Dunga fala da ausência de Marcelo e Ganso e desabafa: "Não sou boneco"
Em entrevista ao jornal "O Globo", treinador fala do estilo da Seleção, de como encontrou o grupo após a Copa do Mundo e do seu estilo dentro e fora de campo
Dunga comanda a seleção brasileira no amistoso diante da Áustria, em Viena (Foto: Reuters)
Seis
partidas após assumir o comando da Seleção, Dunga conseguiu extrair de
um grupo assustado após a perda da Copa do Mundo e da goleada por 7 a 1
sofrida diante da Alemanha uma equipe competitiva, com vontade de
ultrapassar barreira. De lá para cá, foram seis vitórias, entre elas um 2
a 0 sobre a Argentina de Lionel Messi. Em entrevista ao jornal "O
Globo", o treinador da equipe nacional falou do trabalho de reconstrução
do time canarinho.- A prioridade era devolver a confiança aos jogadores, mostrar o quanto são bons. São seres humanos e enfrentaram uma série de críticas. Era importante ter uma base da Copa. E valorizar o coletivo. Naturalmente a seleção tem que ganhar. Depois da Copa, muito mais. Falei com eles que a gente tinha que ganhar e não podia tomar gol. Não escolhi adversários. Mas estes jogadores são competitivos. Não podem estar relaxados.
O treinador defendeu-se de algumas atitudes que tomou no passado. Na opinião de Dunga, não tem como ficar calado em algumas situações.
- Mas sou humano. Não sou boneco. Sou o Dunga, com mil defeitos e virtudes. Não sou personagem para falar tudo com cuidado, resposta decorada. Vender imagem que não sou, não faço - analisou o comandante da Seleção.
Ele é referência e precisamos de referência no futebol brasileiro, na
seleção. Para os guris verem como passa, como joga, como se comporta
Dunga, sobre Neymar
- Ele é referência e precisamos de referência no futebol brasileiro, na seleção. Para os guris verem como passa, como joga, como se comporta. Ele é exemplo positivo. Vamos ajudar o Neymar a se tornar o melhor do mundo. E ele vai nos ajudar.
O treinador aproveitou ainda para esclarecer a situação de alguns jogadores, entre eles Paulo Henrique Ganso, do São Paulo.Questionado sobre a objetividade do meia, Dunga afirmou que tudo depende do desempenho de cada um.
- Observamos todos os jogadores. De forma geral, hoje é muito difícil depender de um jogador só. Tem que ter participação coletiva. Pode até jogar só com a bola. Desde que em dez jogos, ele decida oito. Aí você vai fazer um sistema para adaptar.
O comandante da Seleção falou também da demora de Ganso em se firmar no cenário nacional e na própria equipe nacional.
- A melhor coisa para fazer alguém crescer é não falar muito. Nós falamos muito. Sempre lembramos de jogadores que não estão na seleção. Temos a mania de falar se o Joãozinho entrar em forma, se jogar o que pode, se treinar... É muito se. O cara começa a pensar: sou o melhor do mundo, incompreendido. Entra na cabeça do jogador que é ele e mais dez: “agora eu vou treinar". Não acredito em quem escolhe quando quer jogar. Nesta seleção, os caras são muito competitivos.
Outro jogador observado por Dunga e que foi lembrado apenas uma vez foi o lateral-esquerdo Marcelo. O atleta chegou a ser chamado para os dois primeiros amistosos do treinador, contra Colômbia (1 a 0) e Equador (1 a 0), mas sequer foi utilizado. O treinador aproveitou a entrevista para falar o que quer de um atleta que ocupe o posto.
- Não é isso. Se for super ofensivo, vou dar um jeito de proteger. Mas tem que ser “killer” no ataque. Se você perguntar: quantas vezes foi ao ataque? Vinte. Quantos gols fez ou quantos passes de gol? Nenhum. Quantas bolas tomamos nas costas? Três ou quatro. Não precisa ser gênio... Não é que não goste de quem ataque. Você precisa de gol para ganhar. Não é questão do Marcelo, é de todos. Tem que ser eficiente.
Dunga fala da ausência de dois jogadores nas convocações da seleção brasileira (Foto: Reuters)
A próxima convocação da Seleção será no fim de fevereiro. Na ocasião, Dunga chamará os atletas para dois amistosos na Europa. Um deles já está definido: França, no dia 26 de março, no Stade de France, em Paris. O outro compromisso será confirmado até janeiro de 2015.
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