sexta-feira, 10 de outubro de 2014

FIA descarta falha mecânica e dá mais detalhes sobre acidente de Bianchi

Entidade explica polêmicas do acidente, como bandeira verde que era agitada no local, e diz que ainda não pode precisar velocidade do impacto do francês em Suzuka

Por Sochi, Rússia
A FIA revelou nesta sexta-feira mais detalhes sobre o gravíssimo acidente de Jules Bianchi no GP do Japão. Em uma coletiva de imprensa realizada em Sochi, palco do GP da Rússia, o diretor de corridas da entidade, Charlie Whiting, apresentou aos jornalistas imagens dos minutos que antecederam a batida do piloto francês em um guindaste. Segundo o dirigente, a análise inicial das cenas descartou a hipótese de que uma falha mecânica tenha causado o episódio.
Charlie Whiting e Jean Todt em coletiva de imprensa da FIA em Sochi - GP da Rússia (Foto: Getty Images)Charlie Whiting e Jean Todt falam sobre acidente de Bianchi em coletiva de imprensa da FIA em Sochi (Getty Images)


As imagens, obtidas por meio de câmeras posicionadas em direção à curva 7, permitem estabelecer uma cronologia das circunstâncias que levaram ao grave acidente. Tudo começa quando Adrian Sutil perde o controle de sua Sauber em um trecho com bastante acúmulo de água da chuva e roda. O alemão acerta a barreira de pneus, e os comissários posicionados perto do local passam a agitar as bandeiras amarelas.
Na volta seguinte, Bianchi atinge o mesmo trecho com água acumulada. Mas, em vez de rodar, o francês tenta manter a direção e acaba escapando da pista em linha reta, em direção ao guindaste que estava trabalhando no rebocamento do carro de Sutil. De acordo com Whiting, ainda não é possível precisar qual era a velocidade do piloto da Marussia no momento do acidente.

- Você pode ver Jules fazendo algo semelhante a Sutil. Ele atinge a água, mas há uma pequena diferença. Ele não gira, como Adrian fez. Ele corrige e perde o controle em uma trajetória um pouco diferente. É um pouco cedo demais para obter todos os dados corretos do carros. Os dados do GPS são os únicos confiáveis, mas não é uma boa ideia analisá-los até que as investigações apropriadas sejam concluídas - afirmou o dirigente.
Jules Bianchi recebe primeiros atendimentos médicos após acidente no GP do Japão (Foto: Reprodução / Formule1nieuws.nl)Jules Bianchi recebe primeiros atendimentos médicos após acidente no Japão Reprodução / Formule1nieuws.nl)


Whiting também rejeitou que a aproximação do anoitecer teria impedido o acionamento do safety car como forma de evitar atrasos no horário previsto para o encerramento da corrida, e rebateu as acusações do brasileiro Felipe Massa, que, logo após o término da prova, declarou que estava "gritando pelo rádio" para alertar a organização sobre as péssimas condições de visibilidade e estabilidade da pista.

- Isso não é totalmente verdade. Eu não acho que ele estava gritando. "As condições da pista estão piorando", foi a única coisa que ele realmente disse. Eu pessoalmente não acho que ele tenha gritado. Mas nós não ouvimos todos os pilotos. Cabe às equipes nos dizer coisas importantes que nós deveremos saber - disse o dirigente.
Em relação a uma das imagens mais polêmicas do acidente, divulgada em um vídeo gravado da arquibancada por um espectador que mostra um fiscal agitando a bandeira verde próximo ao local da batida de Sutil, no exato momento da colisão de Bianchi, Whiting disse que a organização da prova agiu corretamente. Segundo o dirigente, a bandeira verde foi agitada porque não havia riscos de segurança nos trechos próximos à localização do guindaste.
- Foi a sinalização totalmente correta, porque foi após a obstrução. O que vocês precisam entender é que a bandeira verde não significa que você pode começar a correr porque a viu, mas que você não pode começar a correr até vê-la. É exatamente o mesmo que uma amarela. Se você vê uma bandeira amarela na primeira curva, você não tem que obedecê-la até chegar a ela - explicou o diretor de provas.
No vídeo que foi amplamente divulgado na internet, percebe-se que enquanto o guindaste retirava o carro de Sutil, que estava batido na proteção de pneus, pelo menos três fiscais estavam no chão trabalhando. Outro fiscal, do alto da torre número 12, balançava a bandeira amarela (atenção). No entanto, segundos antes do acidente, ele mudou para a bandeira verde (pista liberada). Após a batida, o fiscal continua com a verde e só depois volta para a amarela ao lado da placa "SC" (Safety Car).
Vídeo divulgado na internet mostra fiscal de prova agitando bandeira verde no momento do acidente de Jules Bianchi (Foto: Reprodução / YouTube)Vídeo da internet mostra fiscal de prova agitando bandeira verde no momento do acidente de Bianchi (Reprodução)


Entenda a função das bandeiras na F-1
As bandeiras são usadas pelos comissários de pista como forma de comunicação com os pilotos. Cada cor possui uma função pré-determinada. A verde, usada na largada e na relargada, indica que a pista está liberada, sendo permitido fazer ultrapassagens. A amarela é usada em caso de acidentes ou qualquer situação que ofereça perigo aos competidores. Ela pode ser usada apenas em um trecho ou em toda a pista. As ultrapassagens não são permitidas com bandeira amarela. A bandeira vermelha sinaliza que a corrida foi paralisada. É usada quando ocorrem acidentes muito graves ou sob forte chuva. Ela também pode ser acionada para encerrar a prova antes do previsto, como ocorreu no GP do Japão após o acidente de Bianchi.
Marussia faz homenagem a Bianchi em Sochi
Bianchi continua internado em estado crítico no Hospital Geral de Mie, próximo ao circuito de Suzuka. Em homenagem ao francês, a Marussia montou o carro do piloto em Sochi e o deixará exposto na garagem ao longo de todo o fim de semana. Com isso, o time correrá apenas com o inglês Max Chilton, mesmo tendo inscrito o americano Alexander Rossi como eventual substituto de Bianchi.
Marussia monta carro de Jules Bianchi e deixa exposto em box do GP da Rússia (Foto: Getty Images)Marussia monta carro de Jules Bianchi e deixa exposto em box do GP da Rússia (Foto: Getty Images)

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