sexta-feira, 16 de maio de 2014

"Vou para arrancar a cabeça dele", diz Mendes sobre revanche com Aldo

Peso-pena americano explica por que combate será diferente do primeiro e cutuca: "Posso levar a luta até o quinto round e fazê-lo se cansar"

Por Las Vegas, EUA
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Chad Mendes MMA UFC (Foto: Evelyn Rodrigues)Chad Mendes esbanja confiança para o duelo com
José Aldo (Foto: Evelyn Rodrigues)
Próximo desafiante ao cinturão peso-pena de José Aldo, Chad Mendes está ansioso para tentar devolver a derrota sofrida para o brasileiro no UFC 142, no Rio de Janeiro, quando foi nocauteado com uma joelhada faltando apenas um segundo para o fim do primeiro round. Companheiro de treinos de Urijah Faber e TJ Dillashaw no Team Alpha Male, em Sacramento (EUA), o americano tem duelo marcado contra o campeão no próximo dia 2 de agosto, em Los Angeles, no UFC 176. Diante desta nova oportunidade pelo título, o atleta de 29 anos conversou com o Combate.com, reavaliou o primeiro encontro com Aldo e confessou que não estava pronto para disputar o cinturão naquela época:

- Eu acho que era apenas a minha terceira luta no UFC, eu tinha feito poucos duelos e já estava indo para a maior luta da minha vida. Além disso, estava indo para um lugar em que eu nunca tinha estado antes, era um país diferente, tinha a diferença de fuso horário, a torcida estava contra mim (risos). Aquele Chad Mendes era 90% wrestling, eu não tinha desenvolvido as minhas habilidades em pé e não tinha um treinador principal. O nosso treinamento era basicamente feito pelo nosso time, nós nos ensinávamos mutuamente no Alpha Male. Desde que o Duane Ludwig assumiu o time, todo mundo melhorou muito na trocação. Eu sinto como se eu tivesse me transformado em um lutador completamente diferente nesses últimos dois anos. Hoje consigo nocautear as pessoas com apenas um soco, sou atlético, meu condicionamento físico está melhor do que nunca e ainda tenho a habilidade de misturar o meu wrestling com o meu jogo em pé. Esse Chad que vai enfrentar o Aldo é um lutador completamente diferente do que ele enfrentou na primeira vez. Eu acho que ele realmente precisa tomar cuidado com o meu jogo em pé e com o meu jogo de chão. Eu também posso levar a luta até o quinto round e fazê-lo se cansar… - disse, aproveitando para cutucar o adversário, que tem sido criticado em suas últimas performances por ter se mostrado pouco agressivo e mais cauteloso em seus combates:

- Honestamente? Eu sinto que o Aldo está se tornando um lutador cauteloso ao extremo. Ele vai lá e tem esse poder de nocaute com um chute ou um soco, mas ele não está conseguindo nocautear. É como se ele estivesse apenas lutando o suficiente para vencer a luta. Foi assim nas últimas duas lutas dele, Aldo meio que empurrou com a barriga. Eu não sei se isso acontece por causa das lesões, porque ele vem se machucando o tempo todo e luta apenas uma ou duas vezes ao ano. Talvez o corpo dele já não esteja mais aguentando… Eu não sei, mas sinto que evoluí muito mais do que o Aldo em suas últimas duas lutas - completou.
Desde a derrota para Aldo, Chad venceu as cinco lutas que disputou no Ultimate, derrotando adversários como Clay Guida e Nik Lentz. Mais maduro e experiente, ele acredita que enfrentará o melhor José Aldo de todos os tempos, mas sente que o adversário talvez o esteja subestimando. Ele enviou um recado para o oponente:
- Não me subestime. Eu ouvi em algumas entrevistas que você está dizendo que já me nocauteou uma vez e que vai entrar lá e fazer isso de novo, mas, como eu disse, sou um novo Chad Mendes e tenho treinado mais duro do que que já treinei a minha vida toda. Eu sinto que evoluí muito desde a primeira vez que nos enfrentamos e agora vai ser uma luta completamente diferente. O nosso duelo vai ser uma guerra e eu vou entrar lá para arrancar a cabeça dele.
