quinta-feira, 1 de março de 2012

Belo gol e empate cedido esquentam debate sobre Juninho e Felipe juntos

Cristóvão acha que escalação da dupla depende de grau de dificuldade da partida; Mauro Galvão e Lédio Carmona encaram rodízio com naturalidade

Por Gustavo Rotstein Rio de Janeiro
Por três anos, Juninho Pernambucano e Felipe conquistaram pelo Vasco quase tudo o que podiam e foram novos talentos reconhecidos de uma geração vitoriosa. Após dez anos eles se reencontraram em São Januário, em junho de 2011, já como os símbolos de experiência que ajudariam a equipe a retormar o rumo dos títulos. No entanto, ultimamente passaram a ser o centro de uma discussão dentro e fora do clube. Eles podem, ou não, jogar juntos?
Os dois atuaram lado a lado pelo Vasco por 29 minutos na última quarta-feira, em São Januário, contra o Bonsucesso. Neste período, protagonizaram a mais bela jogada da partida, que terminou no segundo gol da equipe. No entanto, também com os dois juntos em campo o time vascaíno sofreu dois gols e saiu de campo apenas com o empate por 2 a 2. O fato fez voltar à Colina velha questão. O principal reponsável por respondê-la, entretanto, é claro. Felipe e Juninho podem ser escalados lado a lado. Mas depende da ocasião.
- Tudo vai de acordo com o grau de dificuldade da partida. Podemos arrumar uma maneira de jogo que possibilite a eles atuarem juntos. Condições para isso eles têm - afirmou o técnico Cristóvão Borges.
Em 2012, Felipe e Juninho foram escalados juntos como titulares apenas uma vez. A derrota por 2 a 1 para o Nacional do Uruguai, em São Januário, pela Libertadores, levantou a questão. Na ocasião, Cristóvão admitiu que deveria repensar a maneira de o time atuar e passou a revezar os veteranos – usando Juninho como titular na maioria das vezes. O camisa 8, entretanto, mostra até certa impaciência ao comentar o assunto.
- É uma coisa que cansa um pouco. Chega até a ser um pouco chato para mim responder isso, pois é a mesma pergunta sempre. Eu nunca vi na minha carreira dois jogadores serem impedidos de jogarem juntos. Quando começamos a carreira, o Felipe jogava de lateral-esquerdo e eu jogava de meia-direia, depois passamos ambos para segundo volante. Então, talvez, em alguns jogos não seja a melhor opção, mas também não cabe a mim dizer quem o treinador tem que escalar. Contra o Bonsucesso eu entrei no intervalo e se fosse para entrar cinco minutos eu entraria. Quando eu voltei, foi pensando em aceitar tudo isso - afirmou Juninho, em entrevista ao canal Premiere depois da partida de quarta.
Mauro Galvão: tudo depende do conjunto
Testemunha do momento em que Felipe e Juninho atuaram pela primeira vez juntos como efetivos no meio-campo do Vasco – no Mundial de Clubes de 2000 –, Mauro Galvão lembra que a utilização não depende apenas da dupla, mas da maneira de como todo o time do Vasco vai se comportar em determinado jogo.
- Eles precisam que o Vasco tenha jogadores de movimentação para os quais possam criar. Claro que é preciso cuidado para que eles sejam utilizados, mas são atletas de talento e que são fundamentais para a equipe. Com eles, o Vasco ganha em técnica e talento, mas reconheço que em determinadas partidas pode ser melhor que apenas um deles esteja em campo de uma vez. De qualquer maneira, tudo vai depender de como o restante do time vai atuar.
O comentarista Lédio Carmona, do SporTV, lembrou que em equipes europeias é normal haver revezamento de jogadores de acordo com as partidas, até mesmo dos atletas mais experientes e considerados craques. Segundo ele, essa filosofia deve ser aplicada ao Vasco com Juninho e Felipe. O que não pode, na opinião do jornalista, é a dupla ser questionada.
- Há jogos e jogos. Contra o Bonsucesso, por exemplo, eles poderiam jogar juntos tranquilamente, porque abririam mais a defesa adversária. Já no clássico contra o Fluminense, no último domingo, acho que o Cristóvão fez certo em escalar apenas um de início. O futebol brasileiro precisa avançar em algumas questões. Muitos acham que o craque ficar no banco é um crime. Na última quarta, o Vasco já vinha jogando mal, fez dois gols e pensou que tinha acabado. Não foi porque eles estavam em campo juntos. O principal é que o Vasco não pode prescindir do talento de Felipe e Juninho.

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