terça-feira, 23 de novembro de 2010

Entre histórias e personagens, filme relembra passagens do skate nacional

Com Sandro Dias, Bob Burnquist, Lincoln Ueda e Cristiano Mateus como principais nomes, 'Vida sobre rodas' conta com depoimentos de Tony Hawk

Por João Gabriel Rodrigues São Paulo
Em 1988, então prefeito de São Paulo, Jânio Quadros proibiu o uso de skates pelas ruas da cidade. Sob protesto de jovens – até de crianças -, policiais tomavam o objeto à força, e, quem quisesse precisava ir acompanhado dos pais à delegacia para pegá-lo de volta. A passagem, documentada com vídeos e jornais da época, é uma das pérolas de “Vida sobre rodas”, documentário dirigido por Daniel Baccaro, que conta a história de Bob Burnquist, Sandro Dias, Lincoln Ueda e Cristiano Mateus, ícones do esporte nacional, renegado à marginalidade nos anos 80.
Bob Burnquist Sandro Dias Lincoln Ueda filme skateSandro, Daniel, Bob, Lincoln e Cristiano na exibição do filme para jornalistas (Foto: João Gabriel Rodrigues)
Apresentado em sessão para jornalistas nesta segunda-feira, o documentário resgata também nomes desconhecidos do público, como Mauro Mureta, Digo Menezes e Thronn, além de trazer depoimentos dos astros Tony Hawk, Lance Mountain e Danny Way. O projeto, no entanto, demorou a sair do papel. Foram seis anos até que o filme de Baccaro chegasse às telas.
- É uma felicidade imensa. Foram seis anos. Uma gestação demorada (risos), mas que agora vai nascer. Eu cheguei a achar que não ia para a frente, ligava para o diretor e perguntava se não ia sair. Mas está aí, e estamos todos felizes – afirmou Sandro, o Mineirinho.
O diretor, que chegou a participar de competições (foi vice de Sandro em um torneio para iniciantes), diz que o filme é uma homenagem ao esporte, que perde apenas para o futebol em número de praticantes no país.
cartaz  filme vida sobre rodas skateCartaz do filme, que estreia no dia 26 (Divulgação)
- É um jeito de celebrar o que o skate conquistou. O skate chegou a um outro patamar aqui no Brasil, mas já foi marginalizado nos 80. Sempre houve muito preconceito. Esses caras acreditaram em um sonho e foram atrás.
O preconceito em torno do esporte, aliás, é um dos principais tópicos do filme. Em uma época sem tanta fiscalização, empresas brasileiras copiavam as marcas internacionais, e, por isso, os skatistas chegavam a sofrer boicotes lá fora. Burnquist, no entanto, lembra que os anos eram diferentes e que o skate ainda não era visto como esporte, apenas como prazer.
- É uma evolução muito grande. Andava com a galera pelas ruas e comecei a andar de skate em 1989. Naquele tempo, não imaginava nada disso, nem ouvia falar de skate como esporte. O que eu gostava era do lado rebelde. Falava: “Vou fazer o que não querem que eu faça”. Era o meu protesto.
“Vida sobre rodas” estreia no país no dia 26 de novembro. O orçamento da obra é de R$ 2,7

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