Mendes ainda relembrou os bastidores da primeira luta no Brasil, respondeu às críticas de que deveria enfrentar Cub Swanson antes de receber nova chance ao título e deu a sua opinião sobre o futuro de seus companheiros de time TJ Dillashaw e Urijah Faber no UFC. Confira a entrevista na íntegra:
Combate.com: Como você recebeu a notícia de que seria o próximo desafiante ao título dos penas?
Chad Mendes: Nós já sabíamos que eu seria o próximo ao título nos últimos meses, mas não conseguíamos chegar a uma data. Eles nos ofereceram para lutar no dia 24 de maio, na luta principal do UFC 173, em Las Vegas, mas o Aldo disse que era muito cedo e que não podia aceitar a luta com oito semanas. Então nos ofereceram a luta principal do dia 5 de julho, e o Aldo novamente disse que era muito cedo. Mas agora nós vamos lutar no dia 2 de agosto em Los Angeles. Eu sabia que teria a minha segunda chance contra o Aldo, mas não sabia quando ou onde e eu meio que estava pressionando para que a luta fosse nos EUA desta vez. E vai ser a primeira vez que vou lutar no quintal de casa. Acho justo que o Aldo tenha que vir até aqui dessa vez.
O que você se recorda do primeiro duelo entre vocês no Brasil?
A primeira luta no Brasil foi muito maluca. Eu me lembro da torcida gritando “Uh, vai morrer!” na pesagem e nos treinos abertos (risos). Eles são sempre muito empolgados lá e, até mesmo aqui, quando há um lutador brasileiro no card, a torcida do Brasil sempre consegue fazer muito barulho. Mas foi uma experiência muito maluca para mim. Eu acho que era a minha terceira luta no UFC. Naquela época, eu tinha feito poucos duelos e já estava indo para a maior luta da minha vida. Eu estava indo para um lugar em que eu nunca tinha estado antes, era um país diferente, tinha a diferença de fuso horário, a torcida estava contra mim (risos). Apesar de tudo, eu amo o Brasil. Já estive lá com o Fábio Pateta, meu treinador de jiu-jítsu, e nós nos divertimos em um barco, conhecendo todas as praias e pescando, isso foi uma coisa que gostei muito de fazer sem ser relacionada a luta. Porém, falando da luta, foi difícil me adaptar a todas essas mudanças, fuso horário e mesmo à comida. Eu não sabia que a maioria das comidas brasileiras tinham muito sódio e isso fez com que o processo de perda de peso fosse mais difícil. Foram várias coisas que aconteceram ao mesmo tempo e é por isso que dessa vez eu queria que a luta fosse aqui. Vamos ver como será essa virada de mesa.
Na época você chegou até a tirar fotos com a camisa do Vasco da Gama em provocação ao Aldo, que é flamenguista. Desta vez, você vai deixar as brincadeiras relacionadas ao futebol de lado?
Eu nem acompanho muito futebol (risos). O Fábio é que é fanático pelo Vasco e tinha umas camisas extras, então nós fizemos uma brincadeira e eu vesti a camiseta e tirei algumas fotos. Eu sei que isso acabou irritando um pouco o Aldo (risos), mas desta vez o futebol vai ficar de fora da nossa rivalidade.
Qual foi a maior lição que você tirou desse primeiro duelo contra o Aldo?
