29/01/2014 20h56 - Atualizado em 30/01/2014 00h01

'Chegou a minha vez de ser campeão do Ultimate', afirma Urijah Faber

Americano analisa trajetória até a disputa de cinturão, fala da rivalidade
entre equipes e treina lado a lado de seu adversário Renan Barão

Por Adriano Albuqueque, Evelyn Rodrigues e Ivan Raupp Direto de Newark, EUA

30 comentários

O californiano Urijah Faber entra no octógono do Ultimate, em Newark, no próximo sábado, para tentar tomar o cinturão do campeão peso-galo Renan Barão, na luta principal do UFC 169. E, apesar de ter aceitado o combate com apenas três semanas de antecedência em substituição ao lesionado Dominick Cruz, o americano acredita que o duelo será muito diferente do de 2012, quando perdeu a disputa do cinturão interino da categoria para Barão:
- Apesar de eu considerar que ainda tenho as mesmas habilidades, acho que sou um lutador melhor. Tive um 2013 muito ativo, treinei continuamente e consegui desenvolver ainda mais o meu jogo em todas as áreas. A vinda do Duane Ludwig para o Alpha Male também ajudou muito no meu camp e consegui ampliar o meu desempenho e criar essa sinergia que me trouxe de volta à briga pelo título. Também estou mais empolgado com essa luta. Agora o momento é outro. Chegou a minha vez de ser campeão do UFC - disse o lutador em entrevista ao Combate.com após uma sessão de treino aeróbico no hotel em que está hospedado, em Newark.

Urijah Faber em entrevista ao Combate.com em Newark (Foto: Evelyn Rodrigues)

O treino, aliás, transcorreu lado a lado ao de Renan Barão. A sala era separada apenas por uma divisória, mas era possível ver pelas frestas os lutadores do time do brasileiro se movimentando e fazendo muito barulho, o que não parecia incomodar nem um pouco o “The California Kid”.
- Luto há 11 anos, e tinha uma época em que eu lutei pelo Gladiator Challenge e o King of the Cage, e os caras eram muito pão-duros. Eles me enviaram para o Sul da Califórnia junto com o meu adversário, Shawn Bias, para fazer um vídeo promocional. Acredite se quiser, eles nos colocaram no mesmo quarto de hotel para economizar dinheiro, então treinar ao lado do Barão é fichinha perto disso (risos). E eu não falo Português, então só escuto um monte de coisas que eu não entendo (risos). Mas falando sério, eu não presto atenção. Eu conheço bem aquele terreno, nós temos convivido bastante nos bastidores do Ultimate por um tempo.
Sorridente e bem-humorado, apesar do cansaço, Urijah ainda falou sobre a sua preparação para o duelo deste sábado, a rivalidade entre as equipes Alpha Male e Nova União e as dificuldades em ter tido apenas três semanas de preparação.
Confira a entrevista na íntegra:
Combate.com: Como você recebeu o convite para substituir Dominick Cruz na disputa de cinturão contra Renan Barão?
Urijah Faber: Faltavam três semanas para essa luta, e o Dana me ligou do nada e disse que tinha uma situação para resolver, que o Dominick estava fora e que ele gostaria de saber se eu estava pronto para assumir o posto dele. E eu pensei “Meu Deus, é muito pouco tempo”, mas aí eu pensei de novo e disse “Ok, eu topo”. Foi simples assim. Eu me animei muito, fiquei muito empolgado. Quando subi na balança eu não estava muito pesado, estava com 71,5 kg mais ou menos, então eu soube que seria tranquilo.
O primeiro duelo entre vocês foi em 2012, na única luta que você teve naquele ano. Em compensação, em 2013 você fez quatro lutas, saindo vitorioso em todas elas. Como você analisa a sua evolução nesse período?
Apesar de eu considerar que ainda tenho as mesmas habilidades, acho que sou um lutador melhor. Tive um 2013 muito ativo, treinei continuamente e consegui desenvolver ainda mais o meu jogo em todas as áreas. A vinda do Duane Ludwig para o Alpha Male também ajudou muito no meu camp e eu consegui ampliar o meu desempenho e criar essa sinergia que me trouxe de volta à briga pelo título. Também estou mais empolgado com essa luta. Agora o momento é outro. Da última vez eu não estava tão empolgado porque eu não lutava há sete meses porque estava aguardando o momento dessa luta, que seria no card do feriado de 4 de julho, que é um card grande, me daria um excelente salário e, fora isso, tinha muitas coisas acontecendo na minha família que fizeram daquele ano muito complicado. A minha irmã e o meu pai passaram por problemas, e eu estava esperando pela oportunidade de ajudar a todos da minha família e tudo isso mudou. Eu acabei sendo jogado em outra situação, em um card em outra data, que não representaria muito para mim em termos financeiros e de exposição e sabendo quem o Barão era… Eu sabia quem ele era, sabia que ele era duro. Acabei sendo jogado em uma luta mais dura e ninguém estava nem aí. Mas eu sempre vou lá e luto duro, dou o meu melhor, e acho que naquele dia não foi o suficiente. Agora tudo está conspirando a meu favor.

