domingo, 12 de fevereiro de 2012

A cada quatro dias, um sul-americano chega ao Brasil para jogar futebol

Já são 39 estrangeiros em 22 clubes. Para as equipes brasileiras, é a chance de pagar menos; para o jogador estrangeiro, é a oportunidade de ganhar mais

Por GLOBOESPORTE.COM São Paulo
Conhecido como paraíso dos estrangeiros, o Brasil agora se dá o luxo de também ser porto seguro dos gringos da bola. O ano acabou de começar, e a média já está alta. A cada quatro dias, um sul-americano chega para jogar no Brasil. Já foram dez contratados para atuar no país em 2012, aumentando em 35% o número de gringos em relação a 2011. Entre os 22 principais clubes brasileiros, há 39 estrangeiros. Isso sem contar os dos times menores. No Oeste, interior de São Paulo, tem até francês.
O consultor esportivo Fernando Ferreira fez pesquisa sobre o assunto e tem certeza de que isso é só o começo. Segundo ele, na Europa, a presença de estrangeiros chega a 40%. No Brasil, está chegando a 5%.
Economia brasileira em alta
O real está valorizado em relação às outras moedas sul-americanas. Isso gera boa oportunidade para os dois lados. Para o clube brasileiro, é a oportunidade de pagar menos. Para o jogador estrangeiro, a chance de ganhar mais.
- Nós estamos mais próximos dos salários europeus do que os latinos dos salários brasileiros. Alguns jogadores vêm para o Brasil ganhando quase o dobro e chegam a custar um terço do que ganha um jogador brasileiro.
- A economia está bem. Em nível sul-americano, é a melhor para você jogar - garantiu Valdivia, do Palmeiras.
Dalessandro inter meia d'alessandro libertadores (Foto: Alexandre Lops/Divulgação Inter)D'Alessandro recebe uma proposta milionária do futebol chinês (Foto: Alexandre Lops/Divulgação Inter)
Um mapa da América do Sul também explica essa invasão de ‘hermanos’ no país. Há pouco tempo, o argentino D’Alessandro rejeitou uma proposta milionária do futebol chinês. Ele optou por permanecer no Internacional. Recebeu um aumento de salário, mas a identificação com a torcida e a proximidade da família também pesaram na decisão.
D’Alessandro, Montillo e Valdivia são exemplos recentes de estrangeiros que encantaram a torcida verde-amarela. Aparecer bem no Brasil é aparecer para o mundo.
- O futebol brasileiro é o melhor de todos. Você vê nas pesquisas, o futebol brasileiro é o terceiro, quarto do mundo – disse Valdivia.
Razões esportivas, geográficas e econômicas
Se o Brasil ainda quer ser uma superpotência econômica mundial, na América do Sul já é. O país responde por quase metade do que é produzido de riqueza do continente.
- A taxa de crescimento brasileira não foi a mais alta do grupo. Uruguai e Argentina tiveram taxa de crescimento mais alta que o Brasil. E mesmo assim o crescimento do mercado em futebol no Brasil é absurdo – disse o economista Mauro Rodrigues.
A economia dos países é outro fator que determina o investimento dos clubes. O Fluminense é um exemplo. Investe por mês R$ 7 milhões em salários. Já o poderoso Boca Juniors, da Argentina, não chega a R$ 3 milhões de investimento.
A diferença de orçamento se deve à economia aquecida, mas principalmente à população continental brasileira. No Brasil, são 190 milhões de pessoas. Na Argentina, são pouco mais de 40 milhões. Uma população quase cinco vezes menor.
- Você chega a ter torcidas no Brasil com até dez milhões de pessoas. Portugal e Grécia têm esse tamanho de população. Nossos vizinhos não ficam atrás. Então, em nenhum lugar da América do Sul existe um mercado desses - explicou Mauro.
Clubes brasileiros na Libertadores
E para os clubes brasileiros, ter estrangeiros pode ajudar. Principalmente na Libertadores da América. O Internacional tem um meio-campo completo de argentinos: Bolatti, Guinazu, Dátolo e D’Alessandro. O Flamengo conta com três estrangeiros (Bottinelli, Maldonado e Marcos González). O Fluminense, dois (Valencia e Lanzini) e o Santos, também dois (Renteria e Fucile). O Corinthians possui um (Ramires), e o Vasco, que tinha um, agora contratou mais dois (Chaparro, Tenório e Abelairas).
- Isso já virou uma realidade. A tendência é aumentar – disse o pesquisador Fernando Ferreira.
É com esse espírito portenho que os clubes daqui tentarão manter uma escrita dos últimos sete anos: pelo menos um time do Brasil pode chegar à final da competição sul-americana nessa edição. E quando vence, a festa é brasileira, mesmo que com sotaque espanhol.

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