Chad Mendes com a camisa do Vasco (Foto: Reprodução / Facebook)Chad negou ter provocado o rubro-negro Aldo com a
camisa do Vasco (Foto: Reprodução/Facebook)
Viajar para outro país para lutar foi uma experiência diferente, que me ensinou muito, mas, falando propriamente da luta, eu tinha feito poucas lutas no UFC. Aquele Chad Mendes era 90% wrestling, eu não tinha desenvolvido as minhas habilidades em pé e não tinha um treinador principal naquela época. Então, o nosso treinamento era basicamente feito pelo nosso time, nós nos ensinávamos mutuamente no Alpha Male. Desde que o Duane Ludwig assumiu o time, todo mundo melhorou muito na trocação. Eu sinto como se eu tivesse me transformado em um lutador completamente diferente. Hoje consigo nocautear as pessoas com apenas um soco, sou atlético, meu condicionamento físico está melhor do que nunca e ainda tenho a habilidade de misturar o meu wrestling com o meu jogo em pé. Esse Chad que vai enfrentar o Aldo é um lutador completamente diferente do que ele enfrentou na primeira vez. Eu acho que ele realmente precisa tomar cuidado com o meu jogo em pé e com o meu jogo de chão. Eu também posso levar a luta até o quinto round e fazê-lo se cansar…Estou realmente muito empolgado! Da primeira vez, eu provavelmente não estava pronto para lutar pelo título, mas você simplesmente não joga uma oportunidade como essa pela janela neste esporte. E, sinceramente, eu senti que estava indo bem naquele primeiro round. Eu posso não ter vencido, mas foi um round parelho no qual eu estava puxando o ritmo. Quem sabe o que teria acontecido se eu tivesse conseguido levar a luta para águas mais profundas? Mas, como eu disse, esse Chad Mendes de hoje se desenvolveu muito e está ansioso por essa nova oportunidade.
Como você vê a evolução do José Aldo desde que vocês se enfrentaram no Rio?
Honestamente? Eu sinto que o Aldo está se tornando um lutador cauteloso ao extremo. Ele vai lá e tem esse poder de nocaute com um chute ou um soco, mas ele não está conseguindo nocautear. É como se ele estivesse apenas lutando o suficiente para vencer a luta. Foi assim nas últimas duas lutas dele, Aldo meio que empurrou com a barriga. Eu não sei se isso acontece por causa das lesões, porque ele vem se machucando o tempo todo e luta apenas uma ou  duas vezes ao ano. Talvez o corpo dele já não esteja mais aguentando… Eu não sei, mas sinto que evoluí muito mais do que o Aldo em suas últimas duas lutas.
O Aldo disse em algumas entrevistas que achava que você vem de importantes vitórias, porém contra oponentes não tão bons assim. No ano passado, ele chegou até a dizer que o Cub Swanson merecia estar à sua frente na fila pelo título, mas depois voltou atrás afirmando que concorda que você voltou ao topo da divisão e merece disputar o cinturão. O que você acha desses comentários?
Eu sei que a decisão de quem seria o próximo adversário de Aldo estava entre mim e Cub Swanson. O Cub venceu alguns caras bons, mas eu também venci. Eu fui a primeira pessoa a nocautear Clay Guida e eu acredito que os caras que eu venci, como o Nik Lentz, derrotariam Cub Swanson. E olha que o Nik tem um queixo de pedra. Eu sei que eu bato mais duro do que o Cub e eu acertei o Nik Lentz de todas as formas possíveis e não consegui nocauteá-lo. Por isso, eu acho que o Cub não conseguiria nocauteá-lo e, como o wrestling do Lentz é mais desenvolvido, eu acho que ele o manteria de costas no chão a maior parte do tempo. De qualquer forma, eu acho que esses caras que eu lutei e venci derrotariam o Cub. Eu também venci o Swanson no passado, ainda pelo WEC, então eu já teria uma vantagem. Sei que melhorei muito, ele também melhorou, mas só acho que o meu nível atlético e o meu desenvolvimento são muito maiores. Então, se eu tivesse que enfrentar o Cub para definir o próximo desafiante, acredito que teria sido o vencedor, ou seja: não mudaria o resultado. Eu acho que sou mais qualificado neste momento. Enquanto estou aqui lutando pelo título, o Cub vai enfrentar Jeremy Stephens, que é o número 11 do ranking...
Você e o Aldo têm alguma relação profissional? Já chegaram a conversar?
Não. Nós não temos nenhum tipo de relação. Eu não o conheço, e ele não me conhece.
Antes de você ser anunciado como o próximo desafiante ao título, havia muita especulação sobre uma possível luta entre José Aldo e Anthony Pettis. Você chegou a se sentir subestimado por conta disso? Afinal, as pessoas pareciam mais interessadas em ver essa superluta do que em você tendo uma segunda chance pelo cinturão...