Eu realmente acho que agora o momento está a meu favor. Estou animado e empolgado com essa luta. É um duelo que eu realmente quero, é um evento grande e todo o trabalho que tive o ano passado era para culminar nesse momento e eu sabia, quando eu perdi o cinturão, que iria voltar para o topo da lista e foi assim que aconteceu"

Urijah Faber, lutador do UFC

E mentalmente falando você também está diferente para essa revanche?
É engraçado porque eu nunca me considero peça fora do baralho, aconteça o que acontecer no duelo. Eu realmente acho que agora o momento está a meu favor. Estou animado e empolgado com essa luta. É um duelo que eu realmente quero, é um evento grande e todo o trabalho que tive o ano passado era para culminar nesse momento e eu sabia, quando eu perdi o cinturão, que iria voltar para o topo da lista e foi assim que aconteceu.
Mais Combate.com: confira as
últimas notícias do mundo do MMA
Quão difícil é se preparar para disputar um cinturão em apenas três semanas?
Eu sempre me preparei para o cinturão, é por isso que estou no esporte. E uma coisa importante sobre ter apenas três semanas para se preparar, é que você tem que ser muito cauteloso, não há espaço para errar. Você não tem tempo para se recuperar de lesões pequenas, você tem que ser inteligente, e isso foi difícil para esse camp. Mas cheguei até aqui e estou preparado para lutar.
Qual a sensação de ter o Barão e equipe treinando aqui do lado? É algo estranho?
Não é estranho… Eu luto há 11 anos. Tinha uma época em que eu lutei pelo Gladiator Challenge e o King of the Cage e os caras eram muito pão-duros e eles me enviaram para o Sul da Califórnia junto com o meu adversário, Shawn Bias, para fazer um vídeo promocional. Acredite se quiser, eles nos colocaram no mesmo quarto de hotel para economizar dinheiro (risos), então treinar ao lado do Barão é fichinha perto disso (risos). Eu só escuto um monte de coisas que eu não entendo (risos). Mas falando sério, eu não presto atenção. Eu conheço bem aquele terreno, nós temos convivido nos bastidores do Ultimate por um tempo.

Urijah Faber em momento de descontração com a equipe (Foto: Evelyn Rodrigues)

Mais uma vez vai ser Team Alpha Male versus equipe Nova União. Você pode falar um pouco sobre essa rivalidade?
É uma grande rivalidade, é algo bem competitivo, e estamos em um ponto de respeito mútuo, pois somos dois dos melhores camps do mundo. Nós temos muitos caras chegando, e a tradição da Nova União é muito maior do que a do Team Alpha Male. Nós só temos dez anos, a Nova União tem quase 25. Eu acho que vamos continuar crescendo mais e mais e acredito que nossos times vão se enfrentar muitas e muitas vezes por aquele cinturão.
Como você vê o Renan Barão?
Barão é um lutador muito completo e, uma das melhores coisas a respeito dele, é que ele é muito confiante, competente e muito perigoso em todos os aspectos do jogo. Mas eu também posso falar a mesma coisa sobre mim. Ele é um atleta como eu, nós dois acreditamos em nós mesmos e há uma razão pela qual ele é o campeão e há outra pela qual eu o estou desafiando. Nós vamos descobrir quem é o melhor. Eu acredito que sou eu, ele acredita que é ele. E vamos ver no sábado quem está certo. Há algumas coisas que eu quero mudar com relação à última luta, mas é uma questão de encontrar o caminho de vencer e é isso que eu vou fazer dessa vez. É uma nova luta, e vou impor o meu jogo e me certificar de que serei o vencedor.