terça-feira, 23 de novembro de 2010

Por lugar em 2016, Scheidt pede lobby político e aposta na tradição da Star

Velejador afirma que caminho mais fácil para impedir exclusão nos Jogos seria uma volta ao número de 11 classes. Decisão final será em maio de 2011

Por João Gabriel Rodrigues São Paulo
A situação não é das melhores, mas Robert Scheidt aposta na tradição e em muita conversa para conseguir revertê-la. Depois de uma proposta aceita pela Federação Internacional de Vela (Isaf), a classe Star está praticamente excluída dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. A decisão final acontecerá em maio do ano que vem, em uma nova reunião, ainda sem local definido. Para o medalhista olímpico, no entanto, a força de ser a classe olímpica mais antiga (é disputada desde 1932) e o fato de o Brasil ter conquistado pódio em cinco das últimas seis edições poderá facilitar uma mudança de planos.
Robert Scheidt velejadorRobert Scheidt ainda acredita na permanência da Star (Foto: João Gabriel Rodrigues / Globoesporte.com)
- Foi uma mudança de base política. Para mim, tirar a Star dos Jogos é um erro tremendo. Está nos Jogos há quase cem anos, reúne as maiores estrelas da vela. É o caminho a ser seguido pelos velejadores. Não é nem a questão de permitir mais longevidade, mas é a classe que depende tanto do físico quanto do técnico. Na final olímpica em Pequim, a cada bóia tinha um campeão diferente, só foi definida no fim. Foi a mais disputada. Esse é o principal apelo (para que não fique fora) - disse o velejador, que, ao lado de Bruno Prada, foi prata em Pequim.
Os delegados de confederações que pediram a saída da classe do programa afirmam que a Star é cara, lenta e pouco atrativa para o público. Scheidt diz que a proposta saiu de países da Ásia e da Oceania, com pouca tradição na disputa. Na reunião da Isaf, quatro classes consideradas mais rápidas e de acesso mais fácil para o espectador foram incluídas para serem avaliadas até maio (kiteboard, masculino e feminino; prova mista da 470; Skiff feminino e multicasco) , com dez no total. Para Scheidt, seria difícil tomar de volta o lugar de uma delas. O caminho mais fácil seria a inclusão de uma outra vaga, retornando a 11 classes, como será em Londres, em 2012.
- Um dos caminhos é tirar uma das classes novas, mas é mais fácil incluir mais uma medalha. Se todas diminuírem um pouco o número de participantes, não seria problema. Mas temos que conversar com todas as confederações, ver quem poderia mudar de ideia até maio e tentar convence-los. Não é fácil, mas acho que é o melhor caminho.
Robert Scheidt velejadorO velejador, prata em Pequim, pede apoio do
COB (Foto: João Gabriel / Globoesporte.com)
Para Scheidt, as outras classes foram incluídas por terem feito um lobby maior nos bastidores. A hora, então, é de tentar reverter, mas também ceder em alguns pontos, como na revisão dos custos dos barcos da Star.
- A Star sabia dos problemas e tentou argumentar apenas com tradição. O que tem que acontecer é ceder. Nos últimos anos, a classe encareceu muito, aumentou muito o preço. Não acho que isso seja o principal fator, mas também influenciou. A classe teria que coibir isso. Por ter tanta tradição, a classe não gosta de abrir mão – afirmou o velejador, acrescentando que, nos últimos cinco anos, o custo de um barco subiu de 30 mil euros para 50 mil euros.
Scheidt diz que já está havendo uma mobilização entre os velejadores para reverter a situação, mas ele pede a atuação do COI e, principalmente, do COB.
- O COI e o COB podem e devem participar disso. O Brasil, com tanta tradição, perderia muito sendo a sede, o interesse cairia muito. Vela já é um esporte difícil de ser televisionado. No Rio, com as grandes estrelas, com certeza vai chamar a imprensa. Serão atletas consagrados – disse o velejador, que chegou a mandar um e-mail para o presidente da Isaf, o sueco Goran Peterson.
Em 1997, a Star chegou a ser retirada do programa dos Jogos de Sidney. Pouco mais de um ano depois, porém, uma pressão do COI fez com que a classe voltasse aos planos. Scheidt, no entanto, acredita que a decisão em maio será definitiva.
- Depois de maio, dificilmente haverá uma mudança. Antigamente, o planejamento era feito durante o ciclo olímpico. Agora, é feito antes. Mas o COI tem a palavra final.
 

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