domingo, 7 de dezembro de 2014

Dunga fala da ausência de Marcelo e Ganso e desabafa: "Não sou boneco"

Em entrevista ao jornal "O Globo", treinador fala do estilo da Seleção, de como encontrou o grupo após a Copa do Mundo e do seu estilo dentro e fora de campo

Por Rio de Janeiro
Dunga Brasil x Áustria (Foto: Reuters)Dunga comanda a seleção brasileira no amistoso diante da Áustria, em Viena (Foto: Reuters)
Seis partidas após assumir o comando da Seleção, Dunga conseguiu extrair de um grupo assustado após a perda da Copa do Mundo e da goleada por 7 a 1 sofrida diante da Alemanha uma equipe competitiva, com vontade de ultrapassar barreira. De lá para cá, foram seis vitórias, entre elas um 2 a 0 sobre a Argentina de Lionel Messi. Em entrevista ao jornal "O Globo", o treinador da equipe nacional falou do trabalho de reconstrução do time canarinho.
- A prioridade era devolver a confiança aos jogadores, mostrar o quanto são bons. São seres humanos e enfrentaram uma série de críticas. Era importante ter uma base da Copa. E valorizar o coletivo. Naturalmente a seleção tem que ganhar. Depois da Copa, muito mais. Falei com eles que a gente tinha que ganhar e não podia tomar gol. Não escolhi adversários. Mas estes jogadores são competitivos. Não podem estar relaxados.
O treinador defendeu-se de algumas atitudes que tomou no passado. Na opinião de Dunga, não tem como ficar calado em algumas situações.
- Mas sou humano. Não sou boneco. Sou o Dunga, com mil defeitos e virtudes. Não sou personagem para falar tudo com cuidado, resposta decorada. Vender imagem que não sou, não faço - analisou o comandante da Seleção.
Ele é referência e precisamos de referência no futebol brasileiro, na seleção. Para os guris verem como passa, como joga, como se comporta 
Dunga, sobre Neymar
Dunga falou também das queixas de Thiago Silva, que reclamou de ter perdido a braçadeira de capitão para Neymar e a titularidade para Miranda. Falou de hierarquia para tratar do caso, mas preferiu exaltar as qualidade do camisa 10, que abraçou muito bem a missão de ser o líder da equipe nacional.
- Ele é referência e precisamos de referência no futebol brasileiro, na seleção. Para os guris verem como passa, como joga, como se comporta. Ele é exemplo positivo. Vamos ajudar o Neymar a se tornar o melhor do mundo. E ele vai nos ajudar.
O treinador aproveitou ainda para esclarecer a situação de alguns jogadores, entre eles Paulo Henrique Ganso, do São Paulo.Questionado sobre a objetividade do meia, Dunga afirmou que tudo depende do desempenho de cada um.
- Observamos todos os jogadores. De forma geral, hoje é muito difícil depender de um jogador só. Tem que ter participação coletiva. Pode até jogar só com a bola. Desde que em dez jogos, ele decida oito. Aí você vai fazer um sistema para adaptar.
O comandante da Seleção falou também da demora de Ganso em se firmar no cenário nacional e na própria equipe nacional.
- A melhor coisa para fazer alguém crescer é não falar muito. Nós falamos muito. Sempre lembramos de jogadores que não estão na seleção. Temos a mania de falar se o Joãozinho entrar em forma, se jogar o que pode, se treinar... É muito se. O cara começa a pensar: sou o melhor do mundo, incompreendido. Entra na cabeça do jogador que é ele e mais dez: “agora eu vou treinar". Não acredito em quem escolhe quando quer jogar. Nesta seleção, os caras são muito competitivos.
Outro jogador observado por Dunga e que foi lembrado apenas uma vez foi o lateral-esquerdo Marcelo. O atleta chegou a ser chamado para os dois primeiros amistosos do treinador, contra Colômbia (1 a 0) e Equador (1 a 0), mas sequer foi utilizado. O treinador aproveitou a entrevista para falar o que quer de um atleta que ocupe o posto.
- Não é isso. Se for super ofensivo, vou dar um jeito de proteger. Mas tem que ser “killer” no ataque. Se você perguntar: quantas vezes foi ao ataque? Vinte. Quantos gols fez ou quantos passes de gol? Nenhum. Quantas bolas tomamos nas costas? Três ou quatro. Não precisa ser gênio... Não é que não goste de quem ataque. Você precisa de gol para ganhar. Não é questão do Marcelo, é de todos. Tem que ser eficiente.
Dunga Brasil x Austria (Foto: Reuters)Dunga fala da ausência de dois jogadores nas convocações da seleção brasileira (Foto: Reuters)

A próxima convocação da Seleção será no fim de fevereiro. Na ocasião, Dunga chamará os atletas para dois amistosos na Europa. Um deles já está definido: França, no dia 26 de março, no Stade de France, em Paris. O outro compromisso será confirmado até janeiro de 2015.

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