Não me senti subestimado. Eu sei que o Pettis e o Aldo são os campeões em suas respectivas categorias, os dois são muito dinâmicos e bons de trocação. Quando eu ouvi que os dois podiam se enfrentar, isso seria uma superluta e é o que as pessoas querem ver no esporte. Obviamente, o UFC também quer fazer as lutas que os fãs pedem, então quando começaram a falar sobre isso, eu sabia que era por conta do apelo que essa luta teria. Sendo muito sincero, eu estava entre os que estavam empolgados para ver essa luta (risos). Eu acho que seria um duelo excelente para se assistir, mas eu ainda quero a minha chance primeiro. Então, quem sabe, talvez eu vença o Aldo e ele vá para a divisão de cima enfrentar o Pettis, que tal?
Quem você acha que venceria esse duelo?
Eu já treinei com o Pettis e já lutei contra o Aldo. Eu acho que o Pettis é tão esperto com os seus chutes e ele tem uma força e uma velocidade maiores que a do Aldo, além de ser um pouco maior do que ele também. Então eu acho que o Pettis venceria.
Nos próximos três meses serão duas disputas de título entre Team Alpha Male e equipe Nova União. Como é essa rivalidade entre vocês?
Eu acredito que somos os dois melhores camps do mundo nessa divisão, então quando você tem duas academias boas, com lutadores no topo do ranking, não tem como esses dois times não se enfrentarem frequentemente. Mesmo quando um de nós perde, tem essa coisa de refazermos o nosso caminho para o topo. Eu sei que ainda não conseguimos decifrar o código da Nova União, mas espero que o TJ consiga fazer isso no dia 24 de maio e que eu possa fazer o mesmo logo em seguida para acabar com essa desvantagem com relação a vitórias de títulos (risos).
jose aldo chad mendes UFC RIO (Foto: André Durão / Globoesporte.com)José Aldo (esq.) manteve o cinturão no primeiro confronto com Chad Mendes (Foto: André Durão)
Como você acha que será o duelo entre TJ Dillashaw e Renan Barão?
Eu treino com o TJ e eu amo o estilo dele. Dillashaw tem essa habilidade de buscar a luta o tempo todo, é um striker muito dinâmico e tem excelentes ângulos. Ele consegue puxar o ritmo, além de ter um excelente wrestling, então eu acho que ele tem as habilidades necessárias para vencer o Barão. Ele luta para frente, pode confundí-lo, além de conseguir bons ângulos e ter um bom chão. Eu acho que, se alguém nessa divisão pode vencer o Barão, esse cara é o TJ.
Além de companheiros de treino e parceiros de time, você e o Urijah Faber são amigos. Como você vê o futuro dele no UFC, depois de ter perdido essa revanche contra o Renan Barão?
Aquela foi uma derrota difícil. O Faber aceitou lutar com poucas semanas, teve alguns contratempos no camp e ainda assim lutou. Mas, infelizmente, eu sinto como se ele estivesse começando a descer em sua carreira. Você não consegue ficar no topo para sempre. Eu acho que ele ainda tem muitas lutas pela frente e continua sendo tão bom agora quanto antes, talvez na melhor forma de sua carreira. Também continuo achando que ele vence todo o resto da divisão, mas não sei se ele conseguiria a chance ao título novamente. Faber já teve três chances ao cinturão e, geralmente, você tem poucas chances de disputar o título em uma carreira inteira. Eu acho que é como se o Faber tivesse passado o bastão para o TJ Dillashaw, não sei, mas acho que ele vai acabar investindo em algumas superlutas, enfrentando oponentes contra os quais as pessoas querem vê-lo lutar.
Se você pudesse mandar um recado a José Aldo, o que você diria?
Não me subestime. Eu ouvi em algumas entrevistas que você está dizendo que já me nocauteou uma vez e que vai entrar lá e fazer isso de novo, mas, como eu disse, sou um novo Chad Mendes e tenho treinado mais duro do que que já treinei a minha vida toda. Eu sinto que evoluí muito desde a primeira vez que nos enfrentamos e agora vai ser uma luta completamente diferente. O nosso duelo vai ser uma guerra e eu vou entrar lá para arrancar a cabeça dele.

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