar Amanda mais próxima da briga pelo cinturão:
- A Sarah está na minha frente no ranking, então é uma luta muito importante na minha carreira, que vai me ajudar a mostrar o meu jogo. Acredito que seja um duelo de trocação, pois ela gosta de trocar e eu me sinto muito confortável tanto em pé quanto no chão. Mas não acho que a Sarah me ofereça tanto perigo, pois ela não é muito versátil, tem aqueles golpes simples o tempo todo. Então essa vai ser uma oportunidade para eu poder soltar meu jogo e partir para o meu objetivo que é o cinturão.
E por falar em cinturão, a baiana disse que já está estudando o jogo da campeã Ronda Rousey e que vê falhas, principalmente em seu jogo em pé. Amanda afirma que não tem medo de enfrentar a loira e que sabe que, cedo ou tarde, seus caminhos irão se cruzar dentro do octógono:
- Eu quero ser campeã, esse é o meu objetivo, então eu treino para a Ronda todos os dias. Quando eu não tenho luta marcada, eu treino para enfrentar a campeã. Não tem essa de eu estar longe ou perto dela no ranking. Eu acho que esse é o objetivo de todas as meninas que estão na categoria hoje. Eu fico sonhando com esse dia e vou fazer acontecer, pode ter certeza. A Ronda é a campeã, tudo bem, mas ela tem uns buracos em seu jogo que eu posso explorar bastante, principalmente na trocação. Ela é uma atleta “amalucada" em cima, todo mundo sabe disso. Ronda tem o ponto forte dela que é o clinche e botar para baixo, porque tem um judô muito bom. Só que eu treinei muito judô, então eu tenho uma boa defesa de quedas, também treinei jiu-jitsu a vida toda e só tenho mesmo que fazer o meu caminho agora para chegar mais perto do título. Quando eu chegar lá, esse cinturão vai ser meu, pode acreditar - finalizou.

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