domingo, 7 de abril de 2013

Fonte Nova, filme velho: Vitória bate Bahia na reinauguração do estádio

Na primeira partida realizada na nova arena baiana, Rubro-Negro chega a oito jogos sem perder do rival, dá goleada de 5 a 1 e derruba técnico tricolor

Por Raphael Carneiro Salvador
O mando de campo é do Bahia, mas a Fonte Nova continua sendo a segunda casa do Vitória. Seis anos depois da interdição, o estádio foi reinaugurado neste domingo com um público presente de 37.410, com 32.274 pagantes, que proporcionaram uma renda de:1.954.900,00. O cenário mudou, mas o roteiro continuou o mesmo. Assim como nos últimos oito clássicos disputados na antiga Fonte Nova, o Tricolor não conseguiu vencer. O Vitória levou a melhor, ganhou por 5 a 1, aumentou a invencibilidade no local e pode se orgulhar de começar a nova era com a mesma certeza com que terminou em 2007: clássico na Fonte Nova é sinônimo de alegria rubro-negra.
renato cajá bahia x vitória (Foto: LEOGUMP CARVALHO/FRAME/Agência Estado)Renato Cajá comemora o 1º gol do clássico e da Arena (Foto: Leogump Carvalho/Frame/Agência Estado)
Com enredo diferente, o primeiro Ba-Vi do principal estádio da Bahia teve o mesmo fim do último. Se em 22 de abril de 2007, em um jogo com três viradas, o Vitória precisou lutar até o último minuto para vencer por 6 a 5, o triunfo desta vez foi mais tranquilo. Melhor posicionado taticamente, o Leão passou quase todo o segundo tempo com a missão apenas de garantir o resultado feito nos minutos iniciais. Renato Cajá, Maxi Biancucchi, Michel, Vander e Escudero garantiram a festa. Zé Roberto fez o gol de honra do Bahia. Para piorar a noite tricolor, o técnico Jorginho deixou o comando do time após a partida.
Com o triunfo deste domingo, o Rubro-Negro chegou a oito jogos sem perder para o maior rival na Fonte Nova. A última vez que o Bahia deixou o estádio vencedor foi em fevereiro de 2004. Mas no geral, no entanto, a supremacia ainda é tricolor: 126 triunfos do Bahia e 79 do Vitória – houve ainda 102 empates.
Os três pontos conquistados no clássico dão ainda mais tranquilidade ao Rubro-Negro no Campeonato Baiano. O time de Caio Junior chegou aos 12 pontos conquistados – três a mais que o segundo colocado no grupo, o Juazeirense - e tem 100% de aproveitamento. Do outro lado, mesmo com a goleada sofrida, o Bahia se mantém na primeira colocação, com cinco pontos ganhos.
A bola volta a rolar para as duas equipes no meio da semana. Mas por uma outra competição. Vitória e o Tricolor vão estrear na Copa do Brasil. Na quarta-feira, o Rubro-Negro vai ao Mato Grosso para enfrentar o Mixto. No dia seguinte, o Bahia enfrentará o Maranhão.
Renato Cajá: um nome na história
De início, o que todos no estádio queriam saber era quem ia fazer o primeiro gol da Arena Fonte Nova. De qual pé ou cabeça sairia a bola que balançaria a rede do novo estádio pela primeira vez? Qual lado da rivalidade teria o prazer de vibrar e transformar em aquarela as arquibancadas verdes do estádio? A resposta demorou para chegar. Antes do grito solto e explosivo de gol, a Fonte Nova ouviu muitos “uuuh”, muitos "levanta" e "senta", e viu muita mão na cabeça por causa daquela bola que passou perto, mas, por um capricho do destino, não encontrou as redes.
bahia x vitoria fonte nova (Foto: AFP)Arena virou aquarela na tarde deste domingo
(Foto: AFP)
Quem viveu esse momento primeiro foi o lado tricolor. Logo aos três minutos, Adriano entrou por trás da zaga e bateu no canto. Deola se esticou e desviou com a ponta dos dedos. Ela passou tirando o primeiro pedaço de tinta da trave. O Bahia ainda teve oportunidades com Marquinhos, Magal e Obina, mas nenhum dos três conseguiu entrar para a história.
Do lado rubro-negro, a alegria inicial surgiu em forma de reclamação. Neto tocou com a mão na bola dentro da área, e o árbitro mandou o jogo seguir. Aos 31 minutos, Maxi Biancucchi cruzou da direita e, sem ninguém no gol, Escudero chegou atrasado. Mas dez minutos depois, apareceu, enfim, a resposta que todos queriam. Mansur foi derrubado na área. Pênalti marcado.
Dinei pediu para bater. Conversou com Renato Cajá, que decidiu assumir a responsabilidade. O meia caminhou lentamente e, com o pé esquerdo, mandou no canto direito do goleiro Marcelo Lomba. A pergunta estava respondida. A arquibancada verde do estádio se transformou em uma aquarela em êxtase vermelha e preta.
Vitória: também um nome na história
Seguindo os versos do hino, o Vitória gostou de provar o gosto de ser “um nome na história”. O Rubro-Negro voltou para o segundo tempo ainda com mais sede de gol. E de transformar a Fonte Nova em sua segunda casa. O que era um jogo disputado no primeiro tempo se transformou em chocolate na segunda etapa.
Com o Bahia perdido em campo, o Vitória se encontrou fácil no gramado da Fonte Nova. Logo aos cinco minutos, Maxi Biancucchi entrou na área e mandou de cobertura para fazer um belo gol. A festa que já era rubro-negra ficou ainda maior. No minuto seguinte, Obina chegou a balançar as redes, mas o auxiliar marcou equivocadamente impedimento do atacante tricolor.
O primeiro grito de gol da torcida do Bahia não saiu. O que se ouviu, na verdade, nos arredores do estádio, foi mais uma vibração do Leão da Barra. Depois de tabelar com Dinei, Michel bateu forte, contou com a ajuda de Marcelo Lomba e começou a transformar a vitória em goleada.
Jogadores do Vitória comemoram gol com a torcida na Arena Fonte Nova (Foto: Reprodução SporTV)Jogadores do Vitória comemoram gol com a torcida
(Foto: Reprodução SporTV)
Mesmo dominado em campo, o Bahia ainda tentou uma reação. Zé Roberto aproveitou cruzamento de Magal para fazer o gol que acabou sendo de honra do Tricolor. Poderia ser uma reação. Mas não foi. O Vitória não deu espaço para o rival acreditar em um empate. Vander, que foi dispensado do Bahia por deficiência técnica, e Escudero fecharam a goleada histórica na Fonte Nova.
Em clima de festa, a torcida do Vitória só queria saber de comemorar. Ziriguidum e “Ah, lelek lek lek” viraram a trilha sonora da inauguração da Arena Fonte Nova. Com mais da metade da torcida do Bahia já fora da Arena, os rubro-negros encontraram mais um estádio para chamar de seu. A segunda casa do Vitória: “A-ha, u-hu, a Fonte Nova é nossa”.

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