sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Kayla Harrison anuncia aposentadoria do judô, mas despista sobre MMA

Bicampeã olímpica diz que agora quer "mudar o mundo" e ressalta dificuldades dos últimos quatro anos: "Ninguém ia tirar isso de mim. Tinha que valer alguma coisa"

Por Rio de Janeiro

Mesmo que Mayra Aguiar não tivesse caído na semifinal diante da francesa Audrey Tcheumeo, seria difícil tirar o ouro da americana Kayla Harrison no peso-meio-pesado (até 78kg) nesta quinta-feira, na Arena Carioca 2. A judoca dos EUA estava determinada a marcar seu nome como atleta mais vitoriosa de seu país na modalidade, após um ciclo olímpico em que lidou com lesões, cirurgias, derrotas e muitas exigências de seus treinadores.
- Foram provavelmente os quatro anos mais longos da minha vida. Lutei com ombro deslocado, com febre, com dor no joelho, em todos os torneios no circuito. Houve muitos momentos em que não queria competir, não queria treinar, não queria ir apanhar. Mas Jimmy (Pedro) e Big Jim (Pedro Sr), com eles, ou você entra de cabeça ou não entra, e eles me forçaram ao ponto que, quando cheguei aqui, ninguém ia tirar isso de mim. Tinha que valer alguma coisa - disse Harrison na coletiva de imprensa após receber sua segunda medalha de ouro olímpica. 
Kayla Harrison Rio 2016 (Foto: REUTERS/Stoyan Nenov)Adeus, Kayla: judoca mais condecorada da história dos EUA se despediu com ouro (Foto: REUTERS/Stoyan Nenov)
O bicampeonato olímpico é só mais uma barreira quebrada por Harrison, que superou o abuso sofrido de seu primeiro treinador na infância para se tornar a melhor judoca do mundo em sua categoria. Em Londres 2012, ela se tornou a primeira judoca americana, homem ou mulher, a conquistar o ouro numa Olimpíada. Agora com duas medalhas douradas no bolso, a campeã considera sua trajetória no judô completa, e seu legado para os EUA concretizado.
- Estou feliz, estou aposentada. Bicampeã olímpica. É isso. Acho que, não importa o que aconteça, meu legado no judô está completo, estou feliz com minha carreira, é hora de continuar buscando meu legado fora do tatame e mudar o mundo. Quando falo em mudar o mundo, é na minha fundação Fearless ("destemido" em inglês), que fundei depois da Olimpíada de Londres. Não é segredo que fui abusada pelo meu primeiro treinador, e esta fundação ainda está pequena, mas a Fearless não é para mim, é para ajudar as pessoas que precisam de ajuda, como os Pedros me ajudaram. Quando falo com meus treinadores, eles dizem, "seja destemida e se liberte, e você vai ser campeã". Quero que as crianças sintam-se destemidas, que há uma luz no fim do túnel, uma medalha de ouro brilhante, talvez até duas!
A pergunta óbvia com o anúncio da aposentadoria de Harrison é se o futuro da judoca seria no MMA. A bicampeã olímpica é amiga de Ronda Rousey, ex-campeã do UFC, e mostrou nesta quinta que, além do jogo de quedas, também é excelente no solo, onde conquistou todos os seus ippons na Arena Carioca 2 - as duas últimas vitórias, inclusive, foram com a posição favorita de Ronda, a chave de braço. Apesar de o Ultimate não possuir uma categoria acima de 61,7kg, um comprometimento de uma estrela estabelecida como Harrison poderia ser o suficiente para que a organização abrisse uma divisão mais pesada para incorporá-la. A judoca de 26 anos de idade admitiu que já foi procurada por eventos de MMA, mas não especificou se o UFC foi um deles, e deixou a decisão sobre uma possível transição para o futuro.
- Eu sei, sei que vocês todos querem saber se vou lutar MMA ou não, mas hoje, só vou aproveitar o momento, ser uma bicampeã olímpica, e amanhã eu pensarei nisso. Ou talvez no mês que vem, vou descansar na praia um pouco... (risos